O que dizem os jornais internacionais sobre o Brasil na véspera das eleições

A dois dias da votação que irá decidir quem comandará o Brasil pelos próximos quatro anos, as eleições brasileiras são manchete dos principais jornais internacionais. O diário espanhol El Pais afirma que se Luiz Inácio Lula da Silva assumir o Palácio do Planalto o Brasil deve resistir à criação da Alca.

"Se Lula chegar ao Palácio do Planalto, as relações entre o gigante da América do Norte ( os Estados Unidos ) e o gigante da América do Sul não serão fáceis. E cita uma frase de Lula: "o Brasil precisa se cuidar", disse o candidato do PT. "É a segunda potência do continente, e queremos que nossa indústria e nossa agricultura sobrevivam." O El Pais afirma ainda que uma das características claras da política exterior do Brasil desde os tempos de Juscelino Kubitschek foi a relativa autonomia em relação às grandes potências, especialmente aos Estados Unidos. O governo de Fernando Henrique Cardoso não foi diferente nesse aspecto.

O diário francês Le Monde destaca o apoio do empresariado brasileiro ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT). "Os empresários, em sua maioria, não votarão na esquerda no primeiro turno das eleições presidenciais. No entanto, o discurso nacionalista do antigo operário conseguiu conquistar muitos deles. Quando se fala em política, nem sempre vale a pena se opor àquilo de que você não gosta, dizem alguns", afirma o jornal. E pergunta: "Será essa atitude uma prova de sabedoria ou de pragmatismo?"

Já o americano Finacial Times preferiu falar sobre a operação montada pelo governo para proteger com tropas as seções eleitorais do Rio de Janeiro. O diário afirma que a medida "salienta o crescimento da violência urbana". A governadora Benedita da Silva pediu proteção militar depois que choques entre bandos de traficantes paralisaram grande parte da segunda maior cidade do país no início desta semana.

Por fim, o argentino El Clarín se saiu com esta: "Argentina, este inferno tão temido pelos brasileiros". A reportagem conta como a crise argentina foi usada pelas campanhas eleitorais, em que os candidatos afirmam que o Brasil pode acabar como seu país vizinho. "Hoje, a Argentina está na boca de todos os brasileiros. Mas provavelmente isto não alimentará o desgastado narcisismo nacional dos riopratenses. Não é admiração nem amor o motivo de tanta invocação, mas sim o medo.", diz o jornal.