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Merrill Lynch rebaixa títulos brasileiros

Consultoria Global Invest alerta para possível "onda de rebaixamentos"

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h48.

O Merrill Lynch, um dos maiores bancos de investimento do mundo, rebaixou a recomendação para títulos da dívida externa do Brasil de positiva para neutra. Na avaliação da Global Invest, a notícia relembra "a situação vivida pelo Brasil em maio do ano passado quando outro grande banco, o Morgan Stanley, rebaixou a recomendação para a dívida brasileira e iniciou um processo de saída de capital do país que culminou numa forte depreciação do real e dos títulos brasileiros", numa situação que durou até mesmo depois do fim do período eleitoral.

O banco reduziu a recomendação de Brasil de "overweight" (acima do mercado) para "market weight" (em linha com o mercado). O Merrill disse o aumento do retorno dos Treasuries americanos pode ser positivo para a economia e os ativos brasileiros já que reflete a posição de otimismo dos investidores.

"Nós ainda estamos esperando que as reformas estruturais sejam aprovadas nos próximos seis a nove meses e corte de 800 pontos-básicos na taxa de juros até o fim do ano, o que terá implicações positivas no gasto do consumidor e outras fontes domésticas de crescimento", acrescentou o banco em relatório.

"A decisão do Merrill Lynch deve ser seguida por outros grandes bancos internacionais, tendo como principal conseqüência a saída de capitais do país no mesmo momento em que a queda do superávit comercial deve aumentar a necessidade de financiamento externo, o

que nos leva a esperar uma nova desvalorização do real e a uma queda na cotação dos títulos brasileiros", acredita a Global Invest.

Assim como em maio de 2002, a economia brasileira viveu no segundo trimestre deste ano um cenário de otimismo exagerado que levou o preço dos títulos brasileiros a níveis historicamente altos e a uma nova valorização do real frente à moeda americana. No início de 2002, o otimismo girava em torno do bom desempenho da economia brasileira frente ao calote da Argentina, que levou os analistas a acreditarem que a economia tinha bons fundamentos e não corria o risco de enfrentar uma fuga de capitais.

"Dessa vez a nota do Merrill Lynch saiu num momento em que a rentabilidade dos títulos americanos aumentou significativamente levando ao início da re-alocação de capital para os Estados Unidos e a balança comercial começa a sofrer o impacto negativo da valorização do real", afirma a consultoria. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, afirmou na sexta-feira passada (1/8), na Globonews, que a economia brasileira não enfrenta fuga de capitais e que, pela existência de apenas capital de curto prazo na economia mundial, os investidores estão indo "momentaneamente" para os títulos do Tesouro dos EUA.

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