Exame Logo

Leia íntegra do bate-papo com assessor de Lula

Leia a íntegra do bate-papo com o coordenador executivo do programa de governo de Lula, Antônio Prado, realizado na noite desta terça-feira. O Portal EXAME encerrou a rodada de bate-papos com os assessores econômicos dos principais candidatos à Presidência da República. Durante o mês de setembro, o internauta também teve a oportunidade de perguntar e […]

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h56.

Leia a íntegra do bate-papo com o coordenador executivo do programa de governo de Lula, Antônio Prado, realizado na noite desta terça-feira. O Portal EXAME encerrou a rodada de bate-papos com os assessores econômicos dos principais candidatos à Presidência da República. Durante o mês de setembro, o internauta também teve a oportunidade de perguntar e ouvir as propostas econômicas dos candidatos Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, José Serra, do PSDB, e Anthony Garotinho, do PSB.

(19:01:25) Selecionador EXAME: Boa noite, a revista EXAME recebe nesta terça-feira o coordenador executivo do programa de governo da campanha de Lula à Presidência, Antônio Prado. É um prazer recebê-lo hoje aqui.

Veja também

(19:01:56) Antônio Prado: Boa noite. O prazer é meu e agradeço o convite.

(19:03:03) Selecionador EXAME: A EXAME encerra hoje, com a entrevista e bate-papo com Antônio Prado, a série de conversas com os assessores econômicos dos presidenciáveis. Durante o mês de setembro, recebemos a visita de representantes das equipes econômicas de Ciro Gomes, Anthony Garotinho e José Serra.

(19:03:55) Selecionador EXAME: Para começar nosso bate-papo vamos falar sobre desemprego. Afinal, o programa de governo do PT prevê a criação de 10 milhões de empregos?

(19:05:41) Antônio Prado: O programa da coligação Lula Presidente identifica a necessidade de geração de 10 milhões de empregos, para absorver os jovens que entram no mercado de trabalho todos os anos e reduzir o atual estoque de desempregados. Nosso compromisso é de buscar com vigor a geração de empregos.

(19:06;43) Vera fala para Antônio Prado: Como gerar empregos se há muita mão-de-obra qualificada desempregada. Gerarão empregos para os que têm mais de 40 anos?

(19:08:49) Antônio Prado: Geração de empregos para todos os segmentos do mercado de trabalho. A maior taxa de desempregos é dos jovens entre 16 e 24 anos. Mas os que têm acima de 40 anos ficam mais tempo desempregados, cerca de 70 semanas.

(19:09:23) Indeciso fala para Antônio Prado: Antonio Prado, o país parece diante de uma questão ovo/galinha: o que vem antes, geração de empregos ou educação/qualificação da população?

(19:11:10) Antônio Prado: A educação é um elemento importante no longo prazo, mas no curto prazo o que determina a geração de empregos é o crescimento da economia. Durante os anos FHC a economia cresceu 2,3% ao ano. Criaremos as condições para que a economia cresça em média 5% ao ano de 2003 a 2006.

(19:11:41) Daniel Galli fala para Antônio Prado: O Governo Lula irá implantar o programa "Fome Zero" logo no primeiro ano de governo?

(19:12:34) Antônio Prado: É fundamental iniciar a implantação do programa fome zero no primeiro ano. Temos cerca de 44 milhões de pessoas nessa situação e elas não podem esperar.

(19:13:32) Selecionador EXAME: Antônio, qual é a política adotada pelo candidato Lula sobre o salário mínimo? Há promessa de aumento real?

(19:14:16) Antônio Prado: Sim. Nossa proposta é de dobrar o poder aquisitivo do salário mínimo em quatro anos.

(19:15:01) Selecionador EXAME: Em números, isso seria ter um mínimo em que valor? Algo parecido, em dias atuais, com 400 reais?

(19:15:47) Antônio Prado: Em valores de hoje seriam R$ 400,00.

(19:16:37) flavio fala para Antônio Prado: como conseguir esse aumento?

