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Falta de planejamento, e não de cana, eleva preço do álcool

Produtores acusam distribuidoras de não se prevenirem para a época de entressafra

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h24.

Chega a parecer vingança. O álcool, que já foi amaldiçoado por motoristas e motivo de piada no mercado, agora é tão disputado que seu preço disparou. Com o litro batendo a casa de 1,50 real, até o governo já acenou com a possibilidade de entrar no jogo para baixar esse valor. Os produtores garantem que, apesar das secas, não falta cana e sim alguém que organize a bagunça em que se transformou a cadeia produtiva nos últimos anos.

"Usineiros, distribuidoras e o governo federal precisam sentar juntos. Só assim poderemos criar uma estratégia de longo prazo, que evite essa oscilação de preços", diz Fernando Terri, diretor da Usinas e Destilarias do Oeste Paulista (Udop), uma das entidades do setor.

Atualmente, o mercado brasileiro de álcool vive à base de contratos spot (de curto prazo). Como não existe planejamento a longo prazo, as distribuidoras acabam ficando sem o combustível na época de entressafra, como agora. Com isso, a oferta do produto cai, o preço sobe e fica a impressão de que faltou cana.

"Qualquer comerciante que depende de um produto sazonal sabe que é preciso se planejar, estocar. No Brasil, as distribuidoras não têm esse compromisso. Caberia ao governo regulamentar essa prática", diz Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do estado de Pernambuco.

Preço justo

Ainda que o preço do produto esteja acima do aceitável, o consumidor não deve esperar quedas acentuadas. Um preço justo, segundo Terri, seria por volta de 90 centavos a 1 real para o produtor, com um pouco mais do que isso para o consumidor, "mas o que se vê hoje é um preço muito alto, que reflete a falta de entendimento entre usineiros e distribuidoras", completa.

A demanda pelo álcool não é apenas fruto dos novos carros flex que chegaram ao país em 2003; o produto está em falta também no mercado internacional, por tratar-se de uma alternativa energética mais limpa e mais barata do que o petróleo, por exemplo. O Brasil tem tudo para ser o grande fornecedor, mas é preciso alguns ajustes. Não falta cana: o problema é que grande parte da produção é destinada à fabricação de açúcar, e não de álcool.

"Muitas usinas já estão se voltando para o álcool novamente, mas esse é de um projeto de longo prazo. Se quiséssemos ter bastante álcool hoje teríamos de ter investido há três anos. Só que, naquela época, o álcool ainda era um mico", explica Terri.

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