ONU alerta para queda de investimento estrangeiro em países em desenvolvimento
Fluxos de Investimento Estrangeiro Direto "permanecerão moderados" em 2021 e países em desenvolvimento podem ver declínio acentuado nesse pilar de crescimento
AFP
Publicado em 24 de janeiro de 2021 às 16h14.
Os fluxos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) "permanecerão moderados" em 2021 e os países em desenvolvimento poderão até mesmo ver um declínio acentuado nesse pilar crucial para seu crescimento, alertou a ONU neste domingo, 24.
Além disso, a recuperação não deve acontecer tão cedo e terá a forma de um "U", explicou James Zhan, diretor da seção de investimentos e negócios da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), em coletiva de imprensa na qual apresentou o relatório anual.
“Os fluxos globais de Investimento Estrangeiro Direto continuarão moderados em 2021”, sublinhou a Unctad, num contexto econômico ainda muito afetado, a nível mundial, pela pandemia da covid-19. A agência da ONU prevê uma nova queda entre 5 e 10% em relação ao ano anterior, que também foi marcado por um "colapso" de 42% em relação a 2019, para 859 bilhões de dólares.
É 30% menor que o nível mínimo durante a crise financeira de 2009 e traz o volume de investimentos aos níveis da década de 1990.
"A verdadeira recuperação começará em 2022", disse Zhan. “Os investidores provavelmente continuarão a ser prudentes na alocação de recursos para ativos produtivos no exterior”, prevê o relatório, também destacando que a queda acentuada em novos projetos em 2020 (-35%) é um indicador de que o IED está em queda neste ano.
Ainda mais desfavorecidos
Nos países em desenvolvimento, esse indicador está no vermelho e suas perspectivas para 2021 são "uma fonte de profunda preocupação", segundo Zhan.
Embora o IED tenha se mantido relativamente bem em 2020, os anúncios de novos projetos criados caíram drasticamente, em 46%, nesses países.
O continente africano foi o mais afetado, com uma redução de 63%, visto que o financiamento internacional de projetos (como os dispositivos financeiros de vários parceiros para grandes projetos de infraestrutura) caiu 40%, enquanto no conjunto dos países em desenvolvimento o retrocesso foi de 7%.
“No entanto, investimentos deste tipo são fundamentais para as capacidades de produção, as infraestruturas de desenvolvimento e, portanto, para as perspectivas de uma recuperação duradoura”, insistiu a Unctad.
Na América Latina e no Caribe, os investimentos em novos projetos foram cortados pela metade e, na Ásia, caíram 38%.
Fusão e aquisição
“O aumento no fluxo de IED provavelmente se deve a fusões e aquisições internacionais do que a novos investimentos em ativos produtivos”, considerou a agência em seu relatório, com base na tendência de transações anunciadas, mas ainda não fechadas.
As fusões-aquisições aumentaram no segundo semestre, principalmente no setor de tecnologia e saúde, que não foram tão afetado pela pandemia, e as empresas em busca de bons negócios devem aproveitar as baixas taxas de juros e a alta das ações.
As empresas europeias devem atrair 60% das transações, mas Índia e Turquia também estão bem posicionadas, com número recorde de "vendas fechadas". Cerca de 80% dos compradores vêm de países ricos, especialmente da Europa, onde a atividade de fusões e aquisições "está crescendo significativamente".