As fusões e aquisições no Brasil caíram 44 por cento neste ano e atingiram o nível mais baixo desde 2005 com as ameaças de impeachment, a desvalorização do real e a recessão econômica emperrando as negociações.
As empresas da maior economia da América do Sul anunciaram US$ 29 bilhões em aquisições neste ano até 11 de agosto, em comparação com os US$ 52 bilhões no mesmo período de 2014, mostram dados compilados pela Bloomberg.
A queda vai na contramão do mercado global, no qual as fusões deverão ultrapassar os US$ 3 trilhões pela primeira vez desde 2007.
O negócio das fusões e aquisições está encolhendo no Brasil enquanto a presidente Dilma Rousseff dribla as tentativas de tirá-la do cargo, colocando em risco suas políticas para solucionar a pior contração econômica em 25 anos.
O real apresenta o pior desempenho deste ano entre as moedas de economias emergentes, com queda de 24 por cento, em meio a um escândalo de corrupção que provocou uma crise de crédito em algumas das maiores firmas do Brasil.
“Acordos de preço entre as partes estão mais difíceis de fechar por causa da volatilidade do real e da percepção de volatilidade nos preços dos ativos”, disse Daniel Wainstein, que dirige o escritório de São Paulo da firma de assessoria de fusões Greenhill Co., em entrevista.
O número de negócios neste ano caiu 24 por cento, para 269, nível mais baixo desde 2009, mostram os dados.
O número de empresas que pediram recuperação judicial atingiu um recorde mensal de 135 em julho, um aumento de 29 por cento em relação a junho, segundo a provedora de dados de crédito Serasa Experian.
As concessões de novos empréstimos para as empresas caíram 2,3 por cento nos 12 meses até junho e as taxas de juros subiram de 23,6 por cento em junho de 2014 para 27,5 por cento em junho deste ano, mostram dados do Banco Central.
Decisões adiadas
“Há uma série de negociações em andamento, mas a instabilidade econômica e política está adiando as decisões”, disse João Ricardo de Azevedo Ribeiro, sócio sênior do escritório de advocacia Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. Quiroga Advogados, de São Paulo, terceiro maior assessor legal de fusões e aquisições do Brasil deste ano.
A Petrobras é uma das empresas que mais está agitando o mercado. A estatal, que tem sede no Rio de Janeiro, colocou quase US$ 60 bilhões em ativos à venda até 2018 em meio a um escândalo de corrupção.
Concessões de campos de petróleo
A Petrobras convidou um grupo de empresas internacionais a apresentarem ofertas por participações em algumas concessões de campos de petróleo, inclusive nos chamados blocos de exploração offshore do pré-sal.
A empresa está estudando a venda de uma participação de 49 por cento em sua unidade de gasodutos, a Gaspetro, assim como de ativos da empresa Transpetro, disseram fontes informadas sobre esses planos no começo do ano.
O plano prevê US$ 15 bilhões em desinvestimentos até o fim de 2016 e mais outros US$ 42,6 bilhões até 2018 em um momento no qual a empresa tenta preservar sua classificação de crédito de grau de investimento.
O rating do Brasil caiu para perto do grau especulativo na terça-feira, quando a Moody’s Investors Service rebaixou sua avaliação para Baa3.
“Há muitos negócios no pipeline, mas atualmente os motivos para vender uma empresa são diferentes”, disse Rodrigo Mello, diretor-geral da Greenhill, que abriu sua primeira filial sul-americana no ano passado.
A Greenhill espera anunciar três negócios de fusão ou aquisição em breve, segundo Mello.
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1. Negociações
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1/24 (Flickr/Creative Commons/Flazingo Photos)
São Paulo - Muitas empresas realizaram negócios de peso em 2014, tanto para se reestruturar quanto como parte de planos de expansão. O Facebook, por exemplo, investiu US$22 bilhões na aquisição do serviço de mensagens WhatsApp. Outras empresas optaram por expandir sua presença global. Foi o caso da Siemens, que adquiriu a fabricante de equipamentos para campos de petróleo Dresser-Rand para fortalecer o negócio de óleo e gás na América do Norte. Confira nas fotos 22 dos maiores negócios anunciados em 2014.
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2. WhatsApp é comprado pelo Facebook
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2/24 (Chris Ratcliffe/Bloomberg)
A rede social
Facebook pagou US$ 22 bilhões pelo WhatsApp Inc. A startup de mensagens gerou US$ 10,2 milhões em receita no ano passado. No ano passado, o serviço de mensagens, que alcançou 400 milhões de usuários ativos em dezembro, gerou menos de três centavos de dólar de receita por cada um deles. Em comparação, o Facebook pagou US$ 55 por usuário quando adquiriu a empresa. A perda líquida do
WhatsApp em 2013 foi de US$ 138,1 milhões.
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3. Merck compra Sigma-Aldrich
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3/24 (Kena Betancur/AFP)
Em setembro, a alemã Merck
comprou a farmacêutica Sigma-Aldrich por US$ 17 bilhões. A Merck pretende ampliar seu alcance global, tanto no mercado norte-americano quanto em alguns países asiáticos. A companhia estima sinergias de mais de R$ 340 milhões nos próximos três anos.
