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Oito meses depois de surtos, Brasil ainda sofre com a aftosa

Restrições à carne brasileira permanecem em 58 países

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.

Em 1º de outubro de 2005, a fazenda Vezozzo, localizada em Eldorado, Mato Grosso do Sul, foi interditada por conta da suspeita de que seu gado estava contaminado com a febre aftosa. Tiveram de ser sacrificados inicialmente 584 animais da propriedade, as primeiras vítimas da confirmação de um foco da doença que ainda hoje deixa marcas. Oito meses depois, são 58 os países que mantêm restrições à carne brasileira.

Aos poucos, os compradores vêm reduzindo o embargo aos animais brasileiros. Na semana passada, o Chile anunciou a retirada da proibição à carne dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. É um avanço tímido, mas que representa a chance de o Brasil retomar um mercado que havia se fechado completamente. Em 14 de outubro do ano passado, o governo chileno decretou que não compraria mais a carne brasileira, e as vendas para o país vizinho, de 140 milhões de dólares no ano passado, caíram a quase zero em 2006.

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"A aftosa prejudicou a imagem do rebanho brasileiro. Temos tentado mostrar para o mundo que não há razão para medo, o Brasil só exporta carne desossada e maturada, mantida em temperatura tão baixa que não permite condições de vida aos microorganismos", diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes. Na lista dos países que não querem comprar a carne brasileira está a Rússia, que possui restrições contra o gado de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Em 2005, os russos foram os maiores compradores brasileiros, com embarques que somaram 47 milhões de dólares, em média, por mês. Apesar de o embargo russo só ter sido decretado em abril deste ano, 2006 já registra uma queda no ritmo das compras, para uma média de 35 milhões de dólares por mês.

No total, o Brasil exportou 1,4 bilhão de toneladas de carne bovina, ou 121 milhões por mês, no ano passado. Em 2006, as vendas até abril foram de 335,3 milhões de toneladas, pouco mais de 83 milhões mensalmente. Segundo Pratini de Moraes, a desaceleração no ritmo de vendas não é tão preocupante, visto que o Brasil tem conseguido impulsionar os embarques de produtos com maior valor agregado.

Números mais recentes do comércio em 2006, contabilizados até maio, mostram essa tendência: crescimento de 16,56% no valor dos produtos embarcados em relação a 2005. No período, aumentou em 13,3% a receita obtida com vendas de carne in natura, 22% com a de miúdos e 28% com a de carne industrializada. "Queremos vencer a um preço melhor", afirma o presidente da Abiec.Para vencer, é preciso mostrar aos países que o Brasil está livre da aftosa. Já estão sendo introduzidos animais sentinelas (sensíveis à doença) em fazendas do Mato Grosso do Sul e do Paraná para que se descubra se há ainda focos nas áreas afetadas no ano passado. Eles podem abrir a brecha para o país mostrar que atende às normas sanitárias da Organização Mundial de Saúde Animal, e para que os países compradores da carne brasileira retirem suas restrições. De acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, isso pode acontecer já em junho.

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