Economia

Lula cobra coerência de países desenvolvidos nas reuniões do G-8 e da OIT

Em seu discurso na sessão especial da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar as barreiras protecionistas e a incoerência na política fiscal adotada pelos países ricos nesta segunda-feira (2/6). "Na América do Sul, vários países pagaram o preço social e político por não terem aceito o […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h48.

Em seu discurso na sessão especial da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar as barreiras protecionistas e a incoerência na política fiscal adotada pelos países ricos nesta segunda-feira (2/6). "Na América do Sul, vários países pagaram o preço social e político por não terem aceito o receituário neoliberal , disse Lula, repetindo o teor do seu discurso de ontem em Evian (França), na reunião do G-8, o grupo dos países mais industrializados do mundo mais a Rússia.

Lula afirmou que o seu governo é marcado pela forte presença de ex-dirigentes sindicais e, por isso, busca impor todas as reivindicações trabalhistas históricas, incluindo o respeito às convenções da OIT. Ele também abordou o tema da discriminação no trabalho, que será discutido na Conferência da Organização a partir desta terça-feira (3/6).

Lula e o G-8

Os países em desenvolvimento encerraram neste domingo (1/6) a sua participação no encontro do G-8, mas algumas de suas idéias vão repercutir nesta segunda-feira (2/6), quando o evento passa a ser, de fatom restrito aos representantes dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia. Uma dessas propostas é a criação de um fundo internacional de combate à fome, sugerida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A idéia de Lula será introduzida na pauta pelo presidente do G-8, Jacques Chirac. O G-8 é formado por Alemanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Canadá, Japão e Rússia.

Em entrevista coletiva, Chirac fez elogios ao discurso de Lula. Ele afirmou concordar totalmente com a proposta, mas ponderou sobre a viablidade técnica para se criar mecanismos de distribuição do fundo.

Um outro tema abordado por Lula foi reforçado pelo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler. Lula cobrou coerência dos países na promoção do crescimento econômico das nações em desenvolvimento. "O Brasil e muitos países em desenvolvimento fizeram, na última década, o esforço exigido pelas estratégias econômicas predominantes. Mas não houve avanços importantes no combate à exclusão social. Ao contrário, onde o fundamentalismo imperou não se alcançou a prometida estabilidade econômica", declarou Lula.

Köhler comentou que os países ricos fizeram a exigência de austeridade fiscal, mas só têm produzido déficits. Segundo relatos de Lula a jornalistas, Köhler cobrou "dos EUA e da Europa medidas para conter a crise, porque, se não, será desastrosa para o mundo nos próximos anos". Na entrevista coletiva, Lula disse que achou importante a cobrança do presidente do FMI por uma posição tanto dos Estados Unidos quanto da Europa. "Ele cobrou uma preocupação para que tomem medidas para evitar a crise senão será desastroso para o mundo nos próximos anos", disse o presidente.

No intervalo, Lula conversou por alguns minutos com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Eles levantaram alguns assuntos a serem abordados no encontro oficial que terão no dia 20, na Casa Branca, em Washington. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, adiantou que serão abordados temas da área comercial e cooperações nas áreas de educação e ciência e tecnologia.

O presidente brasileiro também enfatizou, por diversos momentos, a importância da cooperação entre os países em desenvolvimento para vencer os desafios da falta de crescimento. "Uma coisa importante, que pelo menos eu descobri, é que os países em desenvolvimento não precisam ficar esperando os países do G-8 convidar para que a gente faça as reuniões que a gente tem que fazer", disse ele aos jornalistas.

Lula realizou encontros bilaterais com os representantes do Senegal, África do Sul, Arábia Saudita, Argélia e Nigéria. Nesta segunda-feira (2/6), os encontros prosseguem com os líderes da China e da Índia. No encontro com o presidente da Argélia, Addelaziz Boutlefika, Lula anunciou a ajuda humanitária ao país, vitimado recentemente por terremoto. A Vladimir Putin, da Rússia, convidou para uma visita ao Brasil. Mas, segundo Amorim, o mais provável é que Lula vá a Moscou, já que o país se prepara para eleições em março.

Programação do G-8

A desvalorização do dólar e os seus impactos na economia mundial fazem parte da agenda de discussões que os líderes do G8 promovem nesta segunda-feira (2/6), em Evian. A ameaça de estagnação e recessão das economias dos Estados Unidos e da União Européia está mobilizando líderes como o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e Romano Prodi, presidente da Comissão da União Européia. Representantes do Japão também enfatizaram a importância de se discutir o tema.

George W. Bush afirmou nesta segunda-feira (2/6) que os países do G-8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia) discutiram seu "desejo comum" de estimular o crescimento de suas economias. Bush fez os comentários sentado próximo ao presidente francês, Jacques Chirac, antes de uma reunião bilateral entre os dois. Chirac disse que o G-8 usará a cúpula para enviar uma "mensagem de confiança" sobre a economia global.

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