Economia

O megaleilão do pré-sal vai conseguir chegar aos R$ 106 bilhões?

A desistência das europeias Total e BP levantou dúvidas sobre o volume total que o governo pode arrecadar com o maior leilão de petróleo da história

Petrobras: estatal compete de igual para igual com petroleiras estrangeiras (Rich Press/Bloomberg)

Petrobras: estatal compete de igual para igual com petroleiras estrangeiras (Rich Press/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2019 às 06h30.

Última atualização em 6 de novembro de 2019 às 06h53.

São Paulo — Começa às 10h desta quarta-feira, no Rio de Janeiro, o maior leilão de blocos de petróleo da história, que deve marcar a entrada do Brasil no grupo dos grandes produtores de petróleo do planeta.

Serão oferecidos quatro blocos do pré-sal na Bacia de Santos, que juntos contêm 4,6 bilhões de barris de petróleo e que podem produzir 1,2 milhão de barris por dia em 2030.

O investimento total previsto no setor de petróleo e gás no país nos próximos anos, para isso, deve ser de 1,6 trilhão de reais até 2030. O Brasil, de quebra, passaria de décimo para quarto maior produtor de petróleo do mundo, atrás apenas de Rússia, Estados Unidos e Arábia Saudita, com 7 milhões de barris por dia.

O leilão do excedente da cessão onerosa é grandioso em todos os sentidos, e deve consolidar a abertura do mercado brasileiro a petroleiras estrangeiras. Até 2017 a lei obrigava estrangeiros a ser sócios minoritários da Petrobras no pré-sal. Agora, todos competem igualmente, e ganha quem oferecer o maior percentual de petróleo extraído ao governo, e o maior bônus de assinatura.

Por se tratar de uma área com reservas praticamente comprovadas, o risco de exploração é tido como baixo e o retorno do investimento, rápido. Em até três anos as vencedoras já podem começar a lucrar, antes até dez anos em projetos desta monta.

Como as contas públicas estão nas cordas, o volume do bônus é o grande interesse do governo para o leilão desta quarta-feira. A previsão é que os bônus cheguem a 106 bilhões de reais, mas uma série de reveses nos últimos dias coloca o número em risco.

A petroleira francesa Total e a britânica BP desistiram do certame, e a americana Chevron também pode ficar de fora. Semanas antes, a saudita Saudi Aramco também já havia desistido de participar.

Desta forma, o leilão fica à feição de petroleiras chinesas e pode ter uma grande participação da Petrobras. A atual gestão da empresa considera o pré-sal uma prioridade. Segundo o jornal O Globo, o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Décio Oddone, admitiu que algumas áreas podem não ser arrematadas, o que poderia reduzir a arrecadação para cerca de 70 bilhões de reais, reduzindo também o quinhão a que a Petrobras tem direito (o valor inicialmente calculado era de 34 bilhões dos 106 bilhões de reais). Ontem, as ações da petroleira puxaram o índice Ibovespa para baixo.

“Este é um leilão para as empresas darem lances em parcerias amplas, de três ou quatro empresas, pois estamos falando de áreas muito grandes e valiosas”, diz Anderson Dutra, sócio líder de energia da consultoria KPMG.

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