Economia

Japão trabalha para a sociedade envelhecida do futuro

O Japão procura soluções para a crescente demanda no cuidado dos idosos, um setor que promete ser responsável por uma grande rentabilidade


	Japoneses idosos: Japão é um dos países mais envelhecidos do mundo
 (Yoshikazu Tsuno/AFP)

Japoneses idosos: Japão é um dos países mais envelhecidos do mundo (Yoshikazu Tsuno/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2014 às 14h32.

Tóquio - O Japão, um dos países mais envelhecidos do mundo, procura soluções para a crescente demanda no cuidado dos idosos, um setor que promete ser responsável por uma grande rentabilidade econômica no futuro.

Nos últimos dias, o professor Hiroshi Kobayashi, da Universidade de Ciências de Tóquio, trabalha no projeto de uma máquina que literalmente tira as pessoas dependentes da cama e também em outra que ajuda a se sentar e levantar do banheiro.

O projeto é um dos muitos que agora está no foco do setor privado no país asiático, já cobrado pela sociedade super envelhecida.

Segundo dados divulgados em abril pelo Ministério da Saúde japonês, o número de japoneses com mais de 64 anos foi de quase 32 milhões, o que representa 25% da população do arquipélago.

Deles, 5,4 milhões requerem algum tipo de assistência, um número crescerá ainda mais quando a terceira idade será quase 40% da sociedade japonesa em torno do ano 2050, segundo previsões do governo.

Dentre todos os projetos de Kobayashi, o que já é uma realidade é seu exoesqueleto mecânico pensado especialmente para o setor de atendimento a idosos.

A armadura, que começou a ser produzir em série pela "Kikuchi", permite basicamente que a pessoa que a utiliza levante 30 quilos sem esforço.

Kobayashi desenhou especificamente este sistema para cuidadores depois que o responsável de uma empresa do setor lhe falou das dores lombares que sofrem os trabalhadores do coletivo por ter de levantar idosos para colocá-los ou tirá-los da cama ou do banheiro.

Deste modo, o equipamento é perfeito para movimentar pessoas dependentes graças a um sistema de "músculos artificiais".


Ditos músculos, que ficam apoiados sobre as costas da pessoa que utiliza a armadura, se esticam quando o usuário sopra por uma lingueta, o que ativa uma injeção de ar comprimido.

Nesse momento só é preciso ter agarrado o sujeito; a armadura faz o resto já que o mecanismo imita a força que produzem os músculos das costas e joga os ombros para trás.

Embora o preço esteja longe de ser uma pechincha (entre 2.150 e 5.750 euros), o fabricante permite a opção de alugar uma armadura por 180 euros por mês e deve fazer frente a cerca de mil pedidos neste ano.

"Agora há muitos postos na indústria nos quais mulheres ou pessoas de certa idade não podem trabalhar devido ao enorme esforço físico, mas espero que isso mude com este aparelho", explicou à Agência Efe Kobayashi em uma recente demonstração de sua armadura, que segundo ele, também criou interesse em empresas de logística.

Outro enfoque inovador no setor vem pelas mãos de "JC Group", uma empresa criada há sete anos por Hideaki Fujita partindo da ideia de oferecer um tratamento mais próximo e personalizado para seus clientes.

Em primeiro lugar, JC não constrói instalações específicas, mas desembolsa uma quantia muito menor para adquirir casas desocupadas (um fenômeno em alta no Japão devido à diminuição da população), onde depois as submete a um condicionamento mínimo.

O resultado é um entorno muito menos impessoal onde se presta serviço a dez clientes no máximo e emprega outros dez trabalhadores em três turnos, o que costuma envolver um cuidador para cada três idosos, uma proporção muito superior do que a maioria de negócios deste tipo no Japão.

Os próprios funcionários de JC explica que para os usuários com demência senil é muito traumático comparecer a um centro onde há mais pessoas e idosos, porque tantos rostos alimentam sua confusão e frustração.

Por isso, cada empregado das residências de JC usa uma camisa com um cor que sempre deve brilhar para facilitar sua identificação.

A empresa também assinou um convênio com uma agência de representação de artistas, que envia seus futuros músicos aos centros, onde, além de trabalhar como pessoal assistente, atuam para os idosos.

Fujita detalhou que o número de centros como esse disparou desde que fundou a companhia, passando dos 5 mil aos 35 mil pelo forte aumento da demanda.

"Para 2015, queremos conseguir as mil filiais no Japão, onde em longo prazo temos como objetivo abrir seis mil", explicou Fujita, que estuda também se expandir para Taiwan e China.

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