Moody's: Argentina sofrerá pressão como resultado das altas taxas de juros
Para agência, "depreciação do peso fará com que custos para os devedores argentinos, que dependem do financiamento em dólares, sejam maiores"
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de maio de 2018 às 15h20.
São Paulo - A turbulência da elevação das taxas de juros e a desvalorização do peso argentino "expuseram as fraquezas estruturais da Argentina", na avaliação da agência de classificação de risco Moody's .
Para ela, algumas dessas debilidades são a inflação alta, a forte dependência dos fluxos de investidores e um pequeno mercado financeiro e de crédito doméstico. Nesse sentido, "todos os devedores argentinos enfrentarão maiores custos de financiamento, alguns deles se vendo impedidos de continuar acessando o mercado".
Para o vice-presidente sênior de crédito da Moody's, Gabriel Torres, "a fraqueza do peso é negativa ao crédito, dada a dependência muito alta da Argentina de fluxos de capital para financiar seu déficit fiscal e o déficit externo em conta corrente".
Nesse sentido, Torres lembra, também, que a resposta do governo tem sido elevar fortemente as taxas de juros e iniciar as negociações com o Fundo Monetário Internacional ( FMI ), para obter uma linha de crédito flexível.
De acordo com a agência, "a depreciação do peso fará com que os custos para os devedores argentinos, que dependem do financiamento em dólares, sejam maiores. Também afetará a rentabilidade dos devedores cujos ingressos são, principalmente, em pesos, mas que enfrentam custos operativos em dólares, e exercerá pressão sobre os resultados operativos dos governo provinciais".
A Moody's diz, ainda, que "o soberano experimentará tensão como resultado de taxas de juros maiores, que dificultarão a execução de gastos e representarão uma ameaça para o financiamento do déficit em conta corrente e, por isso, o crescimento econômico se verá reduzido".
Além disso, a agência aponta que a pressão sobre a Argentina poderia diminuir com a ajuda de uma linha de crédito do FMI. No entanto, a agência lembra que a economia em geral se verá afetada por taxas de juros mais elevadas.