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Na Arábia Saudita, investidores elogiam Brasil, mas cobram mais reformas

Reforma tributária e ênfase nas conquistas da equipe econômica foram ausências sentidas no discurso de Jair Bolsonaro

Bolsonaro na Arábia: o presidente procurou passar o recado de que o Brasil é um país que oferece segurança jurídica (Hamad I Mohammed/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2019 às 16h10.

Última atualização em 30 de outubro de 2019 às 17h54.

Em um discurso voltado a uma plateia internacional, o presidente Jair Bolsonaro destacou nesta quarta-feira (30) de manhã em Riade, na Arábia Saudita , o ambiente de negócios e regulatório no Brasil. “A reforma da previdência será promulgada assim que eu voltar”, disse. “Paulo Guedes está negociando outras grandes reformas, a administrativa e a tributária, que é de interesse por parte de muitos dos senhores que querem investir no Brasil”.

Bolsonaro encerrou nesta quarta-feira sua viagem por cinco países da Ásia e Oriente Médio. Um dos principais objetivos do giro de nove dias da comitiva presidencial pelo Japão, China, Emirados Árabes, Catar e Arábia Saudita, era atrair investimentos e estreitar parcerias comerciais.

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Em Riade, a plateia formada por investidores, CEOs e executivos do setor financeiro prestou atenção à fala de Bolsonaro. O presidente procurou passar o recado de que o Brasil é um país que oferece segurança jurídica e está conduzindo reformas importantes, como a da previdência, para aperfeiçoar o ambiente de negócios. Bolsonaro foi um dos principais convidados do fórum Future Investment Initiative. “Estamos atentos ao que acontece no Brasil e por isso é muito importante ouvir o que o presidente tem a dizer”, disse Carl de Stefanis, presidente do fundo de venture capital dSA, com recursos investidos da ordem de 10 bilhões de dólares em 30 países, em entrevista a EXAME. “O Brasil certamente está no radar dos gestores responsáveis pelo fluxo de capital internacional”.

Para investidores como Stefanis, a fala do presidente não fugiu muito do óbvio. “Para quem está viajando há vários dias e mal tem tempo para dormir, o discurso foi bom, mas Bolsonaro poderia ter sido mais incisivo em relação a pontos como a reforma tributárias e os resultados já conquistados na área econômica”, afirmou. Faltou a Bolsonaro, poderia ter dito, a ênfase que destilou na madrugada, para acusar a Rede Globo e o governador do Rio, Wilson Witzel, de “patifaria” na reportagem sobre investigação da morte de Marielle Franco.

Faizal Bhana, diretor do fundo Jersey Finance, do Reino Unido, também ouviu o pronunciamento. Ele se mostrou mais otimista em relação à política econômica do país e aos efeitos do pronunciamento de Bolsonaro. “Os investidores se preocupam com a garantia jurídica e institucional do Brasil”, afirmou. “Nesse sentido, foi um bom discurso, que deixou claro em que estágio o país se encontra e para onde deve caminhar, embora existam vários desafios”.

O encaminhamento da reforma tributária e a volta do crescimento econômico são dois fatores essenciais para a expansão do investimento direto no país, na visão dos investidores internacionais. O Brasil compete com países como a China e a Índia, que crescem mais de 6% ao ano, nesse quesito. O ambiente de negócios também precisa avançar mais. A última edição do ranking Doing Business, do Banco Mundial, divulgada hoje, não traz notícias muito boas. O Brasil ficou na 124ª posição, atrás de países como Peru, Egito e Camarões.

Um dos principais critérios analisados é a abertura econômica, a oferta de crédito e o sistema tributário. “Se o Brasil conseguir simplificar o pagamento de impostos, provavelmente vai atrair mais capital”, disse Stefanis. A reforma tributária é uma das próximas da agenda econômica do país, mas sua aprovação depende de uma intrincada negociação com o Congresso e com governadores.

Em entrevista à GloboNews nesta quarta-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a reforma tributária é prioridade, e que é essencial para destravar investimentos. Maia está, portanto, alinhado à visão de investidores internacionais. O presidente, por sua vez, precisa ser tão enfático na defesa da reforma quanto vem sendo em outras frentes.

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