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Inferno astral de Lula continua, dizem analistas

Queda de Palocci não diminuirá pressão sobre o presidente

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h20.

A saída de Antonio Palocci do governo não deverá representar o fim do inferno astral em que se encontra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A crise política envolvendo denúncias de corrupção não foram resolvidas com a demissão do ministro da Fazenda e vão continuar sendo exploradas pela oposição. A expectativa de analistas políticos é que, sem Palocci no ministério, a CPI dos Bingos volte suas baterias novamente em torno das investigações do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, que nos últimos anos pagou dívidas do próprio presidente e de familiares com dinheiro vivo.

Antes da bombástica entrevista do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que afirmava ter visto o então ministro Palocci na mansão do Lago Sul onde se reuniam ex-assessores na prefeitura de Ribeirão Preto, era esse o principal alvo da CPI, que só irá encerrar seus trabalhos em junho. Suspeita-se que, por trás do sigilo fiscal de Okamoto - amigo pessoal do presidente há mais de 30 anos - encontrem-se dados que possam comprometer diretamente a figura de Lula.

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Há ainda a possibilidade de que passem a ser alvo da oposição as relações da Gamecorp, empresa do filho do presidente, com a Telemar, concessionária pública de telefonia. "Essa é a tendência que se vê na oposição", disse David Fleischer, cientista político e professor da Universidade de Brasília. Nos próximos dias se encerra a CPI dos Correios e o relatório final será bastante explorado pela oposição.

A própria forma com que Palocci deixou o governo - encerrando uma agonia que na prática já durava sete meses, desde que o Rogério Buratti, ex-auxiliar de Palocci denunciou um esquema de corrupção em Ribeirão Preto - não encerra o polêmica em torno do ex-ministro e pode respingar ainda mais no governo. "Palocci perdeu a oportunidade de sair à francesa, na reforma ministerial, e deu a péssima impressão de que saiu forçado, o que não é bom para o governo", diz Fleischer.

Fora do governo, Palocci passa a ser alvo preferencial do Ministério Público de São Paulo, que já investiga o esquema de corrupção em Ribeirão Preto e dificilmente sairá do noticiário. "A imagem do ex-ministro mais forte e mais popular do governo sendo continuamente intimado a depor trará um desgaste para o governo em campanha de reeleição", lembra o analista político Antonio Marcos Umbelino Lôbo.

Não há, porém, expectativa de que Palocci possa ser preso, como se teme dentro do governo, pelo menos por enquanto. "É bom lembrar que um pedido de prisão é um processo que pode demorar. Paulo Maluf só foi preso por ser acusado de obstruir os trabalhos da justiça", argumenta o cientista político Murillo de Aragão, da consultoria Arko Advice.

Para os auxiliares do presidente, o mais importante é garantir que não ocorram turbulências na economia com a saída de Palocci e a entrada de Guido Mantega. Os recados mandados por Palocci, por auxiliares do governo e do próprio Mantega, em sua primeira coletiva no início da noite da segunda-feira, visam mostrar que não serão alterados os pilares da política econômica que está sendo tocada desde o início do governo: câmbio flutuante, manutenção da política de geração de superávits primários e a queda gradual dos juros. Qualquer indício nessa direção poderia causar estresse no mercado financeiro e comprometer um dos mais vistosos cartões de visita do candidato Luis Inácio Lula da Silva.

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