Mulher passa por uma placa de anúncio com taxas de moeda estrangeira e o rublo em Moscou (Kirill Kudryavtsev/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 17h13.
Moscou - As vinte pessoas mais ricas da Rússia perderam US$ 10 bilhões nesta semana porque o Banco Central elevou as taxas de juros para compensar as sanções impostas pelos países ocidentais que esmagaram o rublo e deixaram o RTS Index do país no menor patamar desde março de 2009.
Os bilionários perderam um total de US$ 62 bilhões em 2014, segundo o Bloomberg Billionaires Index, e juntos controlam US$ 174 bilhões.
A União Europeia e os EUA limitaram o acesso das empresas russas a financiamento para punir o presidente Vladimir Putin depois que ele anexou a Crimeia em março. Os problemas da Rússia foram agravados pelo correspondente desabamento do preço do petróleo, uma base da economia do país.
O rublo despencou 50 por cento desde o final de junho. O petróleo bruto chegou ao mínimo em cinco anos depois que os Emirados Árabes Unidos disseram que a OPEP não vai conter a produção. Em resposta, o Banco Central da Rússia aumentou a taxa de juros de referência de 10,5 por cento para 17 por cento no meio da noite em Moscou, no dia 15 de dezembro, quando o rublo recuou para mais de 64 por dólar pela primeira vez.
“Os otimistas que pensavam em março que tudo daria certo no final agora entendem que nada estará bem”, disse Stanislav Belkovsky, assessor do Kremlin durante o primeiro mandato de Putin e atualmente consultor do Instituto de Estratégia Nacional de Moscou, uma empresa de pesquisa. “Os mais ricos da Rússia consideram esta situação muito negativamente, mas eles não têm as ferramentas para revertê-la”.
Leonid Mikhelson foi o mais prejudicado em termos de dólares entre aqueles que permanecem entre as vinte pessoas mais ricas do país. Ele perdeu US$ 8,7 bilhões desde o começo do ano. O homem de 59 anos é o CEO da OAO Novatek, a segunda maior produtora de gás natural da Rússia. Sua fortuna é de US$ 9,2 bilhões, segundo o ranking da Bloomberg.
Laços com Putin
Gennady Timchenko, 62, registrou a segunda maior perda de dólares, US$ 7,8 bilhões, neste ano. Timchenko, que possui laços estreitos com Putin, é dono de 23,5 por cento da Novatek e foi atingido pelas sanções individuais dos EUA em março. Sua fortuna líquida é de US$ 3,2 bilhões.
Os declínios também destronaram Alisher Usmanov do topo da lista dos mais ricos da Rússia. O homem de 61 anos é dono de mais de 20 por cento da OAO Mega Fon, a segunda maior operadora de telefonia celular da Rússia, que recuou 58 por cento em 2014. Usmanov, cujas perdas na Rússia foram mitigadas por ganhos nas empresas chinesas de tecnologia Alibaba Group Holding Ltd. e JD.com Inc., perdeu US$ 6,8 bilhões no que vai do ano.
Usmanov cedeu a liderança a Viktor Vekselberg, quem esteve no topo durante 17 dias no final de 2012, depois que ele e quatro sócios bilionários decidiram vender sua metade do empreendimento petrolífero TNK-BP à empresa estatal OAO Rosneft por US$ 28 bilhões.
Evtushenkov e Deripaska
Ninguém sofreu mais em termos porcentuais do que Vladimir Evtushenkov. Outrora a 14º pessoa mais rica da Rússia, o homem de 66 anos perdeu quase 90 por cento da sua fortuna, o que o expulsou da lista dos vinte. O bilionário foi condenado à prisão domiciliar por um tribunal de Moscou em setembro depois que um inquérito por lavagem de dinheiro o vinculou com a aquisição de US$ 2,5 bilhões em ações na produtora de petróleo OAO Bashneft.
O bilionário do alumínio Oleg Deripaska, dono de uma participação de 48 por cento na United Co. Rusal, a maior fabricante de alumínio do mundo, listada em Hong Kong, é o único bilionário russo cuja fortuna aumentou neste ano.
O homem de 46 anos ganhou US$ 855 milhões porque a queda do rublo impulsionou as companhias mineradoras e de fabricação de metais que têm custos em rublos e obtêm sua receita em moedas estrangeiras. A United Co. Rusal cresceu 101 por cento neste ano. As ações da Rusal declinaram 4,9 por cento para 4,62 dólares de Hong Kong nas operações nessa cidade ontem.