Economia

Ministra peruana de 35 anos vira celebridade por atuação em pandemia

Foco de Antonieta na economia foi na ajuda a famílias e empresas. A crise do coronavírus atingiu o Peru de maneira especialmente forte

María Antonieta: ministra tem recebido elogios pela generosidade com pequenas empresas e cidadãos comuns. (Miguel Yovera/Bloomberg)

María Antonieta: ministra tem recebido elogios pela generosidade com pequenas empresas e cidadãos comuns. (Miguel Yovera/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 4 de maio de 2020 às 18h58.

Todos a chamam de Toni. As mães tiram selfies com ela e os filhos, e vendedores ambulantes lhe presenteiam com pulseiras. Artistas desenham seu retrato e o publicam nas redes sociais. Redes de TV disputam entrevistas e exibem programas perguntando: “Quem é María Antonieta Alva?”

Essa é a ministra de Economia e Finanças do Peru, de 35 anos, que lidera um ambicioso pacote de recuperação durante a devastadora pandemia. A ministra tem recebido elogios pela generosidade com pequenas empresas e cidadãos comuns.

“Do ponto de vista latino-americano, o Peru é um líder claro em termos de resposta macro”, disse Ricardo Hausmann, economista de Harvard que foi professor de María Antonieta e coordena uma equipe de especialistas que assessora o Peru e outros 10 países na mitigação dos efeitos do coronavírus. “Poderíamos imaginar um resultado muito diferente se Toni não estivesse lá.”

Nomeada em outubro passado, a ministra é cada vez mais vista como figura central do gabinete do presidente Martín Vizcarra, parte de uma crescente geração de novos líderes, e passa muito tempo explicando políticas públicas a um público nervoso.

“Ela é muito boa em se comunicar e isso se tornou muito mais importante no contexto atual”, disse Carlos Oliva, que antecedeu María Antonieta no cargo.

Embora seja a única mulher, ela faz parte de um grupo de um grupo millennial de ministros das Finanças da região, que incluem o argentino Martín Guzmán, de 37 anos; Juan Ariel Jiménez, da República Dominicana, de 35 anos; e Richard Martínez, do Equador, 39 anos.

Não são tempos fáceis para administrar políticas e resta saber se a ministra sobrevive. Alguns economistas preveem queda do PIB de mais de 10% neste ano, o pior em décadas, além do desemprego em massa. María Antonieta também precisa enfrentar a agenda populista do Congresso (onde o governo não tem representação) que enfraquece o ministério, com eleições a menos de um ano.

O gabinete da ministra disse que ela não estava disponível para entrevista.

Volta ao crescimento

Desde o início da pandemia, que atingiu o Peru de maneira especialmente forte apesar das medidas de confinamento logo no início, o foco de María Antonieta passou a ser a contenção, incluindo a ajuda a famílias e empresas, e se preparar para uma reativação com a reabertura deste mês.

Filha de Jorge Alva, engenheiro civil que é reitor da Universidade Nacional de Engenharia (e ex-professor de Vizcarra), a ministra disse que foi exposta à extrema pobreza no Peru quando acompanhava o pai em viagens pelo interior do país ainda criança e que estava determinada a mudar as coisas.

Em uma região conhecida pelo machismo, onde as conquistas femininas são muitas vezes vistas pelo prisma da maternidade, a ministra representa uma figura atípica, com roupas simples e uma joia que chama a atenção: um colar de ouro com um pingente na forma do Peru.

“Ela é forte, mas não agressiva”, observou Patricia Zárate, chefe de pesquisas do Instituto de Estudos Peruanos. “Ela mostra isso através do trabalho. É um tipo diferente de empoderamento feminino.”

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