Os 4 cavaleiros do apocalipse econômico, segundo o 36 South
De acordo com o gerente de um fundo de hedge, estes são os 4 fatores que vão prejudicar a economia e limitar a atuação dos bancos centrais nos próximos anos
João Pedro Caleiro
Publicado em 14 de fevereiro de 2016 às 06h01.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h20.
São Paulo - Incertezas com a China , mercados nervosos e petróleo em queda livre: este início de 2016 não tem sido fácil. Mas há quem ganhe com a volatilidade. Um exemplo é o 36 South, fundo de hedge londrino, que usa a complacência a seu favor comprando proteções contra riscos na alta e depois vendendo no auge das quebras. A estratégia rendeu 234% após o colapso do Lehman Brothers em 2008 e pode funcionar também agora - se tudo der errado, é claro. É no que aposta Anthony Limbrick, um de seus gerentes de portfólio. Em entrevista ao Business Insider, ele diz que o mercado está confiando demais na habilidade dos bancos centrais de estabilizarem a situação quando na verdade eles estão sem cartas na manga. "Gosto de usar a analogia de que o paciente econômico está tomado pelo câncer - os bancos centrais estão aplicando um desfilibrador, mas há um limite para quanta eletricidade um paciente pode tomar antes de virar um corpo queimado". Ele também listou "os 4 cavaleiros do apocalipse econômico" que na sua opinião vão prejudicar a economia e limitar a atuação das autoridades nos próximos anos. Veja quais são eles:
As pessoas estão tendo menos filhos e vivendo mais e melhor: um fenômeno antes reservado aos países desenvolvidos mas que já avança rapidamente também nos emergentes. É uma boa notícia, mas que cria novos desafios para a economia. Em 2020, 20% da população dos países ricos já terá mais do que 65 anos. Em 2050, o número de pessoas com mais de 85 deve ser 4 vezes maior e a quantidade de casos de demência deve triplicar. De onde virão os recursos para pagar aposentadorias e custear a saúde? Dos BRICS, a Índia é o único que ainda pode contar com o chamado bônus demográfico - quando a população economicamente ativa ainda é mais de duas vezes maior do que a de dependentes. Na China, este foi um dos motivos para o fim da política de filho único. No Brasil, a Previdência é a principal ameaça fiscal de longo prazo: "Estamos num país onde as pessoas literalmente morrem nos hospitais porque o gasto com saúde está sendo cortado e tem gente se aposentando com 50 anos. É um absurdo completo, um país que comete suicídio em slow motion", disse o economista Fábio Giambiagi em entrevista recente para EXAME.com.
A tecnologia alimenta a inovação, ajuda na produtividade e facilita a nossa vida - mas também tem implicações econômicas perturbadoras. De acordo com um relatório do HSBC Global Research, a inflação baixa demais em países como a Suécia pode ser explicada em parte pela melhora da competição e do acesso à informação promovidas pela tecnologia. Outro grande debate é sobre o impacto da robótica sobre o nível de emprego. Mais da metade das vagas na União Europeia está em risco, de acordo com o Bruegel. O número é parecido nos Estados Unidos, segundo a Universidade de Oxford. Empresas como WhatsApp geram receita e valor de mercado com muito menos necessidade de investimento e de funcionários do que as grandes empresas do passado, ajudando a puxar para baixo o nível "natural" dos juros e limitando a atuação dos bancos centrais.
Depois da crise de 2008, havia uma expectativa de que a alavancagem pudesse diminuir e empurrar as dívidas para baixo. Não foi o que aconteceu. Desde 2007, a dívida global cresceu US$ 57 trilhões, ou 17 pontos percentuais em relação ao PIB. Em países como Japão, a dívida total chega a representar 4 vezes o tamanho da própria economia. A China, por exemplo, tem hoje uma dívida de US$ 28 trilhões entre governo, famílias e empresas. Com uma explosão de crédito para sustentar o crescimento no pós-crise financeira, a taxa passou de 170% do PIB em 2008 para 235% do PIB hoje. Não existe nenhum número seguro ou ideal para a dívida: tudo depende do perfil e da trajetória. No fundo, o problema é que ela não parece estar contribuindo para economias mais sólidas e produtivas - e, portanto, não é sustentável.
A Europa envelhece e precisa de jovens. Ao mesmo tempo, sofre com o desemprego. Neste ínterim, recebe centenas de milhares de imigrantes. Eles geram tensões políticas e sociais, mas têm seu potencial apontado por estudos de economistas. Milhões de chineses saem da pobreza e mexem globalmente na demanda tanto por empregos quanto por trabalhadores. Enquanto isso, a tecnologia muda radicalmente as formas de produção. Parece confuso? Pois é. Bem-vindo ao mercado de trabalho do século XXI. O desemprego e o subemprego são vistos hoje como o maior risco para os negócios em 41 países e estão no top 5 em 92 países, de acordo com o último relatório do Fórum Econômico Mundial. "Países com excedente de trabalho e crescimento persistentemente fraco ou inexistente enfrentam uma perspectiva sombria na medida em que estes excedentes ameaçam fugir do controle", diz um relatório do BCG.
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