mulher-e-homem (iStock/Thinkstock)
João Pedro Caleiro
Publicado em 25 de fevereiro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2018 às 08h00.
São Paulo - Economistas pensam diferente dependendo do gênero? Em alguns temas, sim - pelo menos na Europa.
Esta é a conclusão de um estudo publicado recentemente por Ann Mari May e Mary G. McGarvey, professoras da Universidade de Nebraska-Lincoln, e David Kucera, economista-sênior da Organização Internacional do Trabalho.
Os resultados vêm de um questionário respondido por pouco mais de mil professores, metade homens e metade mulheres, que receberam seu PhD em Economia em 18 países da União Europeia.
Eles foram perguntados sobre uma série de temas e os resultados foram tabelados e ajustados por fatores como local de residência e de educação.
Foram observadas diferenças estatísticas entre as opiniões médias de homens e mulheres em todos os tópicos, mas elas foram pequenas na maior parte deles.
A maior divergência foi sobre a escolha por soluções de mercado (mais favorecida pelos homens) ou por intervenções governamentais (mais favorecida pelas mulheres) para resolver problemas econômicos.
A segunda maior diferença foi no nível de proteção ambiental considerado desejável, mais alto entre as economistas mulheres do que entre os homens.
E a terceira maior divergência foi, talvez previsivelmente, sobre igualdade de gênero, já que as mulheres concordam muito mais do que os homens com a afirmação de que "as oportunidades são desiguais".
Muitos trabalhos já foram feitos sobre diferenças de opinião entre economistas de diferentes países ou campos acadêmicos, mas poucos sobre diferenças de gênero.
Uma exceção foi o trabalho realizado pela própria Ann Mari May e outros economistas em 2014 por meio de questionários para membros da Associação Econômica Americana.
Eles viram que na média, os economistas homens tinham mais chance do que as economistas mulheres de ver a regulação governamental como excessiva.
Já as mulheres mostraram mais apoio, também na média, por ideias como redistribuição de renda, deixar o sistema tributário mais progressivo e obrigar que empregadores forneçam seguro-saúde para seus funcionários.
Elas também mostraram, na média, maior apoio à proteção ambiental e mais concordância com a ideia de que há desigualdade de oportunidades do mercado de trabalho, assim como suas colegas europeias.
Vale lembrar que o campo da Economia tem forte desequilíbrio de gênero: nos EUA, as mulheres ocupam apenas 13% das vagas de ensino da disciplina, e só uma mulher recebeu o Nobel de Economia até hoje (Elinor Ostrom, em 2009).