Economia

;Não sou contra abrir a rede;, afirma vice-presidente da Telefônica

Leia a seguir a participação do vice-presidente da Telefônica, Eduardo Navarro de Carvalho, no EXAME Fórum - "O Futuro das Telecomunicações", em São Paulo, no dia 1o de agosto. Eduardo Navarro de Carvalho: Gostaria de iniciar a minha participação usando uma palavra que o ministro usou na exposição: algo nos une. Certamente houve no passado […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.

Leia a seguir a participação do vice-presidente da Telefônica, Eduardo Navarro de Carvalho, no EXAME Fórum - "O Futuro das Telecomunicações", em São Paulo, no dia 1o de agosto.

Eduardo Navarro de Carvalho: Gostaria de iniciar a minha participação usando uma palavra que o ministro usou na exposição: algo nos une. Certamente houve no passado e sempre haverá no futuro momentos de tensão, porém secundários em relação ao objetivo que todos temos: não só o desenvolvimento econômico do Brasil, mas o desenvolvimento social, dentro de um contexto de maior justiça social, de melhor distribuição de renda, de redução das enormes desigualdades que existem dentro da sociedade brasileira. Dentro desse contexto, quando fazemos uma avaliação do que o setor de telecomunicações tem feito até o momento, vemos que temos tido um papel importante nesse objetivo maior. O setor de telecomunicações, em todo o setor de infra-estrutura, é o único que não se constitui como um gargalo do crescimento do país. O país hoje pode crescer a 5%, 6%, 7% ao ano, sem que o setor de telecomunicações venha a ser um gargalo. Isso resulta dos investimentos bilionários nos últimos anos. Apenas a empresa que represento fez nos últimos cinco anos investimentos diretos na aquisição ou na expansão de ativos no Brasil de 70 bilhões de reais. Foram cerca de 17 bilhões de dólares na compra de ativos (ou, no câmbio de hoje, cerca de 50 bilhões de reais), mais cerca de 20 bilhões de reais na expansão. Isso é apenas um exemplo dentro do setor e mostra quanto foi investido e quanto foi feito nessa área. Agora, como falei, talvez mais importante hoje é que esse crescimento se dê de forma bem distribuída, de forma mais justa do ponto de vista social. Também nesse panorama, quando se observa a situação que tínhamos há algum tempo atrás e o que temos hoje, houve uma grande inclusão social promovida pelas telecomunicações. Aqui em São Paulo, temos uma situação que reflete a realidade nacional: cerca de 35 linhas de telefone fixo para cada 100 habitantes, Mais ou menos 82% dos domicílios em São Paulo hoje têm telefone fixo. O México tem hoje 14 telefones para cada 100 habitantes. Nós conseguimos chegar a 34. Essess 20 pontos percentuais, em termos de penetração que nós conseguimos avançar, foram resultado de obrigações que nos foram impostas e que assumimos com total responsabilidade. Do ponto de vista de inclusão social, se fez muito.

Concordo também com o Ministro que não devemos olhar para trás. Temos grandes desafios pela frente. Primeiro, por mais que tenhamos avançado nessa universalização, existe ainda uma população excluída. Temos de identificar alternativas, não sei por meio de qual tecnologia, não sei com que recursos. O segundo grande objetivo é que hoje não é mais suficiente termos acesso a voz. A voz é uma obrigação, mas o que fará diferença entre as populações não será mais a voz, serão os dados, será a Internet, será a banda larga. Nossa realidade ainda é muito triste quando comparada a outros mercados. Se, em penetração de telefonia fixa, temos hoje uma proporção de 60% ou 70% do que já se alcançou em países europeus (em Portugal temos 40 telefones por 100 habitantes, na Espanha temos 42), e se, na celular estamos caminhando na mesma ordem de grandeza, quando olhamos a posição em que estamos em serviço de banda larga, temos hoje uma proporção inferior a 1 para 10, se compararmos com a média européia, ou inferior a 1 para 30 ou 40, se compararmos com, por exemplo, a Coréia. Foi um país que teve planejamento e colocou como objetivo a questão da inclusão digital. Esse planejamento tem dado grande resultado e a economia como um todo tem crescido. Existe hoje um grande desafio, como havia um grande desafio em 1994. Estávamos com anos de atraso em relação aos serviços de telefonia. Um telefone fixo era vendido a 5 mil dólares, um telefone celular era vendido a 22 mil dólares. Eram artigos de classe A e B. Cinco anos depois, essa realidade mudou. Minha mensagem é que não podemos nos contentar com isso. Nosso futuro está ligado à capacidade com que inserirmos nosso país nesse mundo digital, nessa sociedade digital. Há um espaço grande para que o governo, a sociedades e as empresas se juntem nesse esforço num plano de metas. Enquanto não tivermos um objetivo claro, definido com relação a isso, e essa é a minha proposta, qualquer outra discussão é menos importante. O objetivo maior que nos une é promover o desenvolvimento do país, e que esse desenvolvimento se traduza numa maior igualdade para a nossa sociedade. Muito obrigado.

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