(19:18:16) Antônio Prado: Adotaremos uma estratégia gradual, pois cada real de aumento do salário mínimo implica em um impacto líquido sobre as contas da previdência de R$ 180 milhões. Para isso, teremos que ampliar a formalização no mercado de trabalho, para arrecadar mais recursos para a previdência.

(19:18:54) Nilton fala para Antônio Prado: Com tantas modificações estéticas, o Lula e o PT, ainda podem se considerar os expoentes da vontade popular?

(19:20:36) Antônio Prado: Os fundamentos do PT continuam os mesmos, nossos compromissos com políticas sociais, do interesse do povo. A imagem mais leve não modifica esses compromissos e a população está aprovando, é o que indica as pesquisas de intenção de votos.

(19:20:46) Camila fala para Antônio Prado: como fazer para que as negociações sobre a ALCA possam implementar políticas mais favoráveis ao Brasil?

(19:23:08) Antônio Prado: A ALCA como está hoje não é do interesse nacional. Os EUA enviam sinais que não recomendam investir nesse processo, pois aumentaram os subsídios agrícolas, aprovaram um TPA-Trade Promotion Act potencialmente muito protecionista e adotaram salvaguardas para a indústria do aço. Onde não somos competitivos, eles não abrem oportunidades. Onde somos competitivos, eles não abrem oportunidades de negócios.

(19:23:18) Sérgio Abellan pergunta para Antônio Prado: Qual será a política econômica do Banco Central no governo Lula para se evitar que a dívida externa continue crescendo?

(19:27:12) Antônio Prado: Quanto ao Bacen, manteremos a política do Real mais desvalorizado, para estimular as exportações e inibir as importações. As outras políticas serão elaboradas por uma Secretaria de Comércio Exterior, vinculada à presidência da República, integrando as ações de cinco ministérios (Fazenda, Agricultura, Desenvolvimento, Relações Exteriores e Planejamento). Saldos comerciais são essenciais para sinalizar a solvência das contas externas.

(19:27:53) Vera fala para Antônio Prado: Como crescer com o FMI impondo regras?

(19:31:11) Antônio Prado: O FMI exige um superávit primário de 3,75% do PIB, para reduzir a dívida pública líquida como proporção do PIB. Nesse momento, essa condição é importante para afastar dúvidas quanto nossa capacidade de pagar a dívida pública. Várias medidas pró-crescimento podem ser adotadas apesar do FMI, principalmente as de estímulo ao comércio exterior, redirecionamento dos gastos públicos para setores mais eficientes na geração de empregos e financiamento de políticas sociais, que demandam reais.

(19:31:46) felipe fala para Antônio Prado: Qual a expectativa, que nós microempresários poderemos ter em relação ao Governo Lula?

(19:33:50) Antônio Prado: Nós entendemos que as microempresas são grandes geradoras de emprego. Não é possível permitir o que ocorre hoje: 75% das microempresas criadas em 1995 já fecharam. Precisam de crédito mais barato, regras mais simples e estabilidade dos mercados.

(19:34:06) Márcio fala para Antônio Prado: Como será os primeiros meses de governo de Lula caso ele ganha?

(19:35:09) Antônio Prado: O próximo ano será difícil, dada a crise atual. No entanto, reformas importantes começarão a ser negociadas, principalmente a tributária.

(19:36:44) Décio fala para Antônio Prado: Como deverá proceder o governo LULA com relação à guerra travada entre os Estados, com concessão de benefícios fiscais, para atrair empresas e industrias?

(19:38:42) Antônio Prado: Proporemos uma política nacional de desenvolvimento regional e uma política industrial. Hoje a guerra fiscal é resultado da total ausência do governo federal nos rumos do desenvolvimento.

(19:38:47) Cr5Tyer3 fala para Antônio Prado: O senhor é a favor de esquecer a Alca e fazer um acordo bilateral com os Estados Unidos para abrir o mercado deles aos nossos produtos?

(19:41:15) Antônio Prado: É uma abordagem que poderá ser analisada. Somos favoráveis a um aumento do fluxo de comércio brasileiro com os nossos parceiros, o que não queremos é um acordo que venha a bloquear nossas possibilidades de desenvolvimento soberano. O item de investimentos da ALCA, por exemplo, impede uma política industrial.

