Economia

Espanha não cumprirá meta de déficit em 2012

Relatório da Comissão Europeia (CE) também alerta que, apesar da injeção de capital pela zona do euro, os bancos espanhóis sofrem um risco "bastante elevado"


	Espanha: previdência social registrará um déficit de 1% do PIB, apesar da decisão do governo de Mariano Rajoy de congelar as aposentadorias
 (AFP/ Philippe Huguen)

Espanha: previdência social registrará um déficit de 1% do PIB, apesar da decisão do governo de Mariano Rajoy de congelar as aposentadorias (AFP/ Philippe Huguen)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2013 às 18h56.

Bruxelas - A Espanha não deverá cumprir a meta de déficit fixada para 2012, de 6,3%, segundo um relatório da Comissão Europeia (CE) divulgado nesta terça-feira, que também alerta que, apesar da injeção de capital pela zona do euro, os bancos espanhóis sofrem um risco "bastante elevado".

"Alcançar a meta de 6,3% será muito difícil devido ao fato de muitas comunidades autônomas não terem conseguido cumprir seus objetivos fiscais", detalhou o texto elaborado pelo Comissário de Assuntos Monetários, Olli Rehn e que serviu de base para a aprovação da segunda parcela para recapitalizar os bancos espanhóis.

"A meta de déficit de 2012 para as comunidades autônomas, de 1,5% de seu PIB, pode ser alcançada em conjunto a nível regional, mas os riscos são significativos e várias regiões excederão seu objetivo", informou o relatório.

Além disso, a previdência social registrará um déficit de 1% do PIB, apesar da decisão do governo de Mariano Rajoy de congelar as aposentadorias.

A Espanha, mergulhada na recessão e com um desemprego de mais de 25% de sua população economicamente ativa, registrou em 2011 um déficit de 9,4%.

Nesse contexto é, portanto, bastante improvável que o país cumpra com a meta de déficit de 4,5% pautada para este ano, mas é bem provável que Bruxelas flexibilize as metas para o país nas previsões econômicas de inverno, que serão divulgadas em fevereiro.


A Espanha entrou em acordo com Bruxelas para reduzir o déficit abaixo de 3% do PIB em 2014 e recuperar a confiança dos mercados para poder se financiar a juros mais baixos que os atuais.

O objetivo é mais complicado, já que a Espanha está em recessão desde o final de 2011, dois anos depois de ter saído de outra recessão.

Segundo o relatório, o país acumulou durante os três primeiros trimestres de 2012 um déficit público de 65,3 bilhões de euros, mas o déficit "aumentou em 10 bilhões de euros devido à recapitalização dos bancos", pela zona do euro, o que foi computado como dívida soberana.

"No todo, as reformas do setor bancário avançaram, mas algumas áreas poderiam ser reforçadas", informou o texto.

"Os riscos para o setor financeiro espanhol continuam sendo significativos e ainda restam alguns desafios pela frente, apesar do bom cumprimento do programa em geral", alertou.

Das 32 condições impostas pela UE em troca do resgate bancário, por 41,3 bilhões de euros, 22 já foram cumpridas, seis estão sendo aplicadas e as 4 restantes já não são relevantes, detalhou o relatório.


Os ministros das Finanças deram na segunda-feira luz verde ao desembolso de 1,865 bilhões de euros, destinados à recapitalização do BMN, CEISS, Caja3 e Liberbank, o chamado grupo 2 correspondente aos bancos espanhóis que não foram nacionalizados e que será entregue em fevereiro.

A economia espanhola é ameaçada por várias frentes. "A retomada do crescimento enfrenta vários desafios, entre eles um alto desemprego, condições financeiras estreitas e as metas de uma consolidação fiscal".

A Espanha, quarta economia da zona do euro, está imersa em um profundo programa de austeridade e tenta ajustar 150 bilhões de euros entre 2012 e 2014, entre altas de impostos e cortes orçamentários.

Contudo, no momento, as medidas do governo espanhol como a eliminação do pagamento extra dos funcionários públicos ou impostos às receitas corporativas não são suficientes para compensar o desvio fiscal do ano passado, acrescentou o relatório.

A austeridade é cada vez mais questionada pelos economistas, que a veem como um freio à recuperação econômica, e pela sociedade, que multiplica os protestos contra os cortes em setores como a saúde e a educação pública.

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