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Mercado está dividido sobre futuro dos juros

Reunião do Copom, que acontece hoje e amanhã, é marcada por recente queda dos indicadores de inflação e declaração de guerra de Bush

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h48.

O mercado acredita que o Banco Central manterá a taxa básica de juros mais um mês em 26,5%, após a alta de um ponto percentual no mês anterior exatamente para conter a escalada da inflação. "Essa foi a segunda alta do juros no governo Lula. Esperamos que os aumentos tenham cessado e que na próxima reunião haja manutenção", afirma a consultoria Global Invest.

Devido a guerra contra o Iraque, o BC divulgou nota elevando a meta para a variação do IPCA, em 12 meses, para até 17,5% ao final de março, 18,5%, ao final de junho, e retornar a 17,5% ao final de setembro. Os valores centrais definidos para a inflação são de 15% em março, 16% em junho e 15,% em setembro. A variação mínima é de 12,5% em março 13,5% em junho e 12,5% em setembro.

Segundo o BBV, as projeção média do mercado para o IPCA em 2003 tiveram a sua primeira redução em relação à pesquisa anterior em meses. "Este fato está longe de ser irrelevante." O IPCA tem projeção média de 12,47% contra 12,51% na semana anterior, de acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central. A mediana das expectativas teve queda ainda mais expressiva, tendo migrado de 12,52% para 12,38% em uma semana. A variação do IPCA projetada para os próximos 12 meses também teve redução nesta semana, tendo ido de 11,41% para 11,12% na média da amostra e de 11,21% para 11,07% na mediana, evidenciando que o mercado já identifica a possibilidade de uma desinflação gradual. "Os sinais de austeridade monetária têm sido claros", afirma o BBV. "O que justifica a cautela do BC."

O BBV destaca ainda que outras mudanças destacadas se deram nos números referentes ao setor externo, todas no sentido da confirmação e fortalecimento do ajuste externo empreendido ao longo do segundo semestre de 2002. "Neste sentido, a projeção média para o saldo da balança comercial em 2003 atingiu US$ 16,18 bilhões contra US$ 16,01 bilhões na semana anterior. O déficit em transações correntes para este ano já está projetado em US$ 4,44 bilhões contra US$ 4,83 da semana anterior, representando um déficit previsto de apenas 0,9% do PIB em 2003."

Apesar dos sinais de queda e de melhora dos indicadores, o mercado também está cauteloso em relação às medidas que o governo tomará em caso de guerra contra o Iraque. O CSFB acredita que o governo deve elevar a taxa em 1 ponto percentual ainda por conta da queda lenta da inflação. " Nossa avaliação é que a estratégia correta do Copom seria elevar os juros apesar da valorização do real", diz o banco. "Isso porque uma política monetária mais elevada é necessária para combater o movimento de deterioração das expectativas de inflação. Haverá uma pressão adicional sobre a inflação proveniente dos reajustes salariais que deverão tomar por base nos próximos meses, o que pode pressionar ainda mais a inércia inflacionária." A Global Invest aponta para uma nova alta nos preços administrados, principalmente do petróleo e dos derivados, e da energia elétrica.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) acredita na manutenção da taxa Selic (taxa básica de juros da economia) durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana. "A inflação está dando sinais de que vem caindo e isso é muito positivo. Por outro lado, há um cenário externo, que pode representar um quadro de instabilidade. Considero então, evidente, que a postura do Copom terá que levar em conta todas essas variáveis. E eu acho possível manter a taxa atual e se adotar, dependendo da evolução do quadro externo, espero, um viés de baixa", afirmou o presidente da entidade, Armando Monteiro Neto.

Ele também defendeu a diminuição dos spreads bancários, que são a diferença entre as taxas de empréstimos (ou taxas ativas) praticadas pelos bancos ou agentes financeiros junto aos tomadores de crédito e a taxa de captação, que é a base da remuneração dos poupadores: "Creio que há espaço para a redução dos spreads porque são margens. Hoje há uma rigidez muito elevada nas margens de intermediação e com a combinação de algumas medidas, sejam elas na área legislativa ou ainda medidas que estimulem maior concorrência no setor financeiro, podemos sim chegar a uma redução dos spreads", declarou.

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