(19:41:21) Cr5Tyer3 fala para Antônio Prado: Cada vez que Lula sobe nas pesquisas, o dólar também sobe. Quanto você acha que deveria ser o valor do dólar?

(19:41:29) Cr5Tyer3 fala para Antônio Prado: O PT tem alguém capaz de sentar no Banco Central e conter a alta do dólar?

(19:44:27) Antônio Prado: O dólar sobe por problemas externos e pelos erros cometidos na gestão da dívida pública. Houve um excesso de emissão de títulos indexados ao dólar e eles estão vencendo agora. O tal do lulômetro é uma bobagem de analistas que querem fazer política e não análise econômica. O PT tem quadros para assumir o Banco Central, mas os nomes só serão anunciados após os resultados da eleição.

(19:46:47) p-2002 fala para Antônio Prado: Como o senhor analisa o fato da Petrobras terceirizar serviços advocatícios pagando milhares de reais mensais quando dispõe de um quadro de reserva de pessoas aprovadas em concurso publico, cujo salário é muito mais barato que a terceirização, além de ser mão-de-obra qualificada?

(19:48:44) Antônio Prado: A política de terceirização das empresas estatais deve ser cuidadosamente reestruturada. Vários problemas existem nessa área, por exemplo, a terceirização da manutenção de atividades operacionais ampliaram os riscos de acidentes. É um problema sério e deve ser revisto com critério.

(19:48:53) José fala para Antônio Prado: Além de ter "um mascate em cada Embaixada", como disse Lula, como serão as relações internacionais no Governo de Lula? Haverá, por exemplo, aproximação com Cuba ou com os palestinos?

(19:52:02) Antônio Prado: O bloqueio comercial imposto à Cuba pelos EUA é inaceitável. Cuba é um país submetido a problemas imensos devido à esse embargo. Nem a opinião pública vê mais sentido nisso. Somos solidários aos povos do Oriente Médio e queremos contribuir para um processo de paz entre Israel e a Palestina.

(19:52:05) Cr5Tyer3 fala para Antônio Prado: O PT foi contra a Lei da Responsabilidade Fiscal no Congresso. Por quê? Como acreditar que agora vai cumprir as metas?

(19:55:05) Antônio Prado: Primeiro porque as administrações do PT, tanto prefeituras como governos de estado, têm dado exemplos concretos de responsabilidade na gestão da coisa pública, uma prefeitura do PT até ganhou um prêmio. Segundo, é bom não deixar de lembrar que o governo FHC é que conduziu o país a uma situação que gera dúvidas quanto à solvência pública, ao elevar a dívida de 28% do PIB em 1994 para 61% em 2002.

(19:55:17) MIGUEL fala para Antônio Prado: É esperado que o Brasil sofra grande dificuldade financeira, independente de quem seja o novo presidente. O PT e o governo LULA está preparado para administrar financeira e politicamente essa provável situação?

(19:58:49) Antônio Prado: Já assumimos os compromissos básicos necessários para administrar essa situação. Superávit primário em nível necessário para não permitir o crescimento da dívida pública líquida como proporção do PIB, metas inflacionárias, câmbio flutuante, sem permitir uma apreciação muito grande do Real, e estrito respeito aos contratos legais. Além disso, vamos tratar da vulnerabilidade externa gerada durante os anos FHC, através de uma política de comércio exterior ativa. Vamos sim colocar o Itamaraty para o Itamaraty para representar os interesses comerciais do Brasil no exterior.

(19:58:53) Selecionador EXAME: A Revista EXAME agradece a participação do coordenador executivo da campanha de Lula, Antônio Prado. No último mês, realizamos uma rodada de bate-papos com os principais assessores econômicos dos presidenciáveis. Antônio, foi um prazer recebê-lo aqui hoje e, mais uma vez, obrigado.

(20:00:23) Antônio Prado: Agradeço mais uma vez o convite. Boa noite para todos(as) os(as) participantes.

(20:00:26) Selecionador EXAME: Quem quiser ver como foi essa rodada de bate-papos é só acessar o site da exame exame.com.br.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame