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1. Inflação volta a preocupar economias em todo o mundo
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1/7 (Getty Images)
São Paulo - Em 2011, boa parte das preocupações de países emergentes com relação a suas economias tem pelo menos um ponto em comum. A inflação, que havia saído da lista dos maiores incômodos, voltou a ameaçar principalmente as economias emergentes, em forte ritmo de crescimento. Além do Brasil, que desde o fim de 2010 tenta amansar o dragão, países como a China se veem obrigados a aumentar taxas de juros e fazer o que for necessário para conter o aumento dos preços. Estas economias têm contra si adversários fortes. Um deles é o clima. Condições adversas em várias partes do planeta têm dificultado a produção de alimentos, fazendo com que os preços subam. Além disso, mercados consumidores gigantes como o chinês desafiam a capacidade produtiva no mundo, pressionando os preços das chamadas commodities. Há também muita especulação gerada pelo excesso de liquidez global. Apesar de acender a luz de emergência em muitas economias, a inflação atual em nada faz lembrar episódios catastróficos que marcaram a história de países ao longo do século XX. Um estudo desenvolvido pelo economista Steve Hank, professor da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, listou os seis piores casos de hiperinflação já registrados na história. Na Hungria, por exemplo, em 1946 foi registrada inflação de 195% ao dia. Os preços de mercadorias básicas para o consumo da população dobravam a cada 15 horas. Também entra na lista do professor a inflação do Zimbábue, cuja taxa chegou a ter 11 dígitos em 2008. O Brasil, embora não tenha entrado na lista, teve seus momentos. Entre 1986 e 1994, época em que o país carregava enormes dívidas internas e externas, a inflação anual chegou a ser de 1000%. Acompanhe nas fotos ao lado os seis piores casos de hiperinflação da história.
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2. Hungria - julho de 1946
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2/7 (Wikimedia Commons)
São Paulo - Em 1946 a Hungria enfrentou aquele que é considerado o pior caso de hiperinflação da história, segundo o estudo do professor Steve Hank. Em julho daquele ano os preços aumentavam a uma taxa de 195% ao dia. Para escrever o número que representa a inflação mensal daquela época são necessários 16 zeros. De acordo com o estudo, durante esta fase, os preços no país dobravam a cada 15 horas. Três motivos principais fizeram o poder de compra dos húngaros virar pó naquele ano. Em primeiro lugar, a produção para o consumo estava em um ritmo muito lento, pois o governo havia dedicado todos os seus esforços para financiar a guerra. Este financiamento, diga-se de passagem, só foi possível porque o país recorreu ao maior pecado quando se fala em política monetária: a impressão de dinheiro sem um controle rigoroso. Em 1944, o volume de moeda circulando na economia húngara era 14 vezes maior do que em 1939, quando a guerra começou. E a desconfiança dos cidadãos do país foi o ingrediente final para a mistura que resultou na pior inflação da história. Com medo da guerra, os húngaros controlaram seus gastos e pouparam a maior parte do que ganhavam. Quando o conflito terminou, uma enxurrada de dinheiro inundou o mercado, que ainda não oferecia produtos em quantidade suficiente.
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3. Zimbábue - Novembro de 2008
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3/7 (Getty Images)
São Paulo - A segunda pior hiperinflação da história, segundo aponta o estudo de Steve Hank, é um caso recente. Em novembro de 2008 a taxa de aumento de preços chegou a ter 11 dígitos (79,6 bilhões por cento). A inflação diária era de 98%, e os preços dobravam a cada 24 horas. Boa parte deste cenário se deve à ingerência do governo. Nos anos 1990, uma política controversa de redistribuição de terras, adotada pelo presidente Robert Mugabe, impactou diretamente a produção de alimentos. Muitas famílias com tradição na agricultura perderam parte de suas terras, cedidas a grupos que não tinham experiência no cultivo. A mudança repentina na distribuição de terras fez a produção agrícola cair e diminuiu a oferta de alimentos, fazendo os preços dispararem. Alem disso, diversas impressões de dinheiro colaboraram para agravar o caso de inflação. Dentre elas, destacam-se a de 21 trilhões de dólares zimbabuanos para quitar uma dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a de 60 trilhões para pagar salários de policiais, soldados e outros funcionários públicos.
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4. Iugoslávia - janeiro de 1994
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4/7 (Wikimedia Commons)
São Paulo - Entre 1993 e 1994 a antiga Iugoslávia viveu sua pior crise inflacionária, a terceira mais grave já registrada. O aumento de preços chegou a uma taxa de 313 milhões por cento ao mês, ou 64,6% ao dia. A cada dia e meio os produtos dobravam de valor. As grandes tensões políticas na região durante a década de 1990 ajudam a explicar a hiperinflação. Até a extinção da Iugoslávia, o antigo reino era palco de conflitos internos protagonizados pelos diversos grupos étnicos que habitam a região. A guerra constante e a administração ineficiente do governo, nesta época ocupado pelo ditador Slobodan Milosevic, mergulharam o país em uma profunda crise econômica que teve a inflação como uma das consequências. À semelhança do que aconteceu na Hungria e no Zimbábue, as constantes guerras levaram à impressão indiscriminada de dinheiro, ajudando a aprofundar a crise.
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5. Alemanha - outubro de 1923
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5/7 (Wikimedia Commons/Deutsch Bundesarchiv)
São Paulo - Segundo o estudo do professor Steve Hanke, o quarto pior caso de hiperinflação da história foi registrado na Alemanha, em 1923. O país havia acabado de sair da Primeira Guerra Mundial, e na ingrata posição de derrotado. Fragilizado economicamente devido ao conflito, o país estava também altamente endividado com as nações vencedoras. Assim, para se financiar, o governo recorreu à impressão de moeda em várias ocasiões, contribuindo para o aumento da inflação. Em outubro de 1923 o aumento de preços chegou ao ápice, atingindo a taxa de 29,5 mil por cento ao mês, ou 20,9% ao dia. A inflação fazia com que as mercadorias dobrassem de valor a cada 3,7 dias.
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6. Grécia - novembro de 1944
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6/7 (Wikimedia Commons)
São Paulo - Durante a Segunda Guerra Mundial, a Grécia foi ocupada pelos exércitos alemães. Neste processo o país perdeu boa parte da frota de sua marinha mercante. A máquina alemã arrasou cidades inteiras e destruiu campos e florestas. Com sua capacidade produtiva bastante prejudicada, a Grécia começou a apresentar problemas de inflação. O cenário se tornou ainda mais grave quando os efeitos da exploração econômica empreendida pelos alemães começaram a aparecer. Como resultado, em novembro de 1944 o país chegou a ter 11,3 mil por cento de inflação ao mês, aproximadamente 17% ao dia. Durante este período, os gregos sofreram com rápidos reajustes de preços. Em média, o valor das mercadorias dobrava a cada 4,5 dias.
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7. China - Maio de 1949
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7/7 (Getty Images)
São Paulo - Os problemas econômicos que a China enfrentou na década de 1940 decorrem de seu envolvimento na Segunda Guerra Mundial. No fim da década anterior, o país foi invadido pelos Japoneses. A partir daí, os investimentos do país foram concentrados nos esforços de guerra. O resultado desta situação complexa foi uma inflação de 4,2 mil por cento ao mês, o equivalente a 13,4% ao dia. Durante os piores meses da crise, os preços dobravam a cada 5,6 dias, segundo o estudo do professor Steve Hanke.