Mesmo com desbloqueios, aperto no orçamento do governo continua
Em março, o governo anunciou bloqueios de até 30 bilhões de reais para cumprir a meta fiscal, que permite um déficit de 139 bilhões de reais
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2019 às 06h33.
Última atualização em 20 de setembro de 2019 às 07h03.
São Paulo — Para um governo habituado às más notícias econômicas, a sexta-feira pode trazer algum alento. Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro confirmou ontem em sua conta no Twitter o desbloqueio de 8,3 bilhõe s de reais contingenciados no orçamento de 2019.
Na terça-feira, o secretário especial adjunto de Fazenda do Ministério da Economia, Esteves Colnago, disse que o governo deve liberar até 13 bilhões de reais do orçamento até esta sexta-feira, quando deve divulgar o relatório de receitas e despesas com projeções até o fim do ano. O ministro da Economia, Paulo Guedes , chegou a sinalizar que o descontingenciamento poderia chegar a 14 bilhões de reais.
O movimento é resultado de uma arrecadação levemente acima do previsto nos últimos meses, impulsionada sobretudo por bons números do comércio e dos serviços, enquanto a indústria ainda sofre os efeitos da crise. Se os resultados se mantiverem, o governo deve anunciar novos desbloqueios nos próximos meses.
A dúvida é para onde vai a verba. Bolsonaro ontem afirmou apenas que irá para “Educação e demais pastas”. Em maio, bloqueios no orçamento do Ministério da Educação levaram a uma série de protestos contra o governo. Depois, no início de setembro, o ministério anunciou o corte de 5.613 bolsas, em decisão parcialmente revertida uma semana depois.
Em março, o governo anunciou bloqueios de até 30 bilhões de reais para cumprir a meta fiscal, que permite um déficit de 139 bilhões de reais. O motivo é uma atividade econômica abaixo das otimistas previsões de início de governo, que tem levado ministérios a cortar o cafezinho, reduzir o expediente e até a não pagar a conta de luz.
Em setembro, Bolsonaro chegou a colocar em xeque o teto de gastos estabelecido em 2016, que proíbe novas despesas, mas voltou atrás após reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Outro recuo veio no salário mínimo, que seguirá indexado pela inflação após o governo revelar estudos para mudar a norma.
Debates sobre o orçamento vão continuar neste tom enquanto a economia não acelerar e enquanto não avançarem projetos que reduzem as despesas obrigatórias que devem amarrar 93% do Orçamento de 2020.