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FMI prevê queda do PIB de 15% e inflação de 13000% na Venezuela

Se a previsão for confirmada, a economia do país petroleiro da América do Sul somaria uma retração de quase 50% nos últimos seis anos

Crise na Venezuela: de acordo com o FMI, o PIB da Venezuela já fechou com queda de 16,5% em 2016 (Marco Bello/Reuters)
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AFP

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 15h58.

A economia da Venezuela registrará uma queda de 15% neste ano e uma inflação de até 13.000%, alertou nesta quinta-feira o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional ( FMI ) para a América Latina, Alejandro Werner.

Se a previsão for confirmada, a economia do país petroleiro da América do Sul somaria uma retração de quase 50% nos últimos seis anos.

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De acordo com o FMI, o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela já fechou com queda de 16,5% em 2016 e, no ano passado, caiu 14%, segundo dados preliminares.

Em uma coletiva de imprensa nesta quinta, Werner apresentou um relatório que destaca que esse cenário da Venezuela é o resultado de "distorções microeconômicas significativas e desequilíbrios macroeconômicos exacerbados pelo colapso das exportações de petróleo".

As estimativas indicam que a inflação em 2017 ficou acima de 2.400% "e que vai beirar os 13.000% em 2018, estimulada pelo financiamento monetário de déficits fiscais profundos e pela perda de confiança na moeda nacional".

Na atualização das expectativas econômicas da região para este ano, o FMI manteve sua previsão de crescimento de 1,9% para a América Latina e o Caribe, que tinha sido divulgada em outubro.

Contudo, o organismo acrescentou que, se a Venezuela não for considerada nas estimativas, a região teria um crescimento de 2,5% neste ano.

"A Venezuela representa um percentual não desprezável da economia da região. E, se ela vai muito mal, isso influencia na média", comentou Werner.

Apesar deste quadro, o funcionário afirmou que o FMI mantém sua convicção de que o impacto econômico direto da crise venezuelana nos países vizinhos continuará sendo "limitado".

Os títulos de dívida emitidos pela Venezuela estão tecnicamente em suspensão de pagamentos desde dezembro. Eles já são considerado "flat trading", ou seja, desinteressantes.

No começo de janeiro, o país tinha cerca de 9,7 bilhões de dólares de reservas e precisava reembolsar pelo menos 1,47 bilhão antes do fim de 2017 e 8 bilhões em 2018.

Retomada da recuperação mundial

Para Werner, notou-se uma "melhoria do entorno mundial", com uma elevação nos preços dos principais produtos primários.

"A recuperação econômica da América Latina também está recuperando o ritmo à medida que as recessões de alguns países (Brasil, Argentina e Equador) chegam ao fim", expressou.

Para Werner, essa recuperação regional se apoia fundamentalmente em uma melhoria dos preços internacionais de commodities, apesar de ter citado o "impacto positivo" que a reforma tributária adotada nos Estados Unidos poderia ter neste ano.

Essa reforma poderia fazer que "se concentrem nos próximos cinco anos investimentos que estavam previstos para um prazo mais extenso". Esse quadro propiciaria um "contágio" nas economias da região.

Como tinha adiantado na terça-feira, o FMI aumentou em 0,4 ponto percentual suas expectativas de crescimento para as duas maiores economias da região, Brasil (1,9%) e México (2,3%).

Werner também anunciou uma melhoria significativa na previsão para o Equador neste ano: em outubro, a entidade anunciou uma expectativa de crescimento de 0,6%, mas agora tenha aumentou para 2,2%.

O Equador "experimentou uma recuperação mais rápida do que o esperado em 2017", quando registrou um aumento de 2,7% após um declínio de 1,6% em 2016. "Em 2018, a expansão generalizada da demanda doméstica deverá expandir a crescimento", disse ele.

O FMI também revisou suas previsões de crescimento para o Chile, a 3,0% (+0,5 ponto). Nos casos da Colômbia e do Peru, o Fundo também acrescentou 0,2 ponto nas expectativas de crescimento para este ano.

Entre as maiores economias da região, o FMI manteve a expectativa de 2,5% para a Argentina, após um crescimento de 2,8% em 2017.

Isto se deve, apontou Werner, à "contenção fiscal e monetária. A inflação continuará a diminuir, assumindo que haja uma moderação salarial".

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