Joaquim Levy deve ser novo presidente do BNDES, diz fonte
Segundo a fonte, que pediu para não ser identificada, é praticamente certo que Levy será o novo comandante do banco de fomento no lugar de Dyogo Oliveira
Reuters
Publicado em 12 de novembro de 2018 às 08h20.
Última atualização em 12 de novembro de 2018 às 08h30.
Rio de Janeiro - Ex-ministro da Fazenda e atual diretor financeiro do Banco Mundial, o economista Joaquim Levy foi convidado para assumir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ) no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, de acordo uma fonte próxima às negociações para a montagem da nova equipe de governo, ouvida pela Reuters.
Segundo a fonte, que pediu para não ser identificada, é praticamente certo que Levy será o novo comandante do banco de fomento no lugar de Dyogo Oliveira. "Ele é um grande quadro e tem capacidade e experiência para fazer um bom trabalho", disse a fonte.
No domingo, a colunista Sonia Racy, do jornal O Estado de S. Paulo, disse que Levy já estaria esvaziando as gavetas na sede do Banco Mundial em Washington para retornar ao Rio de Janeiro para assumir o BNDES. Contactados pela Reuters, o Banco Mundial e o BNDES não comentaram a informação.
Nomeação não é um acaso
Atualmente, Levy ocupa cargo de diretor-geral e diretor-financeiro no Banco Mundial, em Washington, e, antes de assumir a pasta da Fazenda, foi diretor da gestora Bradesco Asset Management, secretário da Fazenda do Rio de Janeiro, vice-presidente de finanças e administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e secretário do Tesouro Nacional.
A nomeação, se confirmada, não será por um acaso. Levy fez doutorado na Universidade de Chicago, mesma instituição onde Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, fez seu pós-doutorado. Aliás, em abril, Guedes disse que o Brasil deveria ter adotado os preceitos defendidos pelos Chicago Boys, se referindo a um grupo de economistas que estudaram na universidade e influenciaram reformas liberais no Chile, Estados Unidos e Reino Unido.
Levy seria um nome de peso para uma autarquia esvaziada. A se basear pelos discursos de Bolsonaro e inclinações liberais de Guedes, o BNDES deve ter um papel menos proeminente nos próximos anos em relação aos governos anteriores. A ideia é diminuir o tamanho do banco estatal, dando mais espaço para instituições privadas financiarem empresas.
Dúvida na mesa
Para Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset, o papel de um banco de fomento de um país é focar em setores que ajudem no desenvolvimento da economia real. “Os empréstimos devem contemplar significativamente pequenas e médias empresas, que são o motor de toda economia desenvolvida. Deve atuar de maneira anti-cíclica, investindo mais nas crises e deixando os bancos privados atuarem em períodos de calmaria, quando geralmente os juros estão baixos”, diz.
Por outro lado, o especialista diz que o BNDES expandiu muito seus gastos depois da crise de 2008. “A proeminência do BNDES tende a diminuir caso o novo presidente entenda que deva diminuir os gastos, ou seja, devolver recursos à União”, afirma. Uma dúvida na mesa: no governo Temer o BNDES foi importante para salvar o caixa do governo federal. O caixa continuará apertado com Bolsonaro — a ver de onde virão os recursos.