G7: participantes debatem formas de superar incerteza econômica global (Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2016 às 14h42.
Ise-Shima — Os líderes do G7 reforçaram nesta quinta-feira sua aposta em aplicar estímulos fiscais e reformas estruturais, em função da situação de cada país, como receita comum para deixar para trás a atual incerteza econômica global e voltar ao caminho do crescimento.
Na primeira jornada de sua cúpula anual, que desta vez é realizada no parque natural de Ise-Shima, no centro do Japão, o Grupo dos Sete aproximou posturas para lançar uma mensagem unificada sobre política econômica, apesar de terem voltado a encenar seus diferentes enfoques e estratégias.
Os líderes de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido concordam em seu diagnóstico da conjuntura econômica, que definem como "de incerteza crescente" devido a fatores como o arrefecimento da China e de outros países emergentes e a queda dos preços do petróleo.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, foi além e afirmou durante a reunião que o panorama econômico atual se assemelha ao cenário de crise global após a quebra do banco de investimento Lehman Brothers, em 2008, segundo mostram os últimos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre preços de produtos primários.
Perante esta situação, os líderes do G7 sugerem o aumento dos investimentos estatais e a aplicação de outros estímulos fiscais "de forma flexível e em função da capacidade e da situação de cada país, com o objetivo de estimular a demanda", segundo explicou o porta-voz das Relações Exteriores do governo japonês, Yasuhisa Kawamura.
Ao mesmo tempo, o Grupo dos Sete destaca a necessidade de fazer reformas estruturais e de promover uma maior abertura dos mercados com vistas a melhorar a competitividade, acrescentou o porta-voz em entrevista coletiva.
Este enfoque representa um ponto intermediário entre as posturas de Japão, Estados Unidos e Canadá, partidários de políticas comuns de estímulos fiscais e investimento público, e as de Reino Unido e Alemanha, mais partidários da disciplina orçamentária e das reformas estruturais.
A postura comum segue a linha estipulada pelos ministros de Finanças do G7 durante a reunião que realizaram no fim de semana passado em Sendai, e será destrinchada em uma declaração conjunta que os líderes devem adotar amanhã, no segundo e último dia da cúpula.
O texto, que leva o nome provisório de "Iniciativa econômica de Ise-Shima", incluirá pontos concretos como a necessidade de investir em infraestruturas, educação e no setor digital, e sublinhará a importância de impulsionar os acordos de livre-comércio, entre outras medidas, assinalaram fontes diplomáticas.
Os líderes do G7 também começaram a tratar hoje os principais desafios em matéria de segurança e de política de exteriores, embora prevejam aprofundar-se nestes temas durante a jornada de sexta-feira.
Nestas primeiras reuniões, os líderes expressaram sua inquietação compartilhada perante a situação da região ucraniana da Crimeia, anexada pela Rússia, o auge do terrorismo e do extremismo violento no Oriente Médio e os desenvolvimentos armamentistas da Coreia do Norte.
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou neste sentido que o regime norte-coreano "continua sendo uma ameaça no médio prazo" e uma "grande preocupação" para a comunidade internacional.
"Não vimos os progressos que gostaríamos ver quanto a esforços para deter o programa nuclear norte-coreano", destacou Obama durante um breve pronunciamento à imprensa.
Por último, os líderes destacaram a necessidade de manter o "Estado de direito" no Mar da China Meridional perante a pujança de Pequim na área, e ressaltaram sua repulsa às ações unilaterais ou pela força que alterem a ordem territorial.
As reuniões continuarão amanhã no exclusivo hotel situado na ilha de Kashiko onde estão alojados os líderes, e terminarão à tarde, quando Abe e Obama partem rumo a Hiroshima para a visita que o presidente americano realizará a esta cidade japonesa, onde foi lançada a primeira bomba atômica da história, em 6 de agosto de 1945.