GM e Chysler pedem mais US$ 21,6 bilhões ao governo dos Estados Unidos
GM pode necessitar de até 16,6 bilhões de dólares, se a economia americana piorar
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2009 às 16h18.
A General Motors e a Chrysler apresentaram nesta terça-feira (17/2) seus planos de reestruturação ao governo americano. No total, as companhias solicitaram até 21,6 bilhões de dólares em novos recursos públicos para sobreviverem. Em dezembro, o Congresso americano já havia aprovado uma ajuda de 17,4 bilhões de dólares às montadoras. Os pedidos desta terça mais do que dobram o volume de recursos destinados ao resgate do setor automotivo americano.
A GM - a maior montadora dos Estados Unidos - informou que necessita, por enquanto, de pelo menos 9,1 bilhões de dólares. A cifra pode subir para até 16,6 bilhões, se a economia do país piorar. Em dezembro, a companhia já havia recebido 13,4 bilhões do governo para manter as operações. Em sua apresentação, a GM também examinou três cenários de recuperação judicial. Para a companhia, todos eles são menos favoráveis do que a ajuda pública.
Segundo a Bloomberg, em troca do dinheiro público, a empresa se comprometeu a fechar mais cinco fábricas nos Estados Unidos até 2012, e a cortar mais 47.000 vagas em todo o mundo até o final de 2009. A montadora também pode interromper a produção dos veículos Saturn em 2011, se não conseguir vender a marca antes.
Para obter o dinheiro do Tesouro americano, a GM e a Chrysler precisam convencer os sindicatos de que seu plano é positivo. O maior entrave é a revisão dos generosos pacotes de benefícios para trabalhadores ativos e inativos do setor automotivo. O governo pediu à GM, por exemplo, que corte em dois terços sua dívida de 27,5 bilhões de dólares em débitos não-securitizados, baixando-os para 9,2 bilhões. A companhia está conversando com os credores para encontrar uma solução.
Chrysler pede US$ 5 bi
Já a Chrysler, terceira maior montadora americana, solicitou mais 5 bilhões de dólares para se reestruturar. Se o pedido for aprovado, a montadora terá elevado para 9 bilhões de dólares o montante recebido do governo para sobreviver. Em dezembro, o Tesouro americano já havia liberado à companhia 4 bilhões de dólares - menos do que os 7 bilhões que a companhia solicitara na ocasião.
Segundo a agência de notícias CNN Money, durante a apresentação do seu plano de reestruturação nesta terça-feira (17/2), a montadora afirmou que devido "a um declínio econômico sem precedentes" e às fracas expectativas de vendas, o volume de recursos necessários para continuar as atividades cresceu. A montadora também afirmou que necessita dos outros 5 bilhões de dólares até o final de março.
Em troca, a montadora se comprometeu a cortar 3.000 empregos, ou 6% de sua força de trabalho, e a reduzir a capacidade produtiva em 100.000 unidades neste ano, enquanto tenta se ajustar à queda da demanda. A companhia afirma contar com o apoio dos sindicatos e dos credores para implementar o plano.
O prazo para que a Chrysler e a General Motors apresentassem seus programas de reestruturação vence nesta terça. Outra revisão está marcada para 31 de março, quando a força-tarefa designada pelo governo Obama avaliará se os recursos estão sendo bem aplicados e se as montadoras são viáveis no longo prazo.
"Cataclisma"
Em seu pronunciamento, o presidente do conselho da Chrysler, Robert Nardelli, afirmou que a liberação de novos recursos públicos é o melhor caminho para recuperar a empresa e a economia em geral. O executivo também declarou que o fechamento da companhia seria um "cataclisma" para a indústria de autopeças, o que afetaria a produção de todas as outras montadoras.
Segundo o relatório apresentado por Nardelli, se a Chrysler falisse de fato, e fosse necessário liquidar suas atividades, de 2 a 3 milhões de empregos seriam perdidos nos Estados Unidos, resultando em uma redução de 150 bilhões de dólares na arrecadação de impostos nos próximos três anos.