Morre o economista brasileiro Affonso Celso Pastore aos 84 anos
Pastore liderou o Banco Central de 1983 a 1985, durante o governo Figueiredo, nos últimos anos do regime militar
Redação Exame
Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 08h04.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2024 às 10h48.
Morreu nesta quarta-feira, 21, o professor e economista brasileiro Affonso Celso Pastore , aos 84 anos. Ex-presidente do Banco Central nos anos 1980, Pastore foi um dos mais influentes e respeitados economistas do Brasil, peça-chave para o desenvolvimento econômico do país.
Pastore estava internado para uma cirurgia no sábado, 17. Ele passou o fim de semana na UTI, mas não resistiu.A causa da morte ainda não foi revelada.
Quem foi Affonso Celso Pastore?
Pastore começou a carreira pública em 1966 como assessor do então secretário da Fazenda do estado de São Paulo, Antônio Delfim Neto, que também foi seu professor na Universidade de São Paulo (USP)—onde Pastore se formou na graduação e, posteriormente, fez doutorado. No ano seguinte, integrou a equipe de assessoresde Delfimquando este assumiu o cargo de ministro da Fazenda.
Ao longo de sua carreira, teve experiências no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ocupou a coordenação de pesquisa no Instituto de Pesquisas Econômicas (IPE), vinculado à USP. Convidado pelo então ministro da Fazenda, Ernane Galvêas, Pastore liderou o Banco Central de 1983 a 1985, durante o governo Figueiredo, nos últimos anos do regime militar.
Em 1993,após passagem pelo BC, ele fundou a consultoria A. C. Pastore & Associados com a agora viúva Maria Cristina Pinotti, com o objetivo de fornecer análises especializadas sobre a economia brasileira e internacional.
Em 2021, Pastore foi assessorar econômico da campanha de Sergio Moro —que à época se preparava para disputar as eleições presidenciaispelo Podemos.Moro desistiu da disputa em março de 2022, e se elegeu senador pelo Paraná.
Relevância nacional
Durante o seu mandato como presidente do BC, Pastore foi fundamental para o crescimento econômico do Brasil. Foi ele o responsável por negociar a dívida externa brasileira com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Autor de diversos livros, Pastore ficou reconhecido por“Erros do Passado, Soluções para o Futuro”, no qual analisa os erros feitos na economia do Brasil a partir dos anos 1960. Em 2020, chegou a ser homenageado em uma publicação com nove artigos e uma entrevista inédita, assinada por Antonio Delfim Netto, Arminio Fraga Neto, Celso Lafer, Edmar Bacha, Ilan Goldfajn, José Júlio Senna, Marcos Lisboa, Mário Magalhães Mesquita e Samuel Pessôa.