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O que Dilma precisa fazer para cumprir pactos econômicos?

Controle de inflação, estabilidade econômica, desonerações e investimentos bilionários entraram na promessa da presidente

Dilma Rousseff fez anúncios com impacto direto na economia brasileira (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2013 às 18h43.

São Paulo – Após reunião com membros do Movimento Passe Livre , a presidente Dilma Rousseff anunciou há pouco cinco pactos para o país. Entre a discussão sobre saúde pública, corrupção e convocação de plesbicito, a presidente anunciou algumas medidas que interferem diretamente na economia brasileira .

A primeira de todas é a promessa de manutenção da estabilidade econômica e controle de inflação . “Essa é uma dimensão especialmente importante quando a crise mundial castiga com volatilidade todas as nações”, disse em seu discurso.

Para Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, a necessidade do anúncio desse pacto vem por conta de uma condução equivocada da política econômica. “A economia está crescendo pouco, com câmbio subindo e inflação também, e isso parece um efeito de erros em momentos anteriores, quando o governo priorizou o consumo e não o investimento”, disse.

Um dos problemas apontados por economistas, porém, é que Dilma não especificou que medidas serão efetivamente tomadas para reverteressa situação e tornar possível o pacto número um.

Com isso, começam as análises sobre o que pode agora mudar.

Uma das hipóteses é sobre os juros, que já vem subindo. “A presidente pode estar indicando que o Banco Central tem carta para fazer o que quiser para controlar a inflação. Ela pode estar liberando o BC de qualquer amarra que o mercado ache que ele tem”, diz André Perfeito, economista da Gradual Investimentos.


Mas a atuação sobre os juros também tem um limite, já que com a alta da Selic, o custo da dívida pública aumenta e atua na direção contrária da promessa de um pacto de redução fiscal, como explica Alcides Leite.

A segunda questão anunciada com impacto direto nas contas públicas é sobre os transportes. Além de afirmar que o governo “está disposto” a ampliar desonerações para o diesel usado nos ônibus e a energia elétrica usada por trens e metrôs, a presidente informou que o governo destinará 50 bilhões de reais para novos investimentos em mobilidade urbana.

Na opinião do economista da Gradual, a segunda promessa, embora atenda bem a demanda por mais investimentos, não condiz com o primeiro pacto, de responsabilidade fiscal. “É inconciliável arcar com mais desonerações e manter ainda um superávit primário condizente com as reformas anteriores”, diz.

Felipe Salto, analista da equipe de macroeconomia e política da Tendências Consultoria Integrada, também enxerga uma contradição no anúncio. “Esses 50 bilhões de reais, entendo que são um gasto novo. Se for assim mesmo, é ruim, pois o momento é de contenção no orçamento”, diz.

Na opinião do analista, o anúncio é compreensível, já que a demanda popular não era apenas por uma melhor gestão, mas por investimentos efetivos. Para a economia, porém, a questão ainda é preocupante, pois representa um gasto adicional em um momento econômico ruim e precisa ser melhor explicada.

Para Alcides Leite, a única maneira de conciliar as duas questões é fazer uma reforma mais profunda, que garanta cortes ordinários do governo para caminhar rumo a um déficit nominal zerado. Mas esse movimento, seria de longo prazo.

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São Paulo – Após reunião com membros do Movimento Passe Livre , a presidente Dilma Rousseff anunciou há pouco cinco pactos para o país. Entre a discussão sobre saúde pública, corrupção e convocação de plesbicito, a presidente anunciou algumas medidas que interferem diretamente na economia brasileira .

A primeira de todas é a promessa de manutenção da estabilidade econômica e controle de inflação . “Essa é uma dimensão especialmente importante quando a crise mundial castiga com volatilidade todas as nações”, disse em seu discurso.

Para Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, a necessidade do anúncio desse pacto vem por conta de uma condução equivocada da política econômica. “A economia está crescendo pouco, com câmbio subindo e inflação também, e isso parece um efeito de erros em momentos anteriores, quando o governo priorizou o consumo e não o investimento”, disse.

Um dos problemas apontados por economistas, porém, é que Dilma não especificou que medidas serão efetivamente tomadas para reverteressa situação e tornar possível o pacto número um.

Com isso, começam as análises sobre o que pode agora mudar.

Uma das hipóteses é sobre os juros, que já vem subindo. “A presidente pode estar indicando que o Banco Central tem carta para fazer o que quiser para controlar a inflação. Ela pode estar liberando o BC de qualquer amarra que o mercado ache que ele tem”, diz André Perfeito, economista da Gradual Investimentos.


Mas a atuação sobre os juros também tem um limite, já que com a alta da Selic, o custo da dívida pública aumenta e atua na direção contrária da promessa de um pacto de redução fiscal, como explica Alcides Leite.

A segunda questão anunciada com impacto direto nas contas públicas é sobre os transportes. Além de afirmar que o governo “está disposto” a ampliar desonerações para o diesel usado nos ônibus e a energia elétrica usada por trens e metrôs, a presidente informou que o governo destinará 50 bilhões de reais para novos investimentos em mobilidade urbana.

Na opinião do economista da Gradual, a segunda promessa, embora atenda bem a demanda por mais investimentos, não condiz com o primeiro pacto, de responsabilidade fiscal. “É inconciliável arcar com mais desonerações e manter ainda um superávit primário condizente com as reformas anteriores”, diz.

Felipe Salto, analista da equipe de macroeconomia e política da Tendências Consultoria Integrada, também enxerga uma contradição no anúncio. “Esses 50 bilhões de reais, entendo que são um gasto novo. Se for assim mesmo, é ruim, pois o momento é de contenção no orçamento”, diz.

Na opinião do analista, o anúncio é compreensível, já que a demanda popular não era apenas por uma melhor gestão, mas por investimentos efetivos. Para a economia, porém, a questão ainda é preocupante, pois representa um gasto adicional em um momento econômico ruim e precisa ser melhor explicada.

Para Alcides Leite, a única maneira de conciliar as duas questões é fazer uma reforma mais profunda, que garanta cortes ordinários do governo para caminhar rumo a um déficit nominal zerado. Mas esse movimento, seria de longo prazo.

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