Economia

Mercados emergentes voltam a seduzir investidores

Em 2011 o índice que mede os resultados das bolsas nos países emergentes caiu mais de 15%, e se forem levados em conta apenas os BRICs, essa retração é de 20%

BMF&Bovespa acumula ganhos de 18% este ano (©AFP / Yasuyoshi Chiba)

BMF&Bovespa acumula ganhos de 18% este ano (©AFP / Yasuyoshi Chiba)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de março de 2012 às 23h20.

Paris - Os mercados emergentes voltam a seduzir os investidores, após um 2011 difícil, graças às políticas monetárias flexíveis dos bancos centrais e à redução da inflação, apesar da desaceleração de suas economias e da alta do preço do petróleo poder prejudicar esse impulso.

2011 foi um ano ruim para o mercado financeiro. O índice que mede os resultados das bolsas nos países emergentes (MSCI Emerging Markets) caiu mais de 15%, e se forem levados em conta apenas os BRICs (Brasil, Rússia, China e Índia), essa retração é ainda maior: de 20%.

Mas desde o início do ano, novos ventos estão soprando: a Bolsa de Moscou subiu 25,5%, a BMF&Bovespa, 18% e Xangai, 11%.

Traumatizados pela crise da dívida na Europa e com os temores sobre o crescimento mundial, os investidores retiraram 45 bilhões de dólares dos fundos de investimento dos países emergentes em 2011, segundo dados do banco suíço Pictet. Em menos de dois anos, 25 bilhões de dólares já retornaram.

A primeira razão para este retorno é a abundância de liquidez graças às políticas dos bancos centrais americano e europeu.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) assegurou que manteria sua taxa de juros em um nível excepcionalmente baixo até ao menos o fim de 2014. O Banco Central Europeu (BCE) acaba de injetar 1 trilhão de euros no sistema financeiro da zona do euro em operações de três anos.

"Estes mercados beneficiam-se também a redução dos riscos inflacionários", disse François Théret, especialista de países emergentes da Natixis AM.

A Índia também conseguiu entre março de 2010 e outubro de 2011 conter sua inflação galopante, graças a uma política de controle monetário muito ativa.


Em fevereiro, alcançou seu nível mais baixo há mais de dois anos (6,5% contra cerca de 10% alguns meses antes).

Para Frédéric Rollin, do banco Pictet, "os riscos sistêmicos de uma quebra ou de uma explosão da zona do euro praticamente desapareceram, o que representou o retorno do apetite dos investidores para ativos de emergentes, apesar de ainda serem considerados arriscados".

Mas a desaceleração do crescimento econômico dos países emergentes poderá esfriar o apetite, se durar.

A China, segunda maior economia mundial, reduziu meio ponto, para 7,5%, sua meta de crescimento para este ano, enquanto que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro desacelerou-se fortemente para 2,7% em 2011 frente a 7,5% em 2010.

"Essas economias continuam afetadas pela fragilidade do comércio mundial. Até o momento, o crescimento das exportações do mundo emergente desacelera-se", disse Maarten-Jan Bakkum, estrategista do banco ING IM.

"Outro problema, em particular para o crescimento asiático, é a probabilidade de um euro mais fraco", já que a Europa continua sendo o principal parceiro comercial da Ásia, completa.

A agência Carmignac Gestion minimiza os temores, ao afirmar que "os fundamentos econômicos continuam sendo muito mais sólidos que na Europa" atualmente em recessão.

"A visibilidade de um crescimento emergente, mais modesto que estes últimos anos, mais sólida e duradoura nos parece satisfatória", disse Didier Saint-Georges, economista da gestora.

O petróleo também poderá afugentar os investidores, já que o preço - que subiu na esteira das tensões entre Irã e Israel - poderá realçar as pressões inflacionárias no médio prazo.

Acompanhe tudo sobre:BricsInvestimentos de empresasPaíses emergentes

Mais de Economia

Salário mínimo 2025: por que o valor será menor com a mudança de regra

Salário mínimo de R$ 1.518 em 2025 depende de sanção de nova regra e de decreto de Lula

COP29 em Baku: Um mapa do caminho para o financiamento da transição energética global

Brasil abre 106.625 postos de trabalho em novembro, 12% a menos que ano passado