Economia

G-20 tende a se desfazer, diz economista

Para Marcos Jank, presidente do Icone, o grupo dos países em desenvolvimento tem enfraquecido em razão de divergências internas sobre a questão agrícola

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h06.

O G-20 corre o risco de acabar por divergências internas quanto à questão agrícola. Criado para se contrapor aos países desenvolvidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), o grupo de países em desenvolvimento tem enfraquecido no últimos tempos, segundo Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone).

Segundo Jank, a maioria dos países que compõem o G-20 só consegue exportar produtos agrícolas para os países desenvolvidos devido a relações de comércio preferencial. Tais acordos seriam revistos nas rodadas de liberalização do comércio internacional na OMC e comprometeriam o desempenho das nações em desenvolvimento. "Um exemplo são as ex-colônias da França que não aceitarão abrir mão desses acordos para incentivar o comércio mundial de commodities agrícolas", diz o presidente do Icone, que participou do Seminário Negociações Internacionais, na Câmara de Comércio Americana (Amcham), em São Paulo, .

O economista também observou que o Brasil está numa situação privilegiada do ponto de vista agrícola. Grande exportador de commodities, o país consegue combater os subsídios das nações desenvolvidas "porque a agricultura é forte e competitiva". Mas muitos dos parceiros no G-20, como os africanos, são bastante atrasados nesse setor e recorrem a políticas protecionistas.

"O G-20 é instável por definição. Só se formou porque os Estados Unidos e a Europa adotaram uma postura muito conservadora na questão agrícola", afirma Jank. Por isso, ele avalia que as próximas rodadas da OMC irão expor, cada vez mais, as fragilidades do G-20. A alternativa seria buscar modos mais criativos para desembaraçar o diálogo com os países desenvolvidos e avançar na criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e de um acordo de livre comércio com a União Européia. "Não existe aliança apenas entre países em desenvolvimento", afirma Jank.

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