Economia

Grécia aprova novos cortes, mas exige mais 2 anos de prazo

A coalizão do governo grego concordou com os cortes de 11,5 bilhões de euros sob a condição de estender até 2016 o período de aplicação


	Evangelos Venizelos: "o único perigo para que o país não consiga pagar as dívidas é continuar com a situação atual"
 (Vladimir RysGetty Images)

Evangelos Venizelos: "o único perigo para que o país não consiga pagar as dívidas é continuar com a situação atual" (Vladimir RysGetty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 13h46.

Atenas - A coalizão do governo da Grécia concordou, nesta quinta-feira, com um novo plano de cortes no valor de 11,5 bilhões de euros, mas em troca exige que o período de aplicação se estenda por mais dois anos, até 2016.

"Estamos de acordo com os eixos básicos das medidas, mas é muito importante começar imediatamente a negociação para a extensão de seu período de aplicação até 2016", explicou Evangelos Venizelos, do partido social-democrata Pasok, um dos membros da coalizão.

As novas medidas somam 13,5 bilhões de euros, dos quais 11,5 bilhões serão destinados a cortes orçamentários e outros dois bilhões serão ingressados mediante uma reforma tributária e a luta contra a evasão de impostos, confirmaram à Agência Efe fontes do Ministério das Finanças.

Alguns meios de comunicação gregos apontaram, no entanto, que a repartição de verbas poderia ser um pouco diferente, com 10,5 bilhões de cortes e três bilhões de ingressos.

O governo ainda não concretizou as medidas, mas a imprensa local diz que elas atrasarão a aposentadoria até os 67 anos, reduzirão previdências e salários entre os empregados públicos e aumentarão os impostos de profissionais autônomos.

A princípio, estes cortes deveriam ser colocados em prática até 2014, mas na reunião desta quinta-feira, ficou acordado, de forma definitiva, exigir dois anos a mais de prazo para aplicar as reformas.

"Nossos parceiros europeus devem compreender que a Grécia fez esforços incríveis e que o único perigo para que o país não consiga pagar as dívidas, é continuar com a situação atual. A frase "apoiamos a Grécia se ela conseguir cumprir com suas obrigações" é uma bomba contra a zona do euro", advertiu Venizelos.


Venizelos também prometeu à população que seu partido e o governo farão o "possível para que essas sejam as últimas medidas", uma promessa que os líderes gregos fazem desde 2010, quando começou a crise no país.

De fato, Fotis Kouvelis, líder do partido centro-esquerdista Dimar, também no governo, explicou à imprensa que seu partido pretende incluir, no plano da economia, uma cláusula para reduzir os cortes se as novas medidas para aumentar a receita tributária superarem a arrecadação prevista.

O governo grego deve ainda receber sinal verde por parte da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Os gregos apresentarão o plano na próxima segunda-feira, em Atenas, segundo explicou o ministro de Finanças, Yannis Sturnaras.

Os chefes de missão da troika retornarão a Atenas no domingo, depois de que na semana passada, tiveram que interromper as negociações com Sturnaras perante o aumento da tensão por conta da exigência do FMI de mais cortes, algo que o ministro grego não se comprometeu a cumprir por medo de desestabilizar o Executivo.

Restam dúvidas de quando as medidas serão apresentadas ao Parlamento grego, já que Sturnaras assegurou que antes o governo deve receber sinal verde "dos membros europeus".

Segundo fontes do Ministério das Finanças, a votação parlamentar será feita depois de 18 de outubro, dia em que será realizada uma cúpula de chefes de Estado da UE.

Nessa reunião, será debatida a reivindicação da Grécia sobre a extensão de prazos, que implica na maior necessidade de financiamento, assim como a concessão do novo lance de ajuda financeira, no valor de 31,5 bilhões de euros, que Atenas precisa para recapitalizar os bancos. 

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