O Índice Geral de Preços (IGP-M), uma das referências de preços preferidas por investidores e pelo mercado financeiro, mas temida pelos consumidores por corrigir serviços públicos como a energia elétrica, registrou sua menor alta nos últimos 12 meses (veja gráfico abaixo). Em outubro, o índice ficou em 0,39%. É o menor patamar desde outubro de 2003, quando o IGP-M foi de 0,38%. Houve também desaceleração em relação a setembro deste ano, quando o índice marcou 0,69% (leia reportagem de EXAME sobre a batalha dos índices de correção dos serviços públicos).

O resultado já era esperado por parte do mercado. O Credit Suisse First Boston (CSFB), por exemplo, estimava 0,40% de alta neste mês. Já o Banco Espírito Santo Investimentos (BES Investimentos) projetava 0,36%.

Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela apuração do IGP-M, a desaceleração foi puxada pelos preços ao consumidor e no atacado. O Índice de Preços por Atacado (IPA), cujo peso é de 60% no IGP-M, baixou de 0,90% em setembro para 0,44% em outubro. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com 30% de peso no índice geral, recuou de 0,15% para 0,05%.

Nos dois casos, o recuo dos alimentos foi determinante para a desaceleração. No IPA, os bens de consumo registraram deflação de 0,54%. O que pressionou esse item foi a deflação de 2,51% dos preços dos alimentos no atacado. Já em relação ao IPC, os alimentos também apresentaram inflação negativa de 0,88%, continuando a deflação de 0,43% verificada em setembro.

Conforme o economista Flávio Serrano, do banco BES Investimentos, os fatores sazonais, como chuvas menos intensas e menos prejudiciais à lavoura, não foram os únicos que contribuíram para a queda do preço dos alimentos. A queda dos preços internacionais de algumas commodities agrícolas também ajudou. "Houve um conjunto de fatores pressionando ao alimentos. Não foi apenas sazonalidade", afirma Serrano.

Novembro

A maior inflação medida pelo IGP-M, neste ano, ocorreu em junho (1,38%). Desde então, o índice vem apresentando sucessivos recuos. A trajetória descendente, porém, deve ser interrompida em novembro, conforme Serrano. O BES Investimentos espera uma taxa de 0,75% no próximo mês, puxada pelos efeitos do aumento dos combustíveis determinado em 14/10 pela Petrobras. Na ocasião, a estatal elevou em 2,4% o preço da gasolina para as refinarias, e em 4,8% o do diesel.

O IGP-M de outubro incorporou pouco o efeito do reajuste, porque seu período de coleta foi de 21 de setembro a 20 de outubro. "Houve apenas cinco dias para que o IGP-M de outubro refletisse a alta dos combustíveis", afirma Serrano. Por isso, a maior parte da pressão será captada pelo índice do mês que vem.

Até outubro, o IGP-M acumula alta de 10,69% no ano e de 11,91% nos últimos 12 meses. O CSFB projeta uma inflação acumulada de 13% para 2004. Já o BES Investimentos aposta em 12,2%.

Acompanhe a evolução do IGP-M desde 1999
Mês/Ano	Taxa (%)
out/04		0,39
set/04		0,69
ago/04		1,22
jul/04		1,31
jun/04		1,38
mai/04		1,31
abr/04		1,21
mar/04		1,13
fev/04		0,69
jan/04		0,88
dez/03		0,61
nov/03		0,49
out/03		0,38
set/03		1,18
ago/03		0,38
jul/03	-0,42
jun/03	-1
mai/03	-0,26
abr/03		0,92
mar/03		1,53
fev/03		2,28
jan/03		2,33
dez/02		3,75
nov/02		5,19
out/02		3,87
set/02		2,4
ago/02		2,32
jul/02		1,95
jun/02		1,54
mai/02		0,83
abr/02		0,56
mar/02		0,09
fev/02		0,06
jan/02		0,36
dez/01		0,22
nov/01		1,1
out/01		1,18
set/01		0,31
ago/01		1,38
jul/01		1,48
jun/01		0,98
mai/01		0,86
abr/01		1
mar/01		0,56
fev/01		0,23
jan/01		0,62
dez/00		0,63
nov/00		0,29
out/00		0,38
set/00		1,16
ago/00		2,39
jul/00		1,57
jun/00		0,85
mai/00		0,31
abr/00		0,23
mar/00		0,15
fev/00		0,35
jan/00		1,24
dez/99		1,81
nov/99		2,39
out/99		1,7
set/99		1,45
ago/99		1,56
jul/99		1,55
jun/99		0,36
mai/99	-0,29
abr/99		0,71
mar/99		2,83
fev/99		3,61
jan/99		0,84
Fonte: FGV