Mercado de trabalho dos EUA está mais aquecido e inflação cresce estável
Pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram 6 mil, para patamar ajustado sazonalmente de 213 mil na semana encerrada em 4 de agosto, informou o governo
Reuters
Publicado em 9 de agosto de 2018 às 18h06.
Washington - O número de norte-americanos que pediu auxílio-desemprego caiu inesperadamente na semana passada, sugerindo que a economia forte está ajudando o mercado de trabalho a resistir às tensões comerciais entre os Estados Unidos e uma série de outros países.
Outros números divulgados nesta quinta-feira mostraram um aumento sólido nos preços ao produtor em julho. A força do mercado de trabalho e a inflação em alta devem manter o Federal Reserve, banco central dos EUA , no caminho de elevar os juros em setembro pela terceira vez neste ano.
"Tensões sobre a guerra comercial em nuvens distantes lá no horizonte ainda podem se aproximar da costa mais tarde neste ano", disse Chris Rupkey, economista-chefe da MUFG.
Os pedidos iniciais de auxílio- desemprego caíram 6 mil, para um patamar ajustado sazonalmente de 213 mil na semana encerrada em 4 de agosto, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. Os dados da semana anterior foram revisados para mostrar mais mil solicitações recebidas do que o relatado anteriormente.
Os dados das solicitações estão sendo acompanhados de perto em busca de sinais de demissões resultantes da política comercial protecionista do governo do presidente Donald Trump , que deixou os Estados Unidos envolvidos em disputas sobre tarifas com os principais parceiros comerciais, incluindo China, México, Canadá e União Europeia.
Washington impôs tarifas sobre aço e alumínio importados, provocando retaliação dos parceiros comerciais. Os Estados Unidos também aplicaram tarifas sobre bens chineses, com Pequim respondendo na mesma linha. Produtores industriais vêm reclamando cada vez mais sobre aço e alumínio mais caros, que elevam custos de produção e também causam interrupções na cadeia de fornecimento.
Houve notícias de que algumas empresas estão ou demitindo ou planejando cortar postos por causa das tarifas de importação.
Os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 208 mil durante a semana que terminou em 14 de julho, a menor leitura desde dezembro de 1969. Pesquisa Reuters com analistas previa que os pedidos somariam 220 mil na semana passada.
"Ainda vamos ver o eventual efeito no emprego de políticas contra o comércio", disse Pooja Sriram, um economista do Barclays. "Pesquisas sobre perspectivas de negócios indicaram preocupações com o protecionismo nos meses recentes, mas mostraram que a intenção de contratação pelas empresas continua."
O dólar operava em alta contra uma cesta de moedas. Os rendimentos dos Treasuries subiram enquanto em Wall Street as ações exibiram um comportamento misto.
Avanço sólido do PPI
A economia criou 157 mil empregos em julho, numa queda ante as 248 mil vagas geradas em junho. A desaceleração na contratação provavelmente refletiu a escassez de trabalhadores qualificados. Um relatório na terça-feira mostrou que havia 6,7 milhões de vagas em aberto em junho.
Em outro relatório nesta quinta-feira, o Departamento do Trabalho disse que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), excluindo os preços voláteis de alimentos, energia e componentes de serviços comerciais, subiu 0,3 por cento no mês passado. O chamado núcleo do PPI subiu no mesmo nível em junho.
Nos 12 meses encerrados em julho, o núcleo do PPI subiu 2,8 por cento, depois de avançar 2,7 por cento em junho. O forte mercado de trabalho e a economia robusta estão pressionando a inflação . Tarifas de importação também parecem pressionar os preços.
Enquanto preços ao produtor, no geral, ficaram inalterados em julho pela primeira vez em sete meses, pressões inflacionárias nos portões da fábrica estão gradualmente crescendo. Preços intermediários para produtos siderúrgicos avançaram 1,6 por cento em julho, levando o aumento anual para 12,4 por cento.
"Por agora, industriais estão absorvendo alguma coisa do aumento de custo", disse Andrew Hunter, economista na Capital Economics. "Mas com mais tarifas a caminho e alto uso da capacidade instalada, suspeitamos que é apenas uma questão de tempo antes que a inflação de demanda final comece a subir mais marcadamente."