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Jornais são termômetro preciso da economia dos EUA, diz Fed

Reportagens sobre a economia dos EUA podem ser até mais efetivas do que indicadores mais tradicionais, como as pesquisas de sentimento do consumidor

Fed: a pesquisa do Fed joga água fria na percepção de que a grande imprensa está desconectada do mercado em geral (Anindito Mukherjee/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2017 às 18h05.

Londres - Compre as notícias e venda os dados subjetivos.

Essa é a conclusão de um estudo do Federal Reserve de São Francisco, que sugere que as reportagens financeiras têm poder preditivo no tocante a uma série de dados econômicos.

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As reportagens sobre a economia dos EUA podem ser até mais efetivas do que indicadores mais tradicionais, como as pesquisas de sentimento do consumidor, quando se trata de avaliar o “espírito animal” e prever a atividade futura, concluiu.

Apesar de a confiança da população americana em geral nas fontes de notícias ter atingido mínimas históricas em meio a acusações de notícias falsas difundidas durante as eleições presidenciais dos EUA, a pesquisa do Fed joga água fria na percepção de que a grande imprensa está desconectada do mercado em geral, se os principais indicadores econômicos servem de base.

“Especificamente, mostramos que o sentimento extraído das reportagens dos jornais se correlaciona com indicadores importantes de ciclos de negócios contemporâneos e futuros”, concluíram os economistas Adam Hale Shapiro e Daniel Wilson, do Fed de São Francisco, em relatório escrito de forma colaborativa no mês passado com Moritz Sudhof, da empresa de análises de dados Kanjoya.

“Em uma comparação cara a cara, esses novos indicadores de sentimento têm desempenho melhor que os indicadores de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan e da Conference Board.”

O modelo -- que usou análise de textos por computador para quantificar e estruturar o conteúdo emocional de 16 grandes jornais dos EUA de 1980 a 2015 -- gera sinais e os compara com uma série de indicadores econômicos, como taxa de fundos federais, consumo, emprego, inflação, produção industrial e até o S&P 500 Index.

Os dados capturam um material sensível a um grande leque de tópicos, regiões e fusos horários e ressalta correlações simples.

Um choque negativo nos dados do sentimento das notícias coincide com uma perspectiva mais sombria para a atividade econômica real e vice-versa, por exemplo.

Shapiro e sua equipe determinam essa relação avaliando os indicadores econômicos com quatro pontuações de sentimento, incluindo um modelo de “negatividade” dependente de máquinas e uma abordagem léxica, ou de “saco de palavras”, que utiliza um dicionário pré-definido para sinalizar estados de humor.

Pesquisa anterior de Saeed Amen, fundador da firma de assessoria macroeconômica Cuemacro, descobriu uma correlação entre o fluxo de notícias e o ritmo dos índices de surpresa econômica, que ajudaram a impulsionar uma alta do mercado internacional de ações nos últimos 12 meses.

Essa conclusão dá credibilidade à visão de que o sentimento das notícias pode basear estratégias de negociação quantitativa, conclui ele.

“A conclusão do relatório faz sentido, porque as notícias econômicas são, em si, um reflexo dos dados econômicos que estão sendo divulgados”, disse Amen, por e-mail. “Ao mesmo tempo, as notícias econômicas englobam comentários sobre o futuro.”

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