Economia

Macroeconomia e violência tiram competitividade do Brasil, diz WEF

"A corrupção ainda é um aspecto que depõe contra o Brasil quando o assunto é localizá-lo no mapa da competitividade internacional, mas já não é o mais importante". A afirmação é do suíço Felix Howald, gerente regional sênior do World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial - WEF) para a América Latina. Em visita ao Brasil […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

"A corrupção ainda é um aspecto que depõe contra o Brasil quando o assunto é localizá-lo no mapa da competitividade internacional, mas já não é o mais importante". A afirmação é do suíço Felix Howald, gerente regional sênior do World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial - WEF) para a América Latina. Em visita ao Brasil para participar do I Congresso Internacional Brasil Competitivo, evento que teve início nesta quinta-feira (6/11) em São Paulo, Howald afirmou que os aspectos macroeconômicos relativos ao Brasil, assim como a violência, foram os que mais contribuíram para que o país perdesse duas posições no último ranking de competitividade internacional realizado pelo WEF e divulgado na última semana.

Como fatores macroeconômicos, Howald citou a inflação, o spread bancário e a dívida brasileira. "Hoje, a inflação do país, de 8% a 10%, é considerada baixa perto dos índices já registrados no passado", diz Howald. "Mas ainda assim é muito elevada se pensarmos que os países desenvolvidos têm taxas de 2% a 3%".

Nenhum fator relacionado ao Brasil, entretanto, diz Howald, chama tanto a atenção quanto o quesito spread - a diferença entre o custo de captação de capital dos bancos e as taxas cobradas dos clientes. Nele, o Brasil ocupou a 100o posição no ranking, só sendo superado pelo Uruguai e Angola. "Isso é alarmante e se reflete na dificuldade que as empresas têm em obter financiamentos", diz Howald.

Os executivos brasileiros entrevistados pela WEF têm impressão negativa quanto ao desempenho do setor público. No ranking de eficiência do sistema tributário, o Brasil só não teve uma pior avaliação que a Alemanha, sendo superado por todos os outros 100 paises que participaram da pesquisa. Além de insatisfeitos com a maneira como pagam seus impostos, Howald afirmou que a percepção dos executivos é de que o governo é também ineficiente na hora de gastar o que arrecada.

A análise de quão eficientes são os gastos dos governos passou a ser analisada pelo ranking do WEF este ano. "Até então só considerávamos a relação Produto Interno Bruto (PIB) versus gastos do governo dos países, mas isso prejudicava a posição de alguns dos europeus que tinham essa relação alta por proverem serviços de qualidade aos cidadãos", afirma Howald. "Passamos então a analisar a questão de uma maneira mais aprofundada".

Mas nem tudo que veio à tona sobre o Brasil no ranking é desanimador. "O Brasil perdeu posições, mas há dados isolados muito positivos que devem ser levados em conta", diz Howald. Um deles é a relação do país com a tecnologia. "Embora não esteja no grupo de países que a criam, o Brasil a recebe com muita rapidez e sabe adaptá-las para atender às necessidades locais", afirma ele. O acesso à internet e o uso que o país faz dela - com destaque para o governo é um dos itens que mais chamam a atenção. "Há países que estão no ranking que possuem apenas um provedor", diz Howald. "O que torna o acesso difícil, caro e para poucos".

O otimismo dos brasileiros também conta pontos a favor do país. Ele apareceu na pesquisa para realização do ranking quando os executivos do WEF compararam os dados estatísticos sobre as perspectivas de crise para o próximo ano, com base em informações macroeconômicas, com as impressões dos executivos. "O cenário baseado nas estatísticas não é bom, mas os executivos não o vêem de forma tão ruim", afirma Howald. Na Argentina, segundo ele, a situação é contrária. "Se os indicativos já apontam para um cenário ruim, a percepção do empresariado é de que ele vai ser ainda pior", afirma ele. "Um sinal péssimo de que eles não acreditam mais no país".

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