O premier grego, Alexis Tsipras: fontes governamentais disseram que a lista não contém medidas que agravariam a recessão, como a redução de salários e pensões (Aris Messinis/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2015 às 14h29.
Atenas - O governo da Grécia fechou a lista detalhada de reformas que tinha se comprometido apresentar até segunda-feira aos seus sócios da zona do euro para poder obter uma antecipação do resgate pendente e evitar a quebra.
Fontes governamentais disseram que a lista, que será submetida a uma primeira análise do denominado Grupo de Bruxelas hoje mesmo, não contém medidas que agravariam a recessão, como a redução de salários e pensões ou uma maior desregulamentação do mercado de trabalho, mas sim que conduzem a um incremento da receita em três bilhões de euros.
Segundo o antecipado pelo governo nos últimos dias, trata-se basicamente de uma versão desenvolvida das propostas formuladas há várias semanas pelo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, embora mais detalhadas.
Dentro deste plano figura a recente lei para a implementação de um breve período de anistia fiscal, aprovada na sexta-feira passada e cuja vigência expira hoje mesmo.
Segundo informações do portal "in.gr", o governo espera que possa ser arrecadado 250 milhões de euros com esta medida.
Só nos primeiros dois dias, o Estado conseguiu recuperar 120 milhões de euros de dívidas atrasadas para a fazenda e previdência.
Além disso, entre as iniciativas que o governo planejou está a intensificação do controle fiscal e contra a lavagem de dinheiro e a detecção de empresas que não pagam o IVA.
Para alcançar esta meta, Varoufakis propôs uma medida que causou assombro dentro e fora do país: a contratação temporária de donas de casa, estudantes e turistas que, armados com equipamentos de gravação audiovisuais, recopilariam dados sobre fraude.
Um passo objetivo para descobrir evasores fiscais foi dado quando o governo chegou a um acordo com a Suíça para aplicar na Grécia o pacto de troca de informação que existe com a União Europeia.
O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, cifrou recentemente em dois bilhões os ativos gregos não declarados no mundo todo, dos quais o governo espera recuperar 800 milhões.
O governo insistiu nos últimos dias que o atual pacote de reformas não tem nada a ver com o programa de resgate anterior, pois será feito exclusivamente pelos gregos e não ditado pelos organismos que formavam a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
Diante da crise de liquidez cada vez mais grave, a Grécia necessita com urgência de um acordo com seus sócios que possibilite um desembolso parcial da ajuda antes do final de abril, evitando assim a bancarrota, que poderia conduzir a sua saída do euro.