Gaza, o lugar com maior índice de desemprego do mundo
Bloqueios, guerra e a má gestão do governo estrangulam a economia de Gaza que tem 40% de desemprego
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2015 às 10h40.
Cidade de Gaza - Centenas de milhares de habitantes da Faixa de Gaza passam as segundas-feiras ao sol em um território que sofre com o maior nível de desemprego do mundo, agravado pela ausência de atividades de lazer, pela repressão social islamita e pela impossibilidade de ir para algum lado por causa do bloqueio israelense apoiado pelo Egito.
Um recente relatório do Banco Mundial advertia que os bloqueios, a guerra e a má gestão do governo acabaram estrangulando a economia de Gaza que tem o índice de desemprego, de 40%, mais elevado do mundo, que se agrava com um desemprego juvenil de 60%.
Este enclave litorâneo de 362 quilômetros quadrados e onde vivem 1,8 milhão de pessoas, que aumentam anualmente em 50.000, se transformou em um buraco negro onde as oportunidades de emprego são inexistentes e o empreendimento uma quimera.
Mas no meio da adversidade, a família de Aisha Hussein, dona de casa de 36 anos, serve como exemplo de como a necessidade obriga muitas vezes a fazer trabalhos antes impensáveis.
Em uma pequena loja erguida na estrada principal do norte de Gaza, Aisha realizou nos últimos meses um dos trabalhos mais difíceis para ajudar seu marido a suportar a pesada carga familiar.
A cada dia ao amanhecer, Aisha segura em suas ásperas mãos um pesado martelo de aço, para em frente a uma bigorna de ferro e começa a martelar o metal aquecido.
Nunca pensou que teria que ajudar seu marido Ibrahim Mustafa, de 43 anos, mas sua situação não lhe deu outra alternativa a não ser se tornar ferreira de utensílios agrícolas que depois vendem no mercado.
Em frente a seu apartamento alugado, o casal ergueu a barraca transformada em oficina cujo chão é areia pura e o teto feito de uma pobre tela.
A tenda abriga ferramentas afiadas, uma pequena cozinha para preparar chá e café e um braseiro onde aquece o ferro antes de forjá-lo e retorcê-lo para dar-lhe diferentes formas.
"Trabalho com meu marido como ferreira para ajudá-lo a enfrentar a dura situação na qual vivemos", disse Aisha enquanto exala suor e parece visivelmente fatigada.
"O trabalho de ferreira me causa fortes dores nas costas e me prejudica a vista, mas é a única opção que resta para viver", acrescentou.
Consciente de que em uma sociedade conservadora como a de Gaza ser uma mulher e ferreira é uma coisa pouco comum, Aisha assegurou com lágrimas nos olhos que não lhe importa a dureza do trabalho ou quê as pessoas a olhem com estranheza.
Ela pede às autoridades em Gaza e Cisjordânia que forneçam para sua família um lar e se queixa que o pouco dinheiro que saca no fim de mês deva ser destinado ao aluguel da casa.
Mamun Abu Shahla, ministro do Trabalho do governo de consenso palestino, advertiu sobre um possível colapso da economia de Gaza, "se esta miserável situação não for resolvida".
"A realidade dos trabalhadores aqui é difícil e dolorosa ao que se soma o crescimento significativo do desemprego e da pobreza", disse, ao explicar que a principal razão desta situação "é o interminável bloqueio imposto a Gaza que já dura oito anos".
Israel impôs um cerco à região que considera entidade hostil desde que em 2007 o movimento islamita Hamas assumiu o controle do território.
Após pressões internacionais, o suavizou, embora não o tenha retirado completamente, sendo este cerco duplamente agravado porque o Egito mantém também praticamente fechada sua fronteira.
A ONU publicou recentemente um relatório no qual advertia de que a Faixa de Gaza poderia ser um lugar perigoso para viver por volta do ano de 2020 devido à falta de oportunidades de trabalho, água potável, colégios, hospitais e à deterioração de suas infraestruturas.
"Nos últimos sete anos Israel lançou três grandes guerras em Gaza, que não só mataram e feriram o povo, mas destruíram a infraestrutura econômica", explicou Abu Shahla, destacando que "500 estabelecimentos econômicos foram destruídos".
O último conflito bélico ainda não foi encerrado, já que a reconstrução mal começou e está paralisada, apesar das promessas dos doadores árabes e internacionais que prometeram US$ 5,4 bilhões para este processo.
Enquanto isso, a economia palestina segue à deriva, segundo aponta um relatório da Autoridade Monetária Palestina publicado no mês passado segundo o qual, no último trimestre do ano passado caiu 1,1%. EFE
Cidade de Gaza - Centenas de milhares de habitantes da Faixa de Gaza passam as segundas-feiras ao sol em um território que sofre com o maior nível de desemprego do mundo, agravado pela ausência de atividades de lazer, pela repressão social islamita e pela impossibilidade de ir para algum lado por causa do bloqueio israelense apoiado pelo Egito.
Um recente relatório do Banco Mundial advertia que os bloqueios, a guerra e a má gestão do governo acabaram estrangulando a economia de Gaza que tem o índice de desemprego, de 40%, mais elevado do mundo, que se agrava com um desemprego juvenil de 60%.
Este enclave litorâneo de 362 quilômetros quadrados e onde vivem 1,8 milhão de pessoas, que aumentam anualmente em 50.000, se transformou em um buraco negro onde as oportunidades de emprego são inexistentes e o empreendimento uma quimera.
Mas no meio da adversidade, a família de Aisha Hussein, dona de casa de 36 anos, serve como exemplo de como a necessidade obriga muitas vezes a fazer trabalhos antes impensáveis.
Em uma pequena loja erguida na estrada principal do norte de Gaza, Aisha realizou nos últimos meses um dos trabalhos mais difíceis para ajudar seu marido a suportar a pesada carga familiar.
A cada dia ao amanhecer, Aisha segura em suas ásperas mãos um pesado martelo de aço, para em frente a uma bigorna de ferro e começa a martelar o metal aquecido.
Nunca pensou que teria que ajudar seu marido Ibrahim Mustafa, de 43 anos, mas sua situação não lhe deu outra alternativa a não ser se tornar ferreira de utensílios agrícolas que depois vendem no mercado.
Em frente a seu apartamento alugado, o casal ergueu a barraca transformada em oficina cujo chão é areia pura e o teto feito de uma pobre tela.
A tenda abriga ferramentas afiadas, uma pequena cozinha para preparar chá e café e um braseiro onde aquece o ferro antes de forjá-lo e retorcê-lo para dar-lhe diferentes formas.
"Trabalho com meu marido como ferreira para ajudá-lo a enfrentar a dura situação na qual vivemos", disse Aisha enquanto exala suor e parece visivelmente fatigada.
"O trabalho de ferreira me causa fortes dores nas costas e me prejudica a vista, mas é a única opção que resta para viver", acrescentou.
Consciente de que em uma sociedade conservadora como a de Gaza ser uma mulher e ferreira é uma coisa pouco comum, Aisha assegurou com lágrimas nos olhos que não lhe importa a dureza do trabalho ou quê as pessoas a olhem com estranheza.
Ela pede às autoridades em Gaza e Cisjordânia que forneçam para sua família um lar e se queixa que o pouco dinheiro que saca no fim de mês deva ser destinado ao aluguel da casa.
Mamun Abu Shahla, ministro do Trabalho do governo de consenso palestino, advertiu sobre um possível colapso da economia de Gaza, "se esta miserável situação não for resolvida".
"A realidade dos trabalhadores aqui é difícil e dolorosa ao que se soma o crescimento significativo do desemprego e da pobreza", disse, ao explicar que a principal razão desta situação "é o interminável bloqueio imposto a Gaza que já dura oito anos".
Israel impôs um cerco à região que considera entidade hostil desde que em 2007 o movimento islamita Hamas assumiu o controle do território.
Após pressões internacionais, o suavizou, embora não o tenha retirado completamente, sendo este cerco duplamente agravado porque o Egito mantém também praticamente fechada sua fronteira.
A ONU publicou recentemente um relatório no qual advertia de que a Faixa de Gaza poderia ser um lugar perigoso para viver por volta do ano de 2020 devido à falta de oportunidades de trabalho, água potável, colégios, hospitais e à deterioração de suas infraestruturas.
"Nos últimos sete anos Israel lançou três grandes guerras em Gaza, que não só mataram e feriram o povo, mas destruíram a infraestrutura econômica", explicou Abu Shahla, destacando que "500 estabelecimentos econômicos foram destruídos".
O último conflito bélico ainda não foi encerrado, já que a reconstrução mal começou e está paralisada, apesar das promessas dos doadores árabes e internacionais que prometeram US$ 5,4 bilhões para este processo.
Enquanto isso, a economia palestina segue à deriva, segundo aponta um relatório da Autoridade Monetária Palestina publicado no mês passado segundo o qual, no último trimestre do ano passado caiu 1,1%. EFE