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Indicadores argentinos melhoram, mas ainda é cedo para falar em recuperação da economia

Alguns indicadores melhoraram, o fim do corralito não provocou a fuga de pesos dos bancos, e a moeda continua estável em relação ao dólar. Mas, apesar de tudo, a crise econômica e financeira continua castigando a Argentina - e torna maior o fardo do próximo presidente do país. "A melhora dos indicadores reflete apenas o […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h50.

Alguns indicadores melhoraram, o fim do corralito não provocou a fuga de pesos dos bancos, e a moeda continua estável em relação ao dólar. Mas, apesar de tudo, a crise econômica e financeira continua castigando a Argentina - e torna maior o fardo do próximo presidente do país.

"A melhora dos indicadores reflete apenas o ajuste de uma situação que estava muito ruim há um ano atrás", afirma Maitê Leiva, economista do Lloyds TSB. As exportações aumentaram no início do ano, assim como as importações. A inflação ficou estável no final do ano passado e entrou em queda no início deste ano, assim como a taxa de câmbio. Além disso, as expectativas para o ano de 2003 são animadoras: espera-se uma taxa positiva do PIB pela primeira vez em quatro anos e queda na taxa de juros de 28% para 6%.

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"Só poderemos fazer uma avaliação segura de uma reação do país no final deste ano", diz Maitê. "O clima pode estar mais aprazível agora, mas é só o clima. Os resultados absolutos ainda estão deteriorados." De acordo com ela, as exportações aumentaram, mas precisam se manter assim para que isso signifique retomada de crescimento: "Para que isso aconteça, o país precisa de crédito - e não tem". As importações também aumentaram, mas o índice de confiança do consumidor caiu em março. "O povo argentino sofreu muito com a perda do poder aquisitivo", diz Maitê.

O ar tranqüilo dos dois primeiros dias sem corralito - medida do governo que há um ano impedia a movimentação de todo o dinheiro aplicado pelos argentinos - surpreendeu, mesmo que os bancos tenham planejado taxas de rendimento atraentes em aplicações mensais para manter a clientela. Apenas 3% dos correntistas mexeram no dinheiro que tinham aplicado. Não houve fila nas casas de câmbio - e o dólar está barato, fechou cotado estável nos últimos dois dias, a 2,94 pesos.

Levando em consideração que o primeiro turno das eleições presidenciais acontece no final do mês e que o precário arremedo de acordo com o Fundo Monetário Internacional acaba em agosto, o comportamento dos argentinos é mais surpreendente ainda. Os três primeiros colocados na corrida eleitoral são peronistas - e nenhum deles parece ter idéias coerentes para as questões econômica e social. Além disso, as pesquisas indicam que haverá segundo turno, mas não dão pista de quais candidatos concorrerão. A indefinição política prejudica ainda mais o cenário econômico, já que pontos fundamentais, como a reprogramação da dívida externa, dependem de quem assumirá o comando do país em maio.

Por enquanto, o FMI só tem a dizer que a Argentina pode crescer 3% este ano, mas a taxa de inflação esperada continua preocupante: acima de 20%. As estimativas fazem parte do relatório Perspectivas Econômicos Mundiais, divulgado pelo fundo nesta quarta-feira, nos Estados Unidos.

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