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País não tem capacidade de produzir biodiesel previsto em programa

O governo autorizou a mistura de 2% de biodiesel no diesel combustível a partir de 1º de janeiro de 2005, mas atingir esse patamar será tarefa para o médio prazo

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.

O governo autorizou a mistura de 2% de biodiesel no diesel combustível a partir de 1º de janeiro de 2005, mas atingir esse patamar será tarefa para o médio prazo. Segundo Francelino Grando, secretário de política tecnológica e inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o nível de mistura fixado implica numa demanda potencial de 750 a 760 milhões de litros anuais do produto. "Isso é completamente distante da capacidade em plantas industriais instaladas no Brasil". Uma das cautelas da política oficial para o biodiesel é evitar a alta dos preços dos vegetais empregados em sua produção. "Não queremos canibalizar as utilizações consolidadas das lavouras", diz Grando.

"Há muita fantasia sobre a capacidade atual de produção de biodiesel", afirma Miguel Dabdoub, coordenador do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel) da USP de Ribeirão Preto.O biodiesel pode ser obtido de diferentes fontes, como soja, girassol, mamona e até mesmo óleo doméstico para fritura. Nas contas da USP, para atender à proporção de 2% seriam necessários 800 milhões de litros e um prazo de implantação de um ano.

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Segundo Dabdoub, apesar de não apresentar viabilidade econômica imediata - o biodiesel ainda é, em geral, 10% a 20% mais caro que o diesel convencional - é preciso avançar a passos rápidos em sua adoção. "Há vinte anos o custo de um litro de álcool correspondia a três litros de gasolina e cinco de diesel. Hoje, ele vale metade disso", diz.

Para acelerar a ampliação da capacidade produtiva, Dabdoub aponta duas possibilidades. Uma é a importação de usinas da Alemanha ou da Áustria. "São plantas para 100 milhões de litros anuais que custam 7 milhões de euros, mas dão conta apenas da primeira fase de processamento", diz o pesquisador. A outra possibilidade, além de mais barata, parece mais afinada com a política de uso do biodiesel como alternativa econômica para cooperativas e assentamentos. "Nós já temos tecnologia e capacidade da indústria de base para fazer usinas de menor porte, que empregam mais gente", afirma Dabdoub.

Grando, do MCT, menciona a redução da dependência do mercado de petróleo como outra conseqüência do programa de biodiesel. "A questão não é apenas o Brasil ser auto-suficiente na produção de petróleo, mas desvincular seus preços internos das oscilações da cotação internacional do barril." O governo já definiu que a dosagem de biodiesel no combustível fóssil será elevada para 5% em 2005, mas continuará facultativa.

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