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4. Siemens adquire Dresser-Rand
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4/24 (Joerg Koch/Getty Images)
O conglomerado industrial
Siemens adquiriu a fabricante de equipamentos para campos de petróleo Dresser-Rand por US$ 7,6 bilhões. A iniciativa deve fortalecer significativamente o negócio de óleo e gás da companhia na América do Norte. A alemã Siemens disse que sua oferta de 83 dólares por ação foi apoiada de maneira unânime pela diretoria da Dresser-Rand.
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5. Tim Hortons e Burger King formam nova empresa
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5/24 (Anne-Christine Poujoulat/AFP)
A companhia canadense Tim Hortons e o Burger King
firmaram um acordo para criar uma nova empresa no setor de restaurantes fast food. O negócio, anunciado em agosto, deverá ter vendas anuais estimadas de aproximadamente US$ 23 bilhões e 18 mil restaurantes em 100 países. Os acionistas da Tim Hortons aprovaram a união em dezembro. O
Burger King pagaria US$ 11 bilhões pelas ações da cafeteria canadense.
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6. Oi e Altice
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6/24 (Nacho Doce/Reuters)
A Altice
fechou acordo para comprar as operações portuguesas da operadora Oi por cerca de 7,4 bilhões de euros (US$ 9,2 bilhões). Trata-se da terceira grande aquisição do grupo de telecomunicações este ano. O empresário franco-israelense de telecomunicações Patrick Drahi, fundador da Altice, vem num movimento de expansão com acordos somando cerca de US$ 30 bilhões.
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7. Fusão entre Aviva e rival Friends Life
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7/24 (Ben Stansall/AFP)
A seguradora britânica Aviva
fechou a aquisição de 5,6 bilhões de libras (8,8 bilhões de dólares) da rival Friends Life. O acordo cria uma líder de mercado com 16 milhões de clientes de seguro de vida. As economias de custos resultantes da combinação serão maiores que as esperadas, mas podem levar vários anos para serem alcançadas. A Aviva afirmou que a companhia fruto da fusão deve gerar 600 milhões de libras em fluxo de caixa extra por ano.
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8. Banco Santander e filial brasileira
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8/24 (David Ramos/Bloomberg)
Em outubro, o banco espanhol
elevou sua participação na filial brasileira, o Banco
Santander Brasil, para 88,3%. Para esta operação, o Santander emitirá 370,9 milhões de títulos que representam 3,09% de seu capital social. A ampliação de capital, de cerca de 4,6 bilhões de euros, será feita através da emissão e colocação em circulação de 665 milhões de novas ações ordinárias.
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9. Mineração no Chile
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9/24 (Wikimedia Commons)
A filial latina MMG, do grupo estatal chinês Minmetals Corporation,
comprou da suíça Glencore Xstrata a
mina de cobre de Las Bambas, no sul Peru, por 4,2 mil milhões de euros ou US$ 5,850 bilhões. A venda da mina de Las Bambas foi uma das condições impostas pela China à Glencore, em troca da luz verde de Pequim à fusão com a Xstrata. Com essa
aquisição, feita em abril, a China buscou aumentar controle sobre fornecedores de matérias primas.
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10. A nova empresa da Cielo e Banco do Brasil
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10/24 (Divulgação)
Uma
nova empresa nasceu da fusão entre a Cielo e o Banco do Brasil. A joint venture fará a gestão das operações de cartão de crédito e débito emitidos pelo BB. A nova empresa que foi avaliada em 11,6 bilhões de reais. Segundo o fato relevante, o impacto financeiro estimado da operação no lucro líquido do BB será de 3,2 bilhões de reais.
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11. As aquisições de Warren Buffett
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11/24 (Alex Wong/ Getty Images)
Warren Buffett realizou duas aquisições bilionárias em 2014. Em novembro, a Berkshire Hathaway, que pertence ao investidor,
comprou a Duracell da Procter & Gamble. A operação está avaliada em US$ 4,7 bilhões e vai envolver troca de ações que Buffett possui na companhia de consumo americana. No mês anterior, ele havia
adquirido a quinta maior rede de concessionárias de carros dos Estados Unidos, o Van Tuyl Group. Os detalhes não foram divulgados pela companhia. O Van Tuyl Group possui cerca de 80 concessionárias independentes e outras 100 que operam por meio de franquias em 10 estados americanos.
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12. Platform compra rival por US$ 3,5 bilhões
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12/24 (AFP)
A Platform Specialty Products, companhia do setor químico,
anunciou a aquisição da rival Arysta LifeScience. A operação foi fechada por 3,5 bilhões de dólares e anunciada em outubro. Segundo comunicado, a Platform combinará a Arysta LifeScience com as empresas adquiridas anteriormente, Agriphar e Chemtura Crop Solutions, e que podem gerar sinergias de US$ 2,1 bilhões.
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13. Fusão entre Itaú Chile e Corp Group
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13/24 (Thomas Locke Hobbs/CREATIVE COMMONS)
Em janeiro, o
Itaú Unibanco anunciou a fusão de suas operações no Chile com o Corp Group. O negócio deu origem ao Itaú CorpBanca e movimentou R$ 5,3 bilhões. A
operação levará o Itaú Unibanco da sétima para a quarta posição entre os maiores bancos do Chile em empréstimos e também abre caminho para entrada no varejo bancário da Colômbia.
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14. Electrolux compra unidade da GE
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14/24 (Janerik Henriksson/AFP)
A sueca
Electrolux adquiriu o negócio de aparelhos da General Electric por US$ 3,3 bilhões de dólares. O objetivo do negócio é dobrar as vendas na América do Norte e enfrentar a rival Whirpool, na maior aquisição de sua história. A operação, realizada em setembro, foi anunciada um mês antes. A Electrolux disse em agosto que buscava investir em um mercado no qual tem pouca escala e que está crescendo mais rápido que o europeu.
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15. Joint venture entre Noble Group e Cofco
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15/24 (Wikimedia Commons)
Em abril, a chinesa Cofco, maior trading de
grãos da China, fechou acordo por uma fatia majoritária na divisão de agronegócios da Noble Group, cuja sede fica em Hong Kong. As duas empresas formaram uma joint venture, na qual a Cofco ficou com uma participação de 51% na operação. O negócio foi fechado por US$ 3,2 bilhões. Embora as companhias não sejam brasileiras, a Noble possui boa parte de seus ativos no país. Também ingressou na joint venture a firma de private equity Hopu Investment Management.
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16. Coca Cola adquire Monster
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16/24 (Sam Mircovich/Reuters)
A Coca-Cola
anunciou em agosto a compra de uma fatia de 16,7% na Monster Beverage. Além da transação, por um valor de US$2,15 bilhões, a Coca Cola terá dois diretores no Conselho da Monster. A Coca-Cola transferirá a propriedade de seu negócio mundial de energéticos incluindo a NOS, Full Throttle e Burn para a Monster. A Monster se tornará a parceira exclusiva da Coca-Cola em bebidas energéticas.
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17. Microsoft compra Minecraft
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17/24 (Reprodução)
O estúdio sueco Mojang, criador do jogo Minecraft,
foi comprado pela
Microsoft por R$2,5 bilhões em setembro. Dessa forma, a Mojang torna-se um dos estúdios de produção da Microsoft, assim como a Turn 10 (Forza), a Lionhead (Fable) e a Rare (Kinect Sports).
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18. Tiger Global compra parte da B2W
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18/24 (Paulo Liebert/ Agência Estado)
No início do ano, a Tiger Global
comprou participação societária indireta na B2W, dona do Submarino e Americanas.com, equivalente a 7,2% do capital social da companhia. Com a transação, a Tiger Global deterá participação societária indireta equivalente a 7,2% do capital social da B2W. A operação envolve um montante total de R$ 2,380 bilhões.
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19. GP Investments vende BR Towers
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19/24 (Stock.Xchange)
A GP Investments, empresa de investimentos em participações, vendeu a BR Towers, empresa de infraestrutura de rede de telecomunicações sem fio, para a American Tower Corporation. A
transação envolveu 100% das ações da BR Towers e foi fechada por R$ 2,1 bilhões em junho.
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20. Michelin e Sascar
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20/24 (Getty Images)
A GP Investments
vendeu a totalidade das ações que detém na Sascar Participações para o Grupo
Michelin. A empresa era dona de 46% de participação na Sascar, empresa brasileira especializada na gestão pela internet de frotas de caminhões. O negócio foi fechado por 440 milhões de euros, ou R$ 1,6 bilhão. O plano é aumentar as vendas de serviços e pneus no mercado brasileiro, onde a maior parte do transporte de mercadorias é feito de caminhão.
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21. BRF vende unidades de lácteos para Parmalat
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21/24 (Giuseppe Cacace/Getty Images)
A empresa de alimentos
BRF informou, em setembro, um
acordo para vender suas unidades e marcas de lácteos para a Parmalat, empresa do grupo Lactalis, que por sua vez irá investir R$1,8 bilhão no negócio. Entre as marcas desse segmento vendidas pela empresa em meio a uma reestruturação, em busca de melhores margens, estão a Batavo e a Elegê. O negócio envolve a venda de 11 unidades situadas em dez localidades pelo Brasil.
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22. Restoque e Dudalina criam empresa
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22/24 (Acervo Dudalina)
A varejista de moda Restoque, dona de marcas como Le Lis Blanc e Bo.Bô,
incorporou 100% das ações da
Dudalina, para aumentar a escala das operações e reduzir o endividamento. O valor global da incorporação foi estimado em cerca de R$ 1,75 bilhão. Segundo a Restoque, a operação criará a maior empresa do Brasil no segmento de vestuário de alto padrão. Os atuais acionistas da Dudalina receberão ações da Restoque como pagamento e deterão 50% por cento da Restoque.
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23. Veja também
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23/24 (Reprodução)