FMI piora previsão para crescimento do mundo em 2020 e melhora a do Brasil
O fundo passou a ver um crescimento de 2,2% no país neste ano, 0,2 ponto percentual a mais do que no relatório de outubro
Reuters
Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 10h41.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h22.
São Paulo - O F undo Monetário Internacional (FMI) elevou sua perspectiva de crescimento do Brasil em 2020, o que ajudou a conter a pressão negativa de México e Chile sobre a estimativa para a América Latina.
Na revisão de seu relatório Perspectiva Econômica Global, divulgada nesta segunda-feira, o FMI passou a ver um crescimento de 2,2% do Brasil neste ano, 0,2 ponto percentual a mais do que no relatório de outubro. Para 2019 também houve melhora da projeção, de 0,3 ponto, a 1,2%. O IBGE divulga os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre e do ano de 2019 em 4 de março.
De acordo com o FMI, a revisão para cima da estimativa para este ano deve-se "à melhora do sentimento após a aprovação da reforma da Previdência e à redução dos problemas de oferta no setor de mineração".
As perspectivas melhores para o Brasil compensaram revisões para baixo do crescimento do México em 2020 e 2021, entre outros motivos pela fraqueza contínua do investimento, além de uma forte redução para o Chile após manifestações sociais.
Agora, a estimativa de crescimento da América Latina é de 1,6% em 2020 e 2,3% em 2021, respectivamente cortes de 0,2 e 0,1 ponto percentual.
Para os mercados emergentes e em desenvolvimento, o FMI prevê expansão de 4,4% em 2020 e 4,6% em 2021, ante os 3,7% estimados para 2019. As contas para este ano e o próximo, entretanto, foram reduzidas em 0,2 ponto percentual cada em relação ao prognóstico de outubro.
Crescimento global
Já no cenário mundial, o fundo reduziu sua estimativa de crescimento global em 2020 devido a desacelerações mais fortes do que o esperado na Índia e em outros mercados emergentes, mas disse que o acordo comercial EUA-China é outro sinal de que o comércio e a atividade manufatureira podem já ter atingido seu pior momento.
O relatório Perspectivas Econômicas Globais, apresentado nesta segunda-feira pela economista-chefe da organização, Gita Gopinath, no Fórum Econômico Mundial em Davos, destaca alguns elementos positivos, como a sensação de que a atividade manufatureira e o comércio internacional tocaram o fundo do poço e só podem subir.
O FMI disse que o crescimento global alcançará 3,3% em 2020, contra 2,9% em 2019, que foi o ritmo mais fraco desde a crise financeira há uma década. As estimativas para ambos os anos foram reduzidas em 0,1 ponto percentual em relação às projeções feitas em outubro. O crescimento vai melhorar ligeiramente a 3,4% em 2021, mas essa estimativa também foi reduzida em 0,2 ponto percentual sobre outubro, disse o FMI.
O documento enfatiza a aplicação de políticas monetárias menos rígidas e as boas notícias provenientes do conflito comercial entre a China e os Estados Unidos, bem como a possibilidade de um duro Brexit, que estão se tornando cada vez mais escassas.
Esses sinais, ainda segundo o relatório, podem contribuir para um aumento dos gastos de famílias e empresas, embora, por outro lado, persistam tensões geopolíticas, particularmente entre os EUA e o Irã.
Na visão do FMI, o recente confronto entre os dois países pode piorar ainda mais as relações entre Washington e os seus parceiros comerciais, e alargar o que chamou de atrito económico entre outros países, levando a uma rápida deterioração do sentimento econômico.
Para os EUA, o fundo prevê um crescimento de 2% em 2020, em comparação com uma estimativa de 2,3% em 2019, e de 1,7% em 2021, devido à perspectiva do presidente Donald Trump dar sequência a uma política fiscal demasiado neutra.
Os números da China, apesar da desaceleração observada pelo FMI, estão longe dos de outros países: crescerá 6% em neste ano e 5,8% no ano que vem. Mesmo assim, continuará a sua tendência descendente, que já levou a uma expansão de 6,1% em 2019, a taxa mais baixa desde 1990.
No entanto, o FMI também prevê um maior grau de cooperação multilateral e entende que os Estados devem se proteger contra riscos, melhorando seu setor financeiro e sua política fiscal, sem esquecer a luta contra as emissões de gases do efeito estufa.
Os riscos para a economia global permanecem sob controle, e o fundo percebeu que a estabilidade do mercado persiste, fator que contribuiu para o declínio do conflito entre a China e os EUA.