Mercado espera que Copom reduza juros para 13,75%
Para analistas, após o corte de 0,5 ponto percentual que deverá ser realizado nesta quarta-feira, Copom deverá desacelerar o ritmo de queda da Selic para 0,25 ponto percentual
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h13.
É consenso no mercado a opinião de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia (Selic) nesta quarta-feira (18/10). Com a alteração, os juros passariam de 14,25% para 13,75% ao ano, somando queda de seis pontos percentuais desde o início do processo de redução, em setembro de 2005. As sucessivas reduções, porém, não serão suficientes para tirar o Brasil do topo do ranking dos países com as maiores taxas de juros (veja tabela abaixo).
Apesar de o Copom ter sinalizado na ata da última reunião, ocorrida em agosto, que agiria com mais parcimônia, os analistas acreditam que o comitê preferirá manter o corte de 0,5 ponto percentual devido à melhora verificada no cenário econômico nos últimos dois meses. "Tivemos boas surpresas, como o IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor] , que ficou abaixo do esperado", afirma o economista-chefe da corretora Hedging-Griffo, Elsom Yassuda.
O IPCA , que é utilizado pelo governo como referência para a meta de inflação, subiu 0,05% em agosto e 0,21% em setembro, enquanto os economistas esperavam altas de 0,23% e 0,30%, respectivamente. Assim, o IPCA acumulou alta de 2% no ano e de 3,95% nos últimos 12 meses, bastante aquém da meta de 4,5% para 2006.
Outro fator que contribuiu para o cenário positivo, segundo o economista-chefe da corretora Concórdia, Elson Teles, foi a queda de 14% no preço do petróleo - que poderá impedir reajustes nos preços da gasolina e demais derivados este ano.
As boas perspectivas para a economia, no entanto, não deverão sustentar novos cortes de meio ponto percentual na Selic. "Essa deverá ser a última redução de 0,5 ponto percentual. Daqui pra frente, o Copom deverá continuar baixando os juros, mas a um ritmo de 0,25 ponto percentual", diz Yassuda.
2007
Como os indicadores econômicos já apresentam bons resultados, os analistas acreditam que a questão dos juros no próximo ano deverá ficar atrelada à política fiscal. "A redução da Selic estará condicionada ao crescimento da indústria. Será necessário que o governo incentive a capacidade produtiva e isso terá de ser feito por meio de melhorias na política fiscal, já que não adianta criar demanda e depois ser obrigado a frear o consumo", afirma Yassuda.
De julho a agosto, a produção industrial cresceu 1,4%, compensando a queda de 1,1% verificada em junho. Segundo pesquisa do Banco Central, o mercado estima que a atividade fabril vá crescer 3,48% em 2006 e 4,20% em 2007.
Para a Selic, as atuais previsões são de queda progressiva até chegar a 12,5% em dezembro de 2007. "Cortes maiores vão depender da agenda do governo", afirma Yassuda.
Os juros reais dos países* | ||
Ranking | País | Taxa ao ano |
1 | Brasil** | 9,1% |
2 | Turquia | 6,2% |
3 | China | 4,8% |
4 | Isarel | 4,3% |
5 | Canadá | 2,9% |
6 | México | 2,8% |
7 | Cingapura | 2,8% |
8 | Inglaterra | 2,6% |
9 | Tailândia | 2,5% |
10 | Austrália | 2,5% |
*Considerando a inflação projetada para os próximos 12 meses | ||
**Considerando Selic a 13,75% ao ano | ||
Fonte: Consultoria UpTrend |