Economia

Meta de inflação não é para se discutir, é para se perseguir, afirma Galípolo, diretor do BC

Fala foi dita em em evento organizado pela Upload Ventures, em São Paulo

Galípolo: diretor de Política Monetária do Banco Central fala sobre meta de inflação (Washington Costa/Ascom/MF/Flickr)

Galípolo: diretor de Política Monetária do Banco Central fala sobre meta de inflação (Washington Costa/Ascom/MF/Flickr)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 24 de abril de 2024 às 12h01.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a viabilidade de cumprir a meta de inflação do Brasil, de 3%, é um "não-tema" para o Comitê de Política Monetária (Copom).

"A meta não é para se discutir, é para se perseguir", afirmou, em um evento organizado pela Upload Ventures, em São Paulo. "Na minha opinião, o Banco Central nem deveria votar na meta de inflação no CMN [Conselho Monetário Nacional]."

Galípolo defendeu que o BC deveria perseguir as metas estabelecidas pelo Poder democraticamente eleito. As declarações vieram em resposta a uma pergunta sobre a viabilidade de se atingir a meta de inflação de 3%, considerando a situação fiscal do País. Segundo Galípolo, essa dúvida aparece no mercado desde o ano passado.

Ele relatou que, quando chegou ao Banco Central, havia ceticismo no mercado sobre a possibilidade de cumprir o alvo. No segundo semestre de 2023, afirmou, a preocupação diminuiu e, agora, voltou a aparecer. "Tem havido idas e vindas, e para a gente é perseguir a meta que foi determinada", disse o diretor do BC.

Período de redução de balanços dos BCs

Gabriel Galípolo voltou a afirmar que "estamos num período de redução dos balanços dos bancos centrais e de juros mais altos". A discussão, de acordo com ele, é sobre quão longo é o 'higher for longer' - ou seja, o período em que os juros precisarão ficar elevados por mais tempo -, especialmente nos Estados Unidos.

A questão, segundo Galípolo, é que a permanência do juro norte-americano em níveis altos aumenta a dificuldade na disputa por capital, já que há algum enxugamento da liquidez. Como o aumento da necessidade de rolagem da dívida norte-americana afeta a relação de oferta e demanda, o "yield" torna-se mais alto.

"Há uma adversidade adicional quando se fala de juro americano mais alto porque com o Tesouro americano pagando o juro o que paga, fica difícil competir por recursos", destacou o diretor do BC.

Ainda, de acordo com Galípolo, o estresse nos juros de Treasuries hoje parece relacionado a leilão do Tesouro dos EUA. Para ele, a pressão de rolagem de dívida nos EUA vem crescendo.

Acompanhe tudo sobre:Gabriel GalípoloInflaçãoBanco Central

Mais de Economia

Reforma tributária: governo quer cortar exceções para reduzir IVA e já encara oposição do Congresso

Com alíquota de 28%, Brasil pode ter o maior IVA do mundo; veja ranking

Reforma tributária: regulamentação na Câmara aumenta IVA para 28%, estima Ministério da Fazenda

Após falas sobre a Selic, Galípolo diz que foi "mal-interpretado"

Mais na Exame