Lula tem pouco para mostrar com sua aventura em Teerã, diz The Economist
São Paulo - O Brasil reduziu as chances de garantir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU após a decisão de votar contra as sanções ao programa nuclear do Irã, segundo artigo publicado na revista The Economist nesta quinta-feira (17). A publicação britânica questiona a política externa do governo Lula e cita o […]
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2010 às 00h03.
São Paulo - O Brasil reduziu as chances de garantir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU após a decisão de votar contra as sanções ao programa nuclear do Irã, segundo artigo publicado na revista The Economist nesta quinta-feira (17). A publicação britânica questiona a política externa do governo Lula e cita o acordo polêmico com Teerã e a aproximação entre o governo brasileiro e Venezuela e Cuba.
"Embora o Brasil tenha sido um membro do Conselho de Segurança da ONU em dez diferentes ocasiões desde 1946, o país nunca havia votado contra uma resolução proposta pela maioria", diz o texto. A revista aponta que, ao fazer isso, o governo brasileiro não só contrariou aliados históricos como os Estados Unidos e a Europa, como também foi de encontro aos novos parceiros, como Rússia e China, que também se preocupam com o programa nuclear iraniano.
"Por que o governo Lula arriscou tanto o seu pescoço pelo Irã?". Segundo a The Economist, "a aventura do presidente Lula no Irã reflete o excesso de confiança de um político que repousa em uma taxa de aprovação de mais de 70% e vê a guerra no Iraque e a crise financeira como fatos que danificaram irreparavelmente o poder e a credibilidade dos EUA. Mas os EUA ainda são o segundo maior parceiro comercial do Brasil".
O artigo ainda destaca os esforços e investimentos do governo Lula em ampliar a influência da política externa brasileira, mas diz que nos últimos anos, o presidente Lula optou por avanços controversos, como o suporte ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e aos irmãos Castro, em Cuba.
"Lula quer reformar a ONU para que esta passe a refletir o mundo atual, com o Brasil ganhando um assento permanente no Conselho de Segurança, mas ao escolher aplicar suas visões de como o mundo deveria ser conduzido, provocando preocupação na Europa e Estados Unidos - e em uma questão em que o Brasil não tem interesses nacionais óbvios -Lula pode ter apenas reduzido as chances de conseguir o seu intento".