Na esteira do Copom, economistas projetam Selic a 5,25% em 2019
Além da redução da previsão da Selic, economistas mantiveram previsão do PIB para 2019 em 0,82% e do IPCA em 3,80%
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de agosto de 2019 às 09h22.
Última atualização em 8 de agosto de 2019 às 08h55.
Na esteira do último encontro do Comitê de Política Monetária ( Copom ) do Banco Central, na semana passada, os economistas do mercado financeiro alteraram suas projeções para a Selic (a taxa básica de juros) no fim de 2019.
O Relatório de Mercado Focus trouxe nesta segunda-feira, 5, que a mediana das previsões para a Selic em 2019 passou de 5,50% para 5,25% ao ano. Há um mês, estava em 5,50%. Já a projeção para a Selic no fim de 2020 permaneceu em 5,50% ao ano, ante 6,00% de quatro semanas atrás.
No caso de 2021, a projeção seguiu em 7,00%, ante 7,50% de um mês antes. A projeção para a Selic no fim de 2022 permaneceu em 7,00%, ante 7,50% de quatro semanas antes.
Na semana passada, o Copom anunciou o corte da Selic de 6,50% para 6,00% ao ano. Foi a primeira queda após 16 encontros em que o colegiado manteve a taxa básica estável. Ao justificar a decisão, o BC reconheceu uma evolução no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação.
Além disso, sinalizou que devem ocorrer cortes adicionais da taxa. As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 3,6% em 2019 e 3,9% em 2020 - dentro das metas estabelecidas para esses anos.
No grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo, a mediana da taxa básica em 2019 foi de 5,50% para 5,13% ao ano, ante 5,50% de um mês antes. No caso de 2020, passou de 5,63% para 5,38%, ante 6,00% de quatro semanas atrás.
A projeção para o fim de 2021 no Top 5 foi de 7,25% para 7,00%. Há um mês, estava em 7,25%. Para 2022, a projeção do Top 5 permaneceu em 7,00% ao ano, igual a um mês antes.
PIB
A expectativa de alta para o Produto Interno Bruto ( PIB ) em 2019 seguiu em 0,82%. Para 2020, o mercado financeiro manteve a previsão de alta do PIB em 2,10%. Quatro semanas atrás, estava em 2,20%.
No fim de junho, o BC atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2019, de alta de 2,0% para elevação de 0,8%.
No Focus de hoje, a projeção para a alta da produção industrial de 2019 foi de 0,50% para 0,23%. Há um mês, estava em 0,70%. No caso de 2020, a estimativa de crescimento da produção industrial foi de 3,00% para 2,75%, ante 3,00% de quatro semanas antes.
A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2019 passou de 56,05% para 56,10%. Há um mês, estava em 56,10%. Para 2020, a expectativa foi de 58,30% para 58,70%, ante 58,30% de um mês atrás.
O Relatório de Mercado Focus trouxe manutenção na projeção para o resultado primário do governo em 2019. A relação entre o déficit primário e o Produto Interno Bruto (PIB) este ano seguiu em 1,30%. No caso de 2020, permaneceu em 1,00%. Há um mês, os porcentuais estavam em 1,40% e 1,00%, respectivamente.
Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2019 seguiu em 6,40% conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2020, seguiu em 6,05%. Há quatro semanas, estas relações estavam em 6,20% e 5,99%, nesta ordem.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
IPCA
Os economistas do mercado mantiveram a previsão para o IPCA o índice oficial de preços em 2019 e 2020. O relatório mostra que a mediana para o IPCA este ano seguiu com alta de 3,80%. Há um mês, estava no mesmo patamar. A projeção para o índice em 2020 permaneceu em 3,90%. Quatro semanas atrás, estava em 3,91%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2021, que seguiu em 3,75%. No caso de 2022, a expectativa permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,75% para ambos os casos.
A projeção dos economistas para a inflação está abaixo do centro da meta de 2019, de 4,25%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%).
Para 2020, a meta é de 4%, com margem de 1,5 ponto (de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2 25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).
As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 3,6% em 2019 e 3,9% em 2020. Elas constaram no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado na semana passada. Na ocasião, o colegiado reduziu a Selic (a taxa básica de juros) de 6,50% para 6,00% ao ano.
No Focus de desta segunda-feira, 5, entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2019 passou de 3 81% para 3,82%.
Para 2020, a estimativa do Top 5 seguiu em 3 93%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 3,72% e 4,00% nesta ordem.
IGP-M
O Relatório de Mercado Focus mostrou que a mediana das projeções do IGP-M de 2019 passou de alta de 6,65% para elevação de 6,63%. Há um mês, estava em 6,59%. No caso de 2020, o IGP-M projetado foi de alta de 4,09% para elevação de 4,10%, ante os mesmos 4 10% de quatro semanas antes.
Calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado, em especial os agrícolas.
Dólar
O relatório também mostrou manutenção no cenário para a moeda norte-americana em 2019. A mediana das expectativas para o câmbio no fim deste ano seguiu em R$ 3,75, ante R$ 3,80 de um mês atrás.
Para o próximo ano, a projeção para o câmbio permaneceu em R$ 3,80, igual ao verificado quatro pesquisas atrás.
Superávit comercial
Os economistas alteraram a projeção para a balança comercial em 2019 de superávit comercial de US$ 52,00 bilhões para superávit de US$ 52,60 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 51,50 bilhões. Para 2020, a estimativa de superávit passou de US$ 46,40 bilhões para US$ 47,43 bilhões. Há um mês, também estava em US$ 46,40 bilhões.
Na estimativa mais recente do BC, o saldo positivo de 2019 ficará em US$ 46,0 bilhões. Esta projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
No caso da conta corrente, a previsão contida no Focus para 2019 passou de déficit de US$ 22,00 bilhões para déficit de US$ 21,50 bilhões, ante US$ 22,80 bilhões de um mês antes. Para 2020, a projeção de rombo foi de US$ 32,50 bilhões para US$ 32,40 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 33,00 bilhões.