Nunca um ano começou com uma ocupação tão alta do parque industrial brasileiro. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a taxa de uso da capacidade instalada em fevereiro chegou a 81,9% (índice sem efeitos sazonais). Segundo Flávio Castelo Branco, coordenador de política econômica da entidade, uma conseqüência direta disso é o estímulo aos investimentos. "A empresa só investe quando está próxima da exaustão", afirma o economista. "Se não investir, pode perder clientes por não conseguir atender à demanda."

"O alto aproveitamento do parque produtivo num início de ano, período sazonalmente fraco, sinaliza que o investimento em máquinas e equipamentos deve permanecer como tema prioritário em 2005", diz informe da CNI sobre os indicadores industriais de fevereiro, divulgados nesta terça-feira (5/4). Os técnicos da entidade apontam o aumento das importações de bens de capital no primeiro bimestre como outra evidência do movimento de ampliação das plantas. (Saiba quais são os possíveis reflexos disso sobre perfil e renda do trabalho.)

Pelo resultados dessazonalizados, outros indicadores também mostram crescimento nos primeiros dois meses deste ano em relação ao primeiro bimestre de 2004. As vendas reais da indústria cresceram 3,47%, as horas trabalhadas, 7,52% e o pessoal empregado, 6,99%.

Quanto ao número de vagas, o levantamento verifica mais uma variação positiva (0,23% em relação a janeiro) pelo 14º mês consecutivo. "Não há registro, pelo menos nos últimos treze anos, quando se têm dados disponíveis, de outro momento tão vigoroso para o emprego industrial", diz a análise da CNI. A massa salarial, por sua vez, cresceu 8,74% na comparação do primeiro bimestre deste ano com mesmo período de 2004. "É a maior taxa de crescimento para um início de ano desde 1995", diz a confederação.

Resultado mês a mês

A própria CNI ressalva que a utilização da capacidade instalada no início do ano revela "uma certa folga" em relação ao terceiro trimestre de 2004 (quando começou o ciclo de aperto monetário).

Ao observar a evolução mensal dos indicadores, verifica-se um arrefecimento da atividade industrial. Apesar de terem crescido em relação a janeiro, os números de fevereiro sobre as vendas reais (2,85%) e de horas trabalhadas (0,82%) compensam apenas em parte a queda expressiva verificada de dezembro para o primeiro mês do ano. Em número de horas trabalhadas, por exemplo, o suave crescimento no mês retrasado não recuperou o tombo (-2,09%) de janeiro em relação a dezembro.