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Investimentos produtivos indicam sustentação do crescimento

Dados do Ipea e do BNDES mostram que as empresas brasileiras aumentaram o ritmo de investimentos neste ano. Reportagem é a quarta da série especial 2004 em EXAME

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h27.

A capacidade do Brasil em continuar crescendo no próximo ano é uma dúvida presente em todo o mercado. (Se você é assinante, veja análise da revista EXAME sobre investimentos.) Mas dados de diversas fontes indicam que as empresas fizeram a sua parte, neste ano, para assegurar o avanço econômico nos próximos meses. "Os investimentos produtivos se comportaram de modo muito positivo nesse ano. Sua magnitude foi uma grande surpresa", afirma Paulo Levy, diretor de estudos macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento.

Segundo Levy, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) acumula um crescimento de 11,8% de janeiro a setembro, em relação a igual período do ano passado. Outro sinal de que os empresários estão apostando na expansão dos negócios é a aceleração do ritmo de investimentos (veja tabela abaixo). Na comparação com iguais períodos do ano passado, o primeiro trimestre deste ano encerrou com um incremento de 1,8% da FBCF. No segundo trimestre, a taxa subiu para 13,4% e, no terceiro, marcou 20,1%. "Os empresários estão confiantes na política econômica e isso é um estímulo para os desembolsos produtivos", afirma Levy.

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A pesquisa de produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também aponta para um certo otimismo do empresariado. Os dados mostram que, até outubro, os bens de capital registraram crescimento acumulado de 21,8% sobre igual período do ano passado. Isso indica que as fábricas estão investindo no aumento de sua capacidade produtiva.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também sentiu uma maior necessidade por empréstimos para a produção. No acumulado até novembro, a instituição desembolsou 33,4 bilhões de reais, cifra 19% maior que a do mesmo período de 2003. Já os enquadramentos (pedidos com documentação em ordem à espera de aprovação) subiram 90%, para 67,4 bilhões. As cartas-consultas (manifestações de interesse das empresas por crédito) avançaram 129%, para 89,9 bilhões de reais.

Exportações e agronegócio

As exportações e o agronegócio foram os primeiros setores a fomentar os investimentos. Segundo o Ipea, desde o terceiro trimestre do ano passado, esses segmentos puxam os desembolsos das empresas.

O saldo comercial recorde que o Brasil deve registrar neste ano (cerca de 32 bilhões de dólares, segundo o Ministério do Desenvolvimento) atesta a consolidação de uma cultura exportadora nas empresas brasileiras que, até um passado recente, buscavam os clientes estrangeiros apenas em momentos de depressão interna. "Nossas empresas estão mais maduras e competitivas no mercado internacional, o que implica o aumento da capacidade produtiva para incorporar as novas demandas", diz Levy.

Quanto ao agronegócio, os dados do BNDES são um exemplo da aceleração dos projetos. O programa Finame Agrícola, que financia a aquisição de máquinas e equipamentos para o setor, elevou em 54% seus desembolsos até novembro, na comparação com igual período do ano passado.

Demais setores

O BNDES também registrou um incremento de 80% nos desembolsos para projetos de infra-estrutura até o mês passado. O setor foi puxado pelas telecomunicações, que obtiveram liberações de 1,5 bilhão de reais do banco. Os empreendimentos de geração de energia elétrica foram outro destaque, recebendo 4,3 bilhões no período.

Houve ainda incremento do crédito liberado para as micro, pequenas e médias empresas. Tradicionalmente ligadas ao mercado interno, essas companhias receberam 11,4 bilhões de reais do banco, cifra 27% maior que a do ano passado.

Expectativas para 2005

O cálculo da FBCF envolve os investimentos em construção e na aquisição de maquinário. Os investimentos em construção foram os que menos cresceram neste ano. O aumento foi de 6,8% até setembro, enquanto a FBCF teve uma expansão de 11,8%. Coube aos bens de capital a liderança dos investimentos produtivos, com incremento de 14,2%.

O aumento da demanda refletiu-se no reajuste de preços dos bens de capital. Segundo o Ipea, até outubro, a parcela do Índice de Preços por Atacado (IPA) referente ao item acumulou alta de 16,5%, bem acima do IPCA de 6,4%.

Conforme Levy, o aumento de preços não deve comprometer a decisão de investimento dos empresários no próximo ano. A última sondagem conjuntural da Fundação Getúlio Vargas, divulgada em 9 de dezembro, também confirma que as empresas continuarão investindo. Das 1 003 companhias consultadas, 52% afirmaram que aumentarão seus desembolsos em novos projetos em 2005. Em outubro de 2003, essa taxa era de 45%.

Os bens de capital serão o item mais procurado pelas companhias, segundo 71% dos participantes da pesquisa. Nessa classificação, os destaques ficam para caminhões e ônibus (83% das respostas), carrocerias para veículos automotores (83% das respostas), equipamentos industriais para refrigeração, instalações hidráulicas e elétricas (74%), equipamentos para agricultura e indústria rural (71%) e máquinas operatrizes e aparelhos industriais (54%).

Veja abaixo os números dos investimentos produtivos em 2004.

Crescimento da FBCF(em relação ao mesmo
período do ano anterior)
Período
Média (%)
Construção (%)
Máquinas e Equipamentos (%)
3º trimestre/04
20,1
11,3
19,6
2º trimestre/04
13,4
6,9
16,6
1º trimestre/04
1,8
0,7
6,2
4º trimestre/03
-3,6
-6,2
22,0
3º trimestre/03
-7,6
-8,2
-10,7
2º trimestre/03
-9,0
-9,3
-15,4
1º trimestre/03
-0,1
-2,3
-0,2
Fonte: Ipea
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