Exame Logo

O que buscas no Google podem revelar sobre a inflação

Busca por termos como "pedir um aumento" e "barato" mostram que Estados Unidos ainda tem margem para manter juros baixos, segundo a firma Convergex

Página inicial do Google: as buscas podem revelar muito sobre expectativas dos consumidores (Francois Lenoir/Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 8 de janeiro de 2015 às 15h17.

São Paulo - Até pouco tempo atrás, praticamente a única forma de monitorar coisas como inflação e crescimento era através de indicadores compilados com este objetivo por empresas, governos e organismos internacionais.

De uns tempos pra cá, no entanto, o big data invadiu a economia e mostrou que a tecnologia pode ser uma grande aliada neste processo.

Dois exemplos recentes: um trabalho que encontrou relação entre conteúdo de tuítes e desemprego e outros que mostram como o padrão de buscas no Google pode antecipar e refletir condições econômicas.

No caso dos preços, as buscas tem uma relevância especial. Toda a crença de que alguma inflação é sempre necessária se baseia na ideia de que os consumidores precisam esperar alguma alta de preços no futuro para serem compelidos a consumir no presente.

Como o Federal Reserve dificilmente atingirá a meta de 2% de inflação por ano até 2017, ainda mais agora que os preços de petróleo estão despencando, monitorar as expectativas dos consumidores se tornou uma tarefa crucial.

Tendências

E é isso que a firma de corretagem americana Convergex tem feito através dos Google Trends. Eles notaram, por exemplo, que as buscas por "gasolina barata" dobraram nas últimas seis semanas.

O fenômeno tem relação, naturalmente, com o declínio do preço de petróleo e o recesso de inverno, quando aumentam as viagens de carro, mas também indica que os americanos não estão contando com uma queda de longo prazo e querem aproveitar ao máximo o preço atual.

Já o termo "barato" atingiu seu pico em julho de 2009 - no auge da crise - e caiu 25% desde então. Isso sinaliza a recuperação da economia americana e também uma necessidade menor de manter os preços baixos para atrair consumidores.

O número de pessoas que buscam a frase "pedir por um aumento", no entanto, não aumenta desde 2011. Se o Fed estiver preocupado com a pressão de ganhos salariais sobre os preços, pode relaxar por enquanto.

De todos os termos associados à inflação de setores pesquisados pela firma, apenas "apartamento barato" teve um crescimento expressivo. Ou seja: os americanos estão preocupados com alta no custo de moradia, mas não muito além disso.

"Como um todo, o Fed pode ter mais latitude do que está percebendo. Se quiser manter as taxas de juros inalteradas por mais tempo - algo que os mercados de ações provavelmente aplaudiriam - pode fazer isso sem medo de disparar uma rodada de expectativas de inflação", diz a nota do Convergex assinada por Nicholas Colas.

Veja também

São Paulo - Até pouco tempo atrás, praticamente a única forma de monitorar coisas como inflação e crescimento era através de indicadores compilados com este objetivo por empresas, governos e organismos internacionais.

De uns tempos pra cá, no entanto, o big data invadiu a economia e mostrou que a tecnologia pode ser uma grande aliada neste processo.

Dois exemplos recentes: um trabalho que encontrou relação entre conteúdo de tuítes e desemprego e outros que mostram como o padrão de buscas no Google pode antecipar e refletir condições econômicas.

No caso dos preços, as buscas tem uma relevância especial. Toda a crença de que alguma inflação é sempre necessária se baseia na ideia de que os consumidores precisam esperar alguma alta de preços no futuro para serem compelidos a consumir no presente.

Como o Federal Reserve dificilmente atingirá a meta de 2% de inflação por ano até 2017, ainda mais agora que os preços de petróleo estão despencando, monitorar as expectativas dos consumidores se tornou uma tarefa crucial.

Tendências

E é isso que a firma de corretagem americana Convergex tem feito através dos Google Trends. Eles notaram, por exemplo, que as buscas por "gasolina barata" dobraram nas últimas seis semanas.

O fenômeno tem relação, naturalmente, com o declínio do preço de petróleo e o recesso de inverno, quando aumentam as viagens de carro, mas também indica que os americanos não estão contando com uma queda de longo prazo e querem aproveitar ao máximo o preço atual.

Já o termo "barato" atingiu seu pico em julho de 2009 - no auge da crise - e caiu 25% desde então. Isso sinaliza a recuperação da economia americana e também uma necessidade menor de manter os preços baixos para atrair consumidores.

O número de pessoas que buscam a frase "pedir por um aumento", no entanto, não aumenta desde 2011. Se o Fed estiver preocupado com a pressão de ganhos salariais sobre os preços, pode relaxar por enquanto.

De todos os termos associados à inflação de setores pesquisados pela firma, apenas "apartamento barato" teve um crescimento expressivo. Ou seja: os americanos estão preocupados com alta no custo de moradia, mas não muito além disso.

"Como um todo, o Fed pode ter mais latitude do que está percebendo. Se quiser manter as taxas de juros inalteradas por mais tempo - algo que os mercados de ações provavelmente aplaudiriam - pode fazer isso sem medo de disparar uma rodada de expectativas de inflação", diz a nota do Convergex assinada por Nicholas Colas.

Acompanhe tudo sobre:Big dataEmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetempresas-de-tecnologiaGoogleInflaçãoTecnologia da informação

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame