Governo sabe que economia não reagirá, diz fonte
Inflação continuará a subir até junho e gestão da presidente Dilma continuará vulnerável a críticas, avaliou importante membro da equipe econômica
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2013 às 18h27.
Brasília- O governo sabe que até junho a economia brasileira não reagirá com firmeza e que a inflação continuará elevada, mantendo a gestão da presidente Dilma Rousseff vulnerável a críticas, avaliou um importante membro da equipe econômica.
O quadro econômico desfavorável, na avaliação da fonte, levou à antecipação do debate eleitoral de 2014, e complicou ainda mais a gestão da política econômica.
"É um momento delicado na gestão da presidente Dilma", disse a fonte à Reuters, que preferiu não ser identificado para poder falar mais abertamente sobre a economia.
A reversão do quadro de baixo crescimento e pessimismo em relação à economia virá a partir de julho, quando o governo começará a tirar do papel os leilões de infraestrutura, como rodovias e aeroportos.
"Em julho, vamos colocar um leilão atrás do outro na rua. Leilões de rodovias e de aeroportos e isso, juntamente com os efeitos mais plenos das desonerações já adotadas, melhorará o ânimo sobre a economia brasileira".
Pelo cronograma do governo, estão previstos para a partir de julho os leilões de concessão de nove lotes de rodovias federais e o lançamento dos editais de concessão dos aeroportos de Confins, em Minas Gerais, e do Galeão, no Rio de Janeiro.
Assim como outros membros da equipe econômica, ele acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) terá uma recuperação gradual este ano e a inflação irá declinar, mas ainda sem convergir para a meta de 4,5 % ao ano.
Para alavancar a economia, além dos leilões, o governo está contando com o efeito dos cerca de 70 bilhões de reais em renúncia fiscal já anunciados para este ano.
Segundo a fonte, o Ministério da Fazenda não deverá adotar novas desonerações expressivas neste ano, apenas reduções tributárias pontuais e de pequeno impacto.
De modo geral, os economistas acreditam que o PIB brasileiro crescerá 3 % neste ano, mas já existem avaliações mais pessimistas, como a do Bradesco, que reduziu suas contas sobre o crescimento do PIB a 2,8 % em 2013, ante 3,5 %.
Em março, a inflação estourou o teto da meta, de 4,5 % com dois pontos percentuais para mais ou para menos, com o IPCA registrando alta de 6,59 % no acumulado em 12 meses. .
A escalada nos preços levou o BC a elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 7,50 % ao ano, em meados de abril para segurar o consumo e os preços, movimento delicado neste momento em que a economia não dá sinais mais robustos de recuperação.
A produção industrial, por exemplo, subiu apenas 0,7 % em março frente a fevereiro, abaixo do esperado e indicando cenário de incertezas para o setor industrial e para a atividade econômica.
Fragilidade política
Segundo a fonte, se até 2012 as dificuldades se concentravam apenas em fazer a economia crescer em ritmo maior, neste ano esses desafios aumentaram com a inflação disseminada e com a crítica aberta dos potenciais adversários políticos da presidente ao seu modelo econômico.
"Esta é uma situação de grande preocupação no governo e temos que ser bastante cuidadosos com a comunicação", afirmou a fonte, acrescentando que o governo tem de responder às críticas sem gerar ruídos no mercado.
Os questionamentos sobre a capacidade de Dilma em fazer a economia crescer e controlar os preços se tornaram recorrentes nas últimas semanas, sobretudo vindos de seus potenciais adversários nas eleições presidenciais do próximo ano.
Tanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) quanto o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE) têm atacado o governo com duras críticas, como a de que seria leniente com a inflação. Os ataques ficaram ainda mais evidentes na última quarta-feira, quando a oposição fez do Dia do Trabalho um dia de protesto contra a inflação e a perda do poder aquisitivo das famílias.
"Ficou acertado que, para evitar ruídos, somente Mantega (ministro da Fazenda, Guido Mantega) falará sobre macroeconomia. E Mantega pediu a seus secretários que redobrem os cuidados na comunicação", informou.
Mesmo com esse acerto, a semana anterior começou tensa para a área econômica, que ficou incomodada com a entrevista dada pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, ao jornal Valor Econômico, afirmando que o superávit primário será uma variável da economia e não mais da dívida pública, reforçando a mensagem de que o governo não perserguirá a meta cheia de 2013, de 155,9 bilhões de reais.
"Essa entrevista provocou mal estar. O problema não foi o que ele disse, mas o contexto, em meio às críticas ao governo", comentou a fonte.
Brasília- O governo sabe que até junho a economia brasileira não reagirá com firmeza e que a inflação continuará elevada, mantendo a gestão da presidente Dilma Rousseff vulnerável a críticas, avaliou um importante membro da equipe econômica.
O quadro econômico desfavorável, na avaliação da fonte, levou à antecipação do debate eleitoral de 2014, e complicou ainda mais a gestão da política econômica.
"É um momento delicado na gestão da presidente Dilma", disse a fonte à Reuters, que preferiu não ser identificado para poder falar mais abertamente sobre a economia.
A reversão do quadro de baixo crescimento e pessimismo em relação à economia virá a partir de julho, quando o governo começará a tirar do papel os leilões de infraestrutura, como rodovias e aeroportos.
"Em julho, vamos colocar um leilão atrás do outro na rua. Leilões de rodovias e de aeroportos e isso, juntamente com os efeitos mais plenos das desonerações já adotadas, melhorará o ânimo sobre a economia brasileira".
Pelo cronograma do governo, estão previstos para a partir de julho os leilões de concessão de nove lotes de rodovias federais e o lançamento dos editais de concessão dos aeroportos de Confins, em Minas Gerais, e do Galeão, no Rio de Janeiro.
Assim como outros membros da equipe econômica, ele acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) terá uma recuperação gradual este ano e a inflação irá declinar, mas ainda sem convergir para a meta de 4,5 % ao ano.
Para alavancar a economia, além dos leilões, o governo está contando com o efeito dos cerca de 70 bilhões de reais em renúncia fiscal já anunciados para este ano.
Segundo a fonte, o Ministério da Fazenda não deverá adotar novas desonerações expressivas neste ano, apenas reduções tributárias pontuais e de pequeno impacto.
De modo geral, os economistas acreditam que o PIB brasileiro crescerá 3 % neste ano, mas já existem avaliações mais pessimistas, como a do Bradesco, que reduziu suas contas sobre o crescimento do PIB a 2,8 % em 2013, ante 3,5 %.
Em março, a inflação estourou o teto da meta, de 4,5 % com dois pontos percentuais para mais ou para menos, com o IPCA registrando alta de 6,59 % no acumulado em 12 meses. .
A escalada nos preços levou o BC a elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 7,50 % ao ano, em meados de abril para segurar o consumo e os preços, movimento delicado neste momento em que a economia não dá sinais mais robustos de recuperação.
A produção industrial, por exemplo, subiu apenas 0,7 % em março frente a fevereiro, abaixo do esperado e indicando cenário de incertezas para o setor industrial e para a atividade econômica.
Fragilidade política
Segundo a fonte, se até 2012 as dificuldades se concentravam apenas em fazer a economia crescer em ritmo maior, neste ano esses desafios aumentaram com a inflação disseminada e com a crítica aberta dos potenciais adversários políticos da presidente ao seu modelo econômico.
"Esta é uma situação de grande preocupação no governo e temos que ser bastante cuidadosos com a comunicação", afirmou a fonte, acrescentando que o governo tem de responder às críticas sem gerar ruídos no mercado.
Os questionamentos sobre a capacidade de Dilma em fazer a economia crescer e controlar os preços se tornaram recorrentes nas últimas semanas, sobretudo vindos de seus potenciais adversários nas eleições presidenciais do próximo ano.
Tanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) quanto o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE) têm atacado o governo com duras críticas, como a de que seria leniente com a inflação. Os ataques ficaram ainda mais evidentes na última quarta-feira, quando a oposição fez do Dia do Trabalho um dia de protesto contra a inflação e a perda do poder aquisitivo das famílias.
"Ficou acertado que, para evitar ruídos, somente Mantega (ministro da Fazenda, Guido Mantega) falará sobre macroeconomia. E Mantega pediu a seus secretários que redobrem os cuidados na comunicação", informou.
Mesmo com esse acerto, a semana anterior começou tensa para a área econômica, que ficou incomodada com a entrevista dada pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, ao jornal Valor Econômico, afirmando que o superávit primário será uma variável da economia e não mais da dívida pública, reforçando a mensagem de que o governo não perserguirá a meta cheia de 2013, de 155,9 bilhões de reais.
"Essa entrevista provocou mal estar. O problema não foi o que ele disse, mas o contexto, em meio às críticas ao governo", comentou a fonte.