Exame Logo

Más notícias do Brasil preocupam economia argentina

As exportações mais afetadas são as de automóveis e isso já está provocando suspensões de trabalhadores nas fábricas argentinas de autopeças

Dilma e a presidente da Argentina Cristina Kirchner: as exportações mais afetadas são as de automóveis e isso já está provocando suspensões de trabalhadores nas fábricas argentinas de autopeças (Lula Marques/ Agência PT/Fotos públicas)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2015 às 15h20.

Buenos Aires - A má notícia de que o Brasil perdeu seu "grau de investimento" causa preocupação em seu maior parceiro comercial na América do Sul, a Argentina, onde se espera uma maior perda de competitividade e uma queda das exportações, principalmente no setor industrial.

Na quarta-feira passada a agência de qualificação Standard & Poors rebaixou a nota da dívida brasileira ao nível BB+, e o país perdeu assim o selo que classifica os bons pagadores e que ostentava desde 2008.

"A queda do Brasil não será 'de graça' para a Argentina, mas terá grandes custos para nossa indústria em particular. A taxa de crescimento econômico do Brasil dos próximos dois anos não parece encorajadora; e, pior ainda, a perda do grau de investimento potencializa os problemas", advertiu em um relatório a empresa de consultoria privada Economía & Regiones.

Os analistas locais temem que o ajuste no Brasil, com uma forte desvalorização do real, redunde em uma perda de competitividade para a Argentina e em uma menor demanda de seus produtos em seu principal mercado de exportação.

De fato, nos primeiros oito meses do ano as vendas argentinas ao Brasil acumularam uma queda anualizada de 22,6%, enquanto as compras se contraíram em 11,3%.

O saldo é um déficit acumulado para a Argentina de US$ 1,48 bilhão que, segundo cálculos privados, poderia fechar este ano na beira dos US$ 2 bilhões.

O saldo negativo se explica por uma combinação de um menor volume de compra por parte do Brasil e de menores preços de venda.

"No entanto, também deve ter-se em conta a deterioração da competitividade das exportações argentinas, também agravada com as sucessivas desvalorizações do real", alertou a empresa de consultoria privada Abeceb em um recente relatório.

Dado que sete de cada dez dólares que a Argentina exporta ao Brasil são de origem industrial, o custo da crise brasileira para o setor manufatureiro argentino poderia ser alto.

De fato, as exportações mais afetadas são as de automóveis e isso já está provocando suspensões de trabalhadores nas fábricas argentinas de autopeças.

Para a Economía & Regiones, a perda do "grau de investimento" potencializa os problemas do Brasil pois "poderia desencadear uma saída maciça de dinheiro dos mercados financeiros brasileiros impulsionando uma maior desvalorização e um aumento do risco-país".

A desvalorização e um menor financiamento internacional reduziriam os níveis de atividade e consumo na economia brasileira.

"Este ajuste do Brasil redundaria em uma perda de competitividade e em uma menor demanda por exportações argentinas, com o que nossa indústria enfrenta um panorama que não é auspicioso", considerou a empresa de consultoria.

Para Miguel Ángel Boggiano, titular da empresa de consultoria Carta Financeira e professor de Finanças da Universidade de San Andrés, a perda do "grau de investimento" poderia derivar em uma "catarata" de vendas de títulos de dívida brasileiros, empurrando "o preço do real ainda mais para baixo".

"Simplesmente estamos nos tornando cada vez mais caros para o Brasil", observou o analista, que, levando em conta a evolução do real e do peso e a inflação de ambos países no último ano, calcula que, para saldar o atraso cambial com o Brasil, a taxa de câmbio na Argentina deveria ser hoje de 17,25 pesos por dólar, frente à cotação oficial atual de 9,35 pesos por dólar.

Segundo Boggiano, a taxa de câmbio real na Argentina está "marcadamente atrasada", o que se traduz em "menos vendas, menos lucro e menos trabalho".

Veja também

Buenos Aires - A má notícia de que o Brasil perdeu seu "grau de investimento" causa preocupação em seu maior parceiro comercial na América do Sul, a Argentina, onde se espera uma maior perda de competitividade e uma queda das exportações, principalmente no setor industrial.

Na quarta-feira passada a agência de qualificação Standard & Poors rebaixou a nota da dívida brasileira ao nível BB+, e o país perdeu assim o selo que classifica os bons pagadores e que ostentava desde 2008.

"A queda do Brasil não será 'de graça' para a Argentina, mas terá grandes custos para nossa indústria em particular. A taxa de crescimento econômico do Brasil dos próximos dois anos não parece encorajadora; e, pior ainda, a perda do grau de investimento potencializa os problemas", advertiu em um relatório a empresa de consultoria privada Economía & Regiones.

Os analistas locais temem que o ajuste no Brasil, com uma forte desvalorização do real, redunde em uma perda de competitividade para a Argentina e em uma menor demanda de seus produtos em seu principal mercado de exportação.

De fato, nos primeiros oito meses do ano as vendas argentinas ao Brasil acumularam uma queda anualizada de 22,6%, enquanto as compras se contraíram em 11,3%.

O saldo é um déficit acumulado para a Argentina de US$ 1,48 bilhão que, segundo cálculos privados, poderia fechar este ano na beira dos US$ 2 bilhões.

O saldo negativo se explica por uma combinação de um menor volume de compra por parte do Brasil e de menores preços de venda.

"No entanto, também deve ter-se em conta a deterioração da competitividade das exportações argentinas, também agravada com as sucessivas desvalorizações do real", alertou a empresa de consultoria privada Abeceb em um recente relatório.

Dado que sete de cada dez dólares que a Argentina exporta ao Brasil são de origem industrial, o custo da crise brasileira para o setor manufatureiro argentino poderia ser alto.

De fato, as exportações mais afetadas são as de automóveis e isso já está provocando suspensões de trabalhadores nas fábricas argentinas de autopeças.

Para a Economía & Regiones, a perda do "grau de investimento" potencializa os problemas do Brasil pois "poderia desencadear uma saída maciça de dinheiro dos mercados financeiros brasileiros impulsionando uma maior desvalorização e um aumento do risco-país".

A desvalorização e um menor financiamento internacional reduziriam os níveis de atividade e consumo na economia brasileira.

"Este ajuste do Brasil redundaria em uma perda de competitividade e em uma menor demanda por exportações argentinas, com o que nossa indústria enfrenta um panorama que não é auspicioso", considerou a empresa de consultoria.

Para Miguel Ángel Boggiano, titular da empresa de consultoria Carta Financeira e professor de Finanças da Universidade de San Andrés, a perda do "grau de investimento" poderia derivar em uma "catarata" de vendas de títulos de dívida brasileiros, empurrando "o preço do real ainda mais para baixo".

"Simplesmente estamos nos tornando cada vez mais caros para o Brasil", observou o analista, que, levando em conta a evolução do real e do peso e a inflação de ambos países no último ano, calcula que, para saldar o atraso cambial com o Brasil, a taxa de câmbio na Argentina deveria ser hoje de 17,25 pesos por dólar, frente à cotação oficial atual de 9,35 pesos por dólar.

Segundo Boggiano, a taxa de câmbio real na Argentina está "marcadamente atrasada", o que se traduz em "menos vendas, menos lucro e menos trabalho".

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCrise econômicaDados de Brasil

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame