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Mercado aposta em Kawall e Appy para assessorar Mantega

Nomes têm competência técnica e são alinhados com a atual política econômica, afirmam economistas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h25.

Assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisou, no início de seu mandato, provar ao mercado que estava sinceramente convertido à ortodoxia econômica, o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, também precisará fazer o mesmo. Uma das medidas mais esperadas pelo mercado é a nomeação dos substitutos aos que saíram da equipe econômica junto com o ex-ministro Antonio Palocci. Na bolsa de apostas dos analistas, dois nomes despontam como favoritos ao cargo de secretário-executivo do Ministério, ocupado até esta semana por Murilo Portugal: Bernard Appy e Carlos Kawall.

Appy ocupou a secretaria-executiva da Fazenda entre 2003 e abril de 2005, quando foi transferido por Palocci para a Secretaria de Política Econômica, no lugar de Marcos Lisboa, que se demitira do cargo. Por isso, Appy é considerado um nome bastante adequado para voltar ao posto que deixou há quase um ano, pois já provou estar alinhado às atuais diretrizes econômicas.

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Carlos Kawall também conta com o apoio do mercado. Além de uma formação acadêmica consistente - é professor da PUC de São Paulo há 18 anos - também tem passagens pela iniciativa privada. Por oito anos, Kawall foi o economista-chefe do Citigroup no Brasil. Atualmente, é diretor financeiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O fato de ter trabalhado com Mantega, quando este presidia a instituição, aumenta suas chances de ser indicado, segundo alguns analistas.

"Kawall é um economista que tem bom conhecimento do mercado, capaz de assumir a secretaria-executiva ou o Tesouro", diz Adauto Lima, economista-chefe do banco West LB. Lima também acredita que Appy seria bem recebido pelo mercado: "Bernard Appy é respeitado, teria boa avaliação e não traria percepção de risco".

Durante esta quarta-feira (29/3), circulou no mercado também o nome do economista Luciano Coutinho, cotado para a Secretaria de Política Econômica, caso Appy realmente seja deslocado de função. Coutinho foi o único a receber ressalvas dos economistas. "Ele tem um viés muito desenvolvimentista", afirma um analista que prefere não ser identificado.

Perfil técnico

No geral, o mercado espera de Mantega a nomeação de pessoas com reconhecida qualidade técnica, capazes de conferir credibilidade ao novo titular da Fazenda. "O mercado não espera nomes impressionantes, mas suficientes para reforçar a reputação de Mantega", afirma o economista Roberto Padovani, sócio-diretor da consultoria Tendências.

Newton Rosa, economista-chefe da corretora Sul América Investimentos, concorda. "É preciso que o ministro indique pessoas alinhadas com a política econômica implantada nos últimos anos", diz. Mantega terá apenas nove meses para gerir a economia, caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se reeleja para um novo mandato no Palácio do Planalto ou, ainda, se mesmo vencendo, Lula opte por outro nome para os próximos quatro anos. Por isso, Rosa espera que Mantega invista em assessores "mais técnicos", capazes de administrar esse final de governo.

Já para Roberto Gianetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp, que não quis arriscar nomes, há apenas uma certeza: "Vem gente que esteve com ele no BNDES ou no Ministério do Planejamento". Mas ao contrário de outros economistas, que apostam que Mantega tentará transmitir uma mensagem de continuidade com a escolha dos substitutos, Gianetti acredita que o novo ministro se preocupará mais em escolher técnicos que compartilhem seu pensamento - menos ortodoxo do que o de Palocci. "Com Palocci, a equipe era quase exclusivamente voltada à política monetária. Vejo pela atitude passada do ministro Guido Mantega uma preocupação mais abrangente com comércio exterior, emprego, mais voltado para o lado da economia real", afirma.

Sem pressa

Apesar dos palpites se centrarem em Kawall e Appy, Mantega negou nesta quarta-feira (29/03) que já tenha decidido as substituições. Ele evitou confirmar um possível convite a Kawall e disse ser boato a notícia de que já teria convidado Luciano Coutinho para a secretaria-executiva. "Embora ele seja um bom economista, meu amigo, não converso com ele há muito tempo", afirmou. O novo ministro deixou ainda um aviso: "Vou apresentar todos os nomes juntos. Não tenho pressa".

Cargos vagos

Pelo menos três postos decisivos da Fazenda esperam pela decisão de Mantega. A secretaria-executiva foi deixada vaga na segunda-feira (29/3) por Murilo Portugal, que saiu do governo com a justificativa de que ocupava um cargo de confiança. "Tendo em vista o pedido de exoneração [de Palocci], solicito, em caráter irrevogável a Vossa Excelência minha exoneração a partir desta data", escreveu na carta de demissão ao presidente Lula.

O Tesouro perdeu seu secretário-executivo na terça-feira (29/03), com a decisão de Joaquim Levy de trocar o cargo pela vice-presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A baixa mais recente aconteceu no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), cujo presidente, Marcos Lisboa, declarou ter "concluído o seu trabalho de aperfeiçoamento da gestão da empresa e modernização das normas de resseguro" ao pedir demissão, também na terça-feira. Junto com ele, todos os diretores do IRB deixaram o cargo à disposição do ministro Mantega